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10 de outubro de 2025 13:56

Etanol, biodiesel e a demanda internacional: a aposta brasileira nos biocombustíveis

Etanol, biodiesel e a demanda internacional: a aposta brasileira nos biocombustíveis

País é um produtor potencial para todo o mundo, mas antes precisa modernizar infraestrutura
Foto: Pexels

O Brasil tem enormes vantagens no esforço global de descarbonizar a economia quando comparado a outros países. Água abundante, minérios suficientes e matriz elétrica limpa.

O problema é que essas vantagens comparativas não se converterão em competitividade sem que o país tenha um regramento tributário mais simples e renove sua infraestrutura, construindo novas linhas de transmissão e modernizando portos. Isso feito, há grandes oportunidades no desenvolvimento de biocombustíveis, como etanol, e de hidrogênio verde.

Segundo Rubens Filho, gerente executivo de Meio Ambiente do Pacto Global – Rede Brasil, o país tem muito a ensinar ao mundo quando o assunto é transição energética e produção de biocombustíveis.

Com quase quatro décadas de experiência no uso do etanol, o Brasil está na vanguarda do biometano, hidrogênio verde e outras alternativas sustentáveis; soluções que passam diretamente pela força do setor agropecuário.

“Enquanto outros países discutem a eletrificação, o agro brasileiro já aponta caminhos viáveis para o futuro da energia e da sustentabilidade”, afirma Rubens Filho.

Esse otimismo está assentado em dados. A produção de biocombustíveis no Brasil atingiu marco histórico em 2023, refletindo o crescimento robusto no setor e a diversificação das fontes de energia renováveis no país. Juntos, etanol e biodiesel somaram quase 43 bilhões de litros produzidos, alcançando recorde histórico.

Os dados estão no Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2024, divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Entre os destaques do estudo, está o etanol que registrou alta de 15,5%, totalizando 35,4 bilhões de litros produzidos. A produção de etanol anidro, que é misturado à gasolina nos postos, aumentou 13,5% em relação ao ano passado, enquanto a de etanol hidratado, vendido separadamente na bomba, cresceu 16,8% no mesmo período.

A região Sudeste liderou a produção nacional de etanol, com um volume de 17,2 bilhões de litros, respondendo por 48,5% da produção brasileira. Outros aumentos significativos foram observados nas regiões Nordeste, Sul, e Centro-Oeste.

“O Brasil tem vantagens comparativas que nenhum outro país do mundo tem”, disse em seminário do setor Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, se referindo ao custo baixo e à alta participação da energia renovável na matriz energética brasileira, bem como às reservas nacionais de lítio, cobre, níquel e ferro.

Por tudo isso, os custos de transição energética no Brasil são mais baixos do que em países sem tanta abundância de recursos e com uma matriz energética mais suja, defendeu Costa.

O mundo descarbonizado vai demandar uma grande quantidade de minerais críticos [níquel, cobre, grafita e outros] e minério de ferro de alto teor.

A demanda global por minerais para aplicação em energia limpa dobrará até 2040, segundo estimativa da Agência Internacional de Energia, entidade ligada à OCDE.

Isso porque a produção de um carro elétrico consome em média seis vezes mais minerais do que um carro à combustão tradicional, e um parque eólico terrestre consome nove vezes mais minerais do que uma usina a gás. São desafios para um país que investe fortemente em bicombustíveis de segunda geração.

Segunda geração

Os biocombustíveis de segunda geração são aqueles produzidos a partir de resíduos agrícolas e outros materiais não comestíveis. Um exemplo é o etanol 2G, objeto de empréstimo recente de R$ 1 bilhão do BNDES para a empresa brasileira de energia Raízen.

Projeto de biocombustíveis a partir da macaúba vai transformar pastagens degradadas em florestas e vai produzir SAF e diesel renovável | Foto: Divulgação/ Acelen Renováveis

A vantagem desses combustíveis é que não competem com a produção agrícola de fins alimentícios. A Lei do Combustível do Futuro, sancionada pelo presidente Lula no ano passado, já prevê maior participação do etanol e do biometano nas misturas na gasolina e no gás natural, respectivamente.

O hidrogênio verde, um combustível gasoso gerado por meio da separação da água em oxigênio e hidrogênio induzida por eletricidade (de fonte limpa), também ganhou o palco no país nos últimos anos.

Mais energia limpa, mais Inteligência Artificial

Um dos desejos tanto do governo brasileiro quanto do mercado de tecnologia é que o Brasil se torne um polo tecnológico de Inteligência Artificial a partir da construção de cada vez mais Data Centers. Um desejo que encontra tanto facilidades quanto desafios em solo brasileiro.

Um data center pequeno pode consumir cerca de 1 a 5 MW, enquanto um data center de hiperescala pode consumir de 20 MW a mais de 100 MW. As legislações mais modernas exigem que se utilize energia limpa nas instalações.

O Brasil, com sua matriz energética predominantemente renovável, tem se mostrado um local atrativo para a instalação desses centros de dados, que buscam fontes de energia limpa para alimentar suas operações.

Em entrevista ao podcast Mano a Mano, do músico Mano Brown, o presidente Lula afirmou que é preciso usar os combustíveis fósseis de hoje para financiar a transição energética esperada, e com isso modernizar não só a forma de produzir energia, mas o país como um todo.

“Quando as pessoas falam em data centers, em Inteligência Artificial, isso gasta muita energia. Um data center gasta mais energia do que uma indústria de alumínio. A gente tem muito trabalho pra fazer pra atingir essa modernidade que a gente quer chegar. E o Brasil é o único país do mundo que pode fazer isso preservando a sua floresta”, disse Lula na entrevista.

 

Esse texto integra a série especial de reportagens do Investindo Por Aí sobre a COP30

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