Carol, Melina, Poliana, Lydia, Maria, Kátia, Adriana, Samya, Renata, Roseane, Aline, Arabella, Bárbara, Paula, Alice, Caroline…Esses são os nomes das mulheres que hoje fazem parte do único primeiro escalão de governo com maioria mulheres na história do Brasil. Mas no mês de março, mundialmente conhecido como de luta pelas conquistas das mulheres e por equidade de gênero, o que temos visto por parte da dita “intelectualidade alagoana” são questionamentos, críticas, diminuição da nossa capacidade numa tentativa de nos invisibilizar!
Na contramão do mundo em que se discute a busca por equidade de gênero, na terra de Nise da Silveira, alguns teimam em reduzir o nosso papel a “filhas”, “esposas”, “indicadas”, “apadrinhadas”, entre outros adjetivos que não se vê quando se trata dos filhos, sobrinhos, indicados.
Na semana em que se sai matéria em jornal de grande circulação nacional sobre a reduzida ocupação de mulheres no primeiro escalão na administração pública, o que chama atenção aqui de forma jocosa não é o fato de termos ainda mais mulheres no primeiro escalão, mas sim o questionamento sobre se essas mulheres são conhecidas (ou não), quem é o pai de quem, quem indica quem.
Selecionei algumas pérolas: “assim como o padrinho, também vem sofrendo reveses”, “ter mulheres na equipe significa, na prática, ter mais mulheres empoderadas no governo?”, e por fim, “ascensão meteórica no governo do pai não parece ser motivada por fatos objetivos”.
Me pergunto ao ler tais matérias se realmente esse é o pensamento dos homens que as escrevem. Se, minimamente, esses homens se preocuparam em pelo menos dar uma olhada nos currículos dessas mulheres e procuraram saber o resultado de seus trabalhos. Será que conhecem mulheres realmente fortes?
Talvez, o que não está claro para esses homens é que as mulheres não atuam da forma que eles estão acostumados. Como fomos criadas para o ambiente privado e não para o ambiente público, nossa forma de trabalhar muitas vezes busca mais a entrega à população do que os flashes para imprensa. Apesar de muitas de nós sermos destaque fora de Alagoas, aqui os espaços dedicados a nós se limitam à uma tentativa de invisibilizar nosso trabalho, sempre nos atrelando a um homem como tutor.
Mas, apesar do ataques dos últimos dias, lamento informar e, parafraseando Zagallo, vocês vão ter que nos engolir! Demorou, mas chegamos a um lugar que sempre foi nosso! Não porque somos filhas, esposas, indicadas ou apadrinhadas, mas porque trabalhamos, damos resultado e cumprimos com o que é exigido para o cargo que ocupamos.
E caso ainda não tenham entendido, vamos continuar onde estamos e cada vez mais abrindo as portas para outras mulheres. Sugiro a vocês que comecem a nos ver pelo que somos, pelo que entregamos (ou não entregamos), pelo comprometimento que temos. É papel da imprensa ser uma vigilante implacável dos acontecimentos e, por esse mesmo motivo, devem reconhecer a evolução dos tempos e compartilhar esse entendimento com a sociedade. Validar o nosso trabalho sem o julgamento do gênero demonstra maturidade e consonância com o que está acontecendo no mundo. Talvez, algumas de nós não sejam tão “conhecidas” justamente pela falta de espaço que poderíamos estar ocupando há bastante tempo.
E por fim, peço que façam uma reflexão: se fossem homens os personagens das frases citadas acima, o noticiário dessa semana seria o mesmo?