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10 de outubro de 2025 20:31

Equilíbrio fiscal e atividade econômica robusta impulsionam PIB cearense

Equilíbrio fiscal e atividade econômica robusta impulsionam PIB cearense

Pesquisa Industrial Anual divulgada pelo IBGE revela que o Ceará vem ganhando protagonismo no Nordeste em termos de participação industrial na região
Foto: Reprodução/Internet

O Ceará vem colecionando números positivos em sua economia. Desta vez, segundo dados divulgados pelo IBGE e pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o Produto Interno Bruto (PIB) do estado registrou um crescimento de 4,18% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2024.

Além de ser um número relevante para o próprio estado, o Ceará obteve, mais uma vez, crescimento maior que a média nacional, que foi de 2,9% no primeiro trimestre de 2025. Essa situação não é inédita para a economia cearense, no ano passado o Ceará teve uma alta no PIB de 6,9%, significando quase o dobro do brasileiro, que foi de 3,6%, sendo o maior crescimento do estado desde 2010.

De acordo com o pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará, Érico Veras Marques, o número positivo do PIB cearense pode ser entendido a partir da combinação de quatro fatores essenciais.

O primeiro deles diz respeito à agropecuária, setor que registrou o maior crescimento no PIB do Ceará com uma expansão de 18,43%. Segundo o pesquisador, as chuvas intensas e regulares permitiram que os reservatórios dos estados crescessem, chegando a 51% de capacidade, o que possibilitou uma irrigação mais eficiente. O segundo aspecto está atrelado a uma indústria diversificada, principalmente na transformação e construção. Dados do Ipece apontam que esse segmento cresceu 2,78%, com um destaque para a Indústria de Transformação. Metalurgia, produtos têxteis e fabricação de produtos alimentícios registraram um crescimento de 6,80%. Com o fomento de investimentos públicos e privados, a construção também cresceu (+3,27%). Por fim, Érico aponta para um aquecimento dos serviços e a criação de empregos como outros dois motivadores do crescimento do PIB cearense.

Para além dos múltiplos motivos elencados pelo professor, o  coordenador de Contas Regionais do Ipece – Nicolino Trompieri Neto – em entrevista ao Investindo Por Aí, explica que o compromisso com o equilíbrio fiscal permite ao estado apresentar uma alta capacidade de investimentos. O mesmo afirma que o Ceará encerrou 2024 com o maior aporte público nominal de sua história, com montante de R$3,9 bilhões, e segundo o orçamento deste ano, os investimentos programados está na casa de 3,7 bilhões, sendo que no acumulado de janeiro a abril de 2025, o Governo do estado do Ceará já realizou um nível de investimento de R$ 830 milhões.

“Grande parte desses investimentos vem ocorrendo em grandes obras de infraestrutura, tanto em segurança hídrica, como o Projeto Malha d’Água e a duplicação do Eixão das Águas, assim como na área de transportes, como a Transnordestina e obras de requalificação e ampliação de rodovias estaduais. Estes investimentos realizados dinamizam a economia, estimulando, no curto prazo, a produção, o emprego e a geração de renda, ampliando o Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará”, conclui Nicolino.

Setores que mais se destacam

Como destacado por Érico, não é apenas um único fator que constrói os números positivos do PIB, há uma conjunção de fatores e setores em alta que ajudam a explicar o crescimento econômico como um todo.

De acordo com dados fornecidos pelo Ipece, a Agropecuária, com uma expansão de 18,43%, foi o setor que registrou o maior crescimento no PIB do Ceará no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo trimestre de 2024. Entre as culturas que mais se destacaram estão as safras de sequeiro, como Feijão (+42,65%) e Milho (+37,13%).

Já o setor de Serviços cresceu 3,41% explicado, principalmente, pelo bom desempenho das atividades de Serviços Prestados às Famílias e Associativos (+6,65%); Comércio e Serviços de Manutenção e Reparação de Veículos Automotores (+6,43%) e Transporte, Armazenagem e Correios (+5,92%).

Por fim, o setor da Indústria cresceu 2,87%, com destaques para os crescimentos das atividades da Indústria de Transformação: Fabricação de Produtos Químicos (+50,50%), Metalurgia (+28,10%), Produtos Têxteis (+19,20%) e Fabricação de Produtos Alimentícios (+6,80%). A atividade de Construção também apresentou números positivos (+3,27%), sustentada pela continuidade de obras a partir dos investimentos públicos e privados.

Avanço da Indústria

Além do importante avanço no PIB, a Pesquisa Industrial Anual divulgada pelo IBGE revela que o Ceará vem ganhando protagonismo no Nordeste em termos de participação industrial na região.

A Pesquisa Industrial Anual é um levantamento feito pelo IBGE que investiga informações sobre as características estruturais básicas do segmento industrial no País, tendo como elementos básicos para o estudo o número de empresas, a receita, bem como a receita líquida de vendas e o valor bruto da produção industrial, entre outros itens.

Segundo o levantamento, setores de coque (produto da destilação do carvão mineral, usado na indústria siderúrgica) e derivados de petróleo, de fabricação de alimentos e metalurgia foram os principais responsáveis pelo crescimento da receita líquida de vendas da indústria cearense.

A pesquisa, que considera o ano de 2023, quando o Ceará tinha 5.767 indústrias ativas, revela que a receita líquida de vendas total do estado foi de cerca de R$95,7 milhões. Isso faz com que o estado tenha crescido sua participação no Valor de Transformação Industrial, passando de 14,4% em 2014 para 17,1% em 2023, sendo a terceira maior participação no Nordeste, atrás apenas de Pernambuco (22,7%) e Bahia (33,4%). O índice considera o valor bruto da produção industrial, não levando em conta os custos das operações industriais.

Ao Investindo, Érico faz uma análise dos impactos desses números para a economia cearense. “O significado do crescimento pode ser analisado em várias perspectivas. A primeira delas é ter uma maior autonomia econômica do estado, tendo um fortalecimento de uma base produtiva própria, que vai sustentar a geração de empregos, um crescimento mais estável. Outra questão é uma maior influência na economia regional, no momento que o estado ganha espaço na economia industrial do Nordeste, ele se torna um pólo de atração de investimentos. E isso também permite uma maior capacidade, na dimensão política, porque o Ceará passa a ganhar um maior peso nas discussões regionais e nacionais, podendo influenciar em políticas de infraestrutura.”

Perspectivas futuras

Com os atuais números divulgados pelo PIB, fica o questionamento se a economia cearense tem fôlego para manter as sequências de altas dos últimos trimestres, especialmente em meio ao tarifaço às exportações brasileiras para os EUA.

Para Érico, os números referentes ao PIB podem trazer efeitos relevantes a curto e médio prazos. Segundo ele, o crescimento do Produto Interno Bruto pode aumentar a confiança do setor empresarial, estimulando a expansão da produção, a contratação de pessoal e o crescimento da capacidade instalada.

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