A fruticultura vem ganhando protagonismo na transformação econômica de Alagoas. Apoiada por linhas de financiamento específicas do Banco do Nordeste (BNB), com destaque para os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), a cadeia produtiva das frutas tem se consolidado como alternativa sustentável para o desenvolvimento rural, principalmente nas regiões tradicionalmente voltadas à monocultura da cana-de-açúcar.
Somente no primeiro semestre de 2025, o crédito destinado ao setor no estado cresceu 16,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, somando R$ 15,5 milhões em operações contratadas; quase integralmente financiadas com recursos do FNE. A maior parte desse valor foi aplicada na bananicultura, que lidera a demanda por crédito, especialmente nos municípios de União dos Palmares e Santana do Mundaú, situados em áreas de forte presença quilombola.
“O Banco do Nordeste tem desempenhado um papel estratégico no fortalecimento da fruticultura em Alagoas, com foco especial no apoio aos pequenos e médios produtores. Nosso objetivo é promover inclusão, sustentabilidade e competitividade no campo”, afirmou Adriano Alves do Nascimento, gerente executivo estadual do Banco do Nordeste, em entrevista ao Investindo por Aí.
Expansão com diversidade
O avanço da fruticultura no estado não se resume à banana. Laranja, maracujá e abacaxi também têm apresentado alta demanda por crédito, refletindo um processo de diversificação que amplia oportunidades de negócios, geração de renda e valor agregado para micro e pequenas agroindústrias instaladas no interior.
Segundo Nascimento, o banco tem observado uma expansão contínua do setor. Em 2024, os financiamentos à fruticultura aumentaram 22,5% em comparação com 2023. Parte desse crescimento vem sendo estimulado por ações do Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), que alia crédito, capacitação, assistência técnica e incentivo ao associativismo.
“Com a adoção de tecnologias sustentáveis e modernas práticas agrícolas, os produtores vêm aumentando a produtividade e a competitividade de suas culturas, abrindo espaço para novos mercados e parcerias”, explicou o gerente.
Além do crédito tradicional, o BNB oferece linhas específicas voltadas à inovação, irrigação e exportação. O FNE Irrigação, por exemplo, apoia a implantação de sistemas modernos de uso eficiente da água e da energia. Já o FNE Inovação financia projetos ligados à agricultura de precisão, energias renováveis e digitalização no campo. Empresas agroindustriais voltadas à exportação também encontram condições diferenciadas de crédito.
Essas linhas têm sido fundamentais para impulsionar empreendimentos como a agroindústria Coco Chique, instalada no interior de Alagoas. A empresa atua no beneficiamento e comercialização de produtos derivados do coco, como água, óleo e polpa, alcançando mercados fora da região Nordeste e gerando emprego e renda local. O caso é apontado pelo banco como exemplo do potencial transformador da fruticultura aliada à industrialização da produção agrícola.
Foto: Pei Fon/ Agencia Alagoas
Apoio do governo estadual
O avanço da fruticultura também tem recebido atenção por parte do Governo de Alagoas, por meio do programa Planta Alagoas, coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri). Uma das etapas do programa é o Frutifica Alagoas, que busca fortalecer e ampliar a cadeia produtiva com ações estruturantes.
“Essa etapa do programa, com a distribuição de mudas de banana prata, banana da terra, maracujá, goiaba, entre outras, promove a diversificação das culturas e fortalece a rota da fruticultura no nosso estado”, afirmou a secretária de Agricultura, Aline Rodrigues, em entrevista ao Investindo Por Aí.
Para apoiar o escoamento da produção e a logística de distribuição, o governo instalou estufas agrícolas em municípios estratégicos como Rio Largo, Satuba, Murici e Maragogi. Essas estruturas também servirão como centros de capacitação técnica e polos de pesquisa agrícola, em parceria com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
De Alagoas para o mundo
O Governo de Alagoas ainda articula a inserção da produção local em mercados internacionais. Por meio da Câmara Temática da Agricultura Familiar do Consórcio Nordeste, o estado participará de uma missão comercial na Europa, entre o fim de setembro e o início de outubro.
“Vamos integrar uma missão em Portugal e levar produtos das cooperativas para uma feira na Alemanha. Essa é uma oportunidade de ampliar nossa presença no mercado europeu”, anunciou a secretária Aline Rodrigues.
Enquanto isso, no próprio estado, as parcerias entre a Seagri, a Secretaria de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics) e a Unicafes Alagoas estão promovendo o Circuito Regional de Feiras da Agricultura Familiar e Economia Solidária, ampliando os canais de comercialização para pequenos agricultores em todas as regiões de Alagoas.