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10 de outubro de 2024 13:37

EXCLUSIVO: Expansão do mercado pet mira o Nordeste

EXCLUSIVO: Expansão do mercado pet mira o Nordeste

Chegada do Grupo Jereissati na Petland e planos de aberturas de mega lojas movimentam o setor na região

Foto: Freepik

Por Ana Clara Rangel

Especial para o Investindo por Aí

O mercado pet no Brasil tem experimentado saltos significativos desde o avanço da pandemia de Covid-19, o que leva investidores nordestinos a apostar no setor e a planejar abertura de grandes lojas para fortalecer marcas e consolidar o varejo ainda muito pulverizado no segmento.

Há quem diga que o grande impulso recente para o setor ocorreu na fase de isolamento social, quando as pessoas resolveram abrir espaço para os animais de estimação, suprindo a ausência de amigos e parentes em casa. Dos 4.701 tutores ouvidos no País para a recém-lançada edição 2022 do estudo Petcare, realizado pela CVA Solutions, 76% consideram os animais como integrantes da família – e alguns assumem que seus pets são como filhos.

A dedicação aos bichos domesticados levou ao aumento nas compras de itens de nutrição, bem-estar e higiene animal. Os cuidados envolvem ainda planos de saúde, itens de cama, mesa e banho, além de brinquedos e acessórios para transporte. Roupas e coleiras especiais vão, aos poucos, tornando-se grifes no mundo animal, como a brasileira Zee.Dog, adquirida no ano passado pela Petz por R$ 715 milhões.

O reflexo desse movimento já foi registrado em 2020, quando o setor alcançou faturamento total de R$ 40,8 bilhões, segundo o Instituto Pet Brasil (IPB) – representando uma alta de 15,25% sobre 2019. Até então, o índice de aumento anual nas receitas estava limitado entre 3% e 4,6%.

O ritmo de crescimento se acelerou ainda mais em 2021, quando as vendas nacionais bateram a marca de R$ 51,7 bilhões, o que configurou uma alta de 27%, puxada especialmente pelo segmento de pet food, que assumiu sozinho um faturamento de R$ 28 bilhões. O Brasil segue em terceiro lugar no ranking mundial de maiores mercados para produtos e serviços pet, atrás apenas dos Estados Unidos e China.

Tantos números positivos passaram então a reger uma grande movimentação entre os varejistas de produtos para animais, em um processo de expansão de lojas. A preferência de donos de cães e gatos pelas chamadas mega petshops, que era de 12% em 2014, saltou para 20,7% em 2022, segundo a pesquisa Petcare.

Nas grandes ou pequenas lojas, os donos de cães assumiram em 2021 um gasto médio mensal de R$ 522 (36% a mais que em 2020), enquanto os tutores de gatos assumiram despesas mensais de R$ 426, em média (43,5% a mais que em 2020).

Atuação nordestina

O potencial do mercado brasileiro mobilizou os planos da norte-americana Petland&CO, fundada no Estado de Ohio, em 1967. As operações no Brasil tiveram início em maio de 2014, com apenas duas lojas próprias na cidade de São Paulo. Hoje a empresa se intitula a “maior holding de Pet e Vet do País”, com 152 lojas da marca Petland Brasil, 213 unidades “afiliadas” e 58 clínicas veterinárias da franquia Dra. Mei. A meta é atingir 1.600 pontos de venda até o ano de 2026. Esse número pode indicar uma consolidação quase absoluta do mercado, que se caracteriza hoje por uma enorme pulverização.

De acordo com Rodrigo Albuquerque, CEO da Petland, a expansão da marca a partir de 2022 está sendo impulsionada com o capital obtido pela venda de 20% da marca no Brasil para o Grupo Jereissati, do Ceará. A empresa focará na conversão das chamadas “lojas filiadas”, que são petshops pulverizados (geralmente, lojas de bairro) e congregados ao longo na pandemia em uma plataforma pela qual a Petland oferece mentoria para os proprietários e cursos para a profissionalização da gestão. De quebra, essas lojas tornam-se pontos de venda para produtos com a marca Petland e utilizam as maquininhas de cartão do sistema Petland Pay.

O que começou como um projeto para “ajudar” os proprietários das pequenas lojas a sobreviver à pandemia tornou-se agora o grande alvo da Petland, que busca convertê-las em franquias. “Nossa meta é colocar em operação mais 100 lojas (entre novas unidades ou convertidas) das franquias de pet shop e clínicas veterinárias das marcas Petland e Dra. Mei”, afirma Albuquerque, referindo-se especificamente às previsões da empresa para 2022.

De acordo com o Instituto Pet Brasil, as pequenas petshops, com até 19 funcionários, respondem hoje por quase metade (48,4%) das vendas nacionais, seguidas pelas clínicas e hospitais (17,9%) – os dois segmentos que estão na mira da Petland.

Com a aquisição de 20% da marca (com possível ampliação para 25% até o fim do ano), a família Jereissati, dona dos shopping centers Iguatemi, inaugura sua posição no mercado pet. Embora as metas iniciais da Petland sejam a expansão inicialmente para cidades do interior de estados na região Sudeste, a entrada do Grupo Jereissati – por meio de seu braço de investimentos, a Cadonau – revela que o Nordeste desperta a atenção dos grandes conglomerados varejistas do setor.

Para abastecer um mercado em expansão, a própria Petland concentra seu centro de distribuição no Maranhão para alcançar seis dos nove estados nordestinos, que já representam 15% nas vendas da companhia no Brasil. Em 2022, estão previstas mais sete novas lojas no Nordeste, todas em rua. Serão mais três no Maranhão, três em Teresina, três em Fortaleza, três em João Pessoa, duas em Aracaju e uma em Salvador. Atualmente, todas as novas unidades são de rua, mas há interesse da companhia em expandir as lojas para shopping centers.

A Petz, fundada em 2002 por Sergio Zimerman em São Paulo, inaugurou no fim de 2021 sua primeira loja em Alagoas, no Parque Shopping de Maceió. A rede brasileira, que nasceu com a marca Pet Center Marginal, já está entre as maiores competidoras do setor no Brasil, com 168 pontos de venda em 19 estados do País (com presença em todas as regiões). Do total das lojas, 15 foram inauguradas último trimestre de 2021, totalizando 37 novas unidades no ano passado.

O grupo Petz também fora sua expansão no setor de saúde pet, por meio dos Centros Veterinários Seres. São 132 unidades em todo o país (sendo 14 hospitais), quatro delas inauguradas em 2021, incluindo um hospital em Fortaleza.

De acordo com Rodrigo Cruz, diretor de operações e expansão do grupo, o trabalho de abertura é cuidadosamente pensado, objetivando manter o padrão de identidade das lojas. Só em Maceió, a Petz possui uma área que comporta mais de 12 mil itens à venda, dentre produtos nacionais, importados e com marca própria, além de itens de farmácia e serviços, como banho e tosa.

Em 2021 a empresa conseguiu cumprir com seu plano de abertura de expansão. O faturamento total chegou a R$ 2,5 bilhões – um crescimento de 44,8% na comparação com 2020 -, puxado expressivamente pelas vendas digitais, que aumentaram em quase 90%, passando a representar um terço da receita global.

Com as novas lojas, 42% das unidades da Petz já estão localizadas fora do estado de São Paulo. O Nordeste responde por 4 hospitais Seres e 14 mega petshops. Para 2022, as projeções seguem com a meta para inauguração de mais de 50 unidades em todo o País e tanto Alagoas como a região do Nordeste seguem no radar da Petz. “Seguimos focados no processo de diversificação geográfica da rede, e Alagoas é um estado muito promissor”, afirma Cruz, que aposta no peso da marca e para desbravar mercados que não são necessariamente atendidos com o formato de loja das mega petshops. A abrangência geográfica na distribuição das lojas faz parte da estratégia da Petz para a liderança nesse mercado.

Múltiplos canais

Um dos vetores de expansão da Petz é a criação de um ecossistema pet, o que inclui a atuação das megastores também no âmbito digital. Para Rodrigo Cruz, isso é reflexo da integração e escalabilidade de uma plataforma omnichannel, permitindo que as lojas operem como minicentros de distribuição. “Trabalhamos para ampliar o share nas vendas digitais, mas sem abrir mão da rentabilidade e excelência em serviços. Exemplo disso foi o faturamento do canal digital registrado no terceiro trimestre de 2021, que totalizou cerca de R$ 200 milhões – 31% da receita bruta total e representando um crescimento de quase 75% [na comparação com o mesmo período de 2020]”, completou o diretor.

Rodrigo Albuquerque, da Petland, afirma que em 2021 o faturamento chegou a R$ 311 milhões, e para o ano de 2022 há uma estimativa de R$ 450 milhões de receitas. Os investimentos em abertura de novas lojas podem variar de R$ 200 mil (para pequenas unidades) a R$ 2 milhões (para os modelos médios a grandes).

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