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10 de outubro de 2025 14:31

Interesse chinês por cobre coloca mineradora alagoana na rota de investimentos do gigante asiático

Interesse chinês por cobre coloca mineradora alagoana na rota de investimentos do gigante asiático

Possível compra da Mineração Vale Verde por grupo chinês está ligado, segundo especialistas, a um projeto de longo prazo, e solidifica interesse e relação da China com a região por metais básicos e energias renováveis
Projeto Serrote Mineração Vale Verde| Foto: Divulgação

Celular made in china, roupa made in china, automóveis made in china. Não é novidade para ninguém que o gigante asiático é considerado hoje em dia a “fábrica do mundo”. Mas para tanta produção, é preciso matéria prima agrícola, terra e minério. E são justamente os minerais que ajudam a entender a aposta chinesa em investimentos robustos no Nordeste. 

Neste início de ano, o grupo chinês Baiyin Nonferrous, maior fornecedor de cobre do país, deu mais alguns passos para comprar a Mineração Vale Verde, localizada no Povoado Serrote da Laje, zona rural do município de Craíbas, a 154 km de Maceió, capital alagoana. 

A compra deve representar uma das maiores transações comerciais de Alagoas, e deve girar em torno de US$ 500 milhões (mais de R$ 2,8 bilhões), segundo apuração do jornal O Estado de São Paulo. A Vale Verde pertence hoje ao grupo britânico Appian Capital. 

Procurada pelo Investindo Por Aí, a empresa não comentou a provável venda, mas confirmou os dados que colocam a mineradora entre as principais produtoras de cobre do país. De 2020, quando a empresa foi fundada, para cá, a Vale Verde já exportou  300 mil toneladas secas de concentrado de cobre enviadas pelos mares via Porto de Maceió.

Toda essa demanda e interesse por cobre, explica o especialista em economia chinesa, Diego Pautasso, estão ligados à economia verde e energias renováveis, um filão de mercado rentável para quem está dos dois lados do balcão. 

“A primeira onda de grandes investimentos chineses no Brasil foi em setores como os parques eólicos, mineração, linhas de transmissão e reservas de urânio. Hoje, vemos um crescimento de investimento em bens duráveis, como eletrodomésticos e automóveis, mas a mineração nunca deixou e não vai deixar de ter uma enorme demanda chinesa. Nessa linha, das energias renováveis, o Nordeste ficou em vantagem em relação ao restante do país no interesse chinês”, explica o economista, que é autor do livro ‘China e a Nova Rota da Seda’. 

O cobre é usado em sistemas de transporte elétricos, equipamentos de geração de eletricidade de fontes renováveis, desenvolvimento de aparelhos mais eficientes energeticamente, com a redução significativa do uso de combustíveis fósseis. 

Estratégia de longo prazo

Principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, a China vê, segundo Luiz Fernando Visconti, especialista no Setor Mineral e sócio fundador do escritório Visconti Law, o país como “um pivô da América do Sul”, continente não só rico em reservas mineiras, mas dono das reservas de maior qualidade. 

Foto: Divulgação

“O projeto de economia chinesa é sempre de longuíssimo prazo. Essa é uma característica chinesa. Isso significa, em outras palavras, eles não dão ponto sem nó. Em geral, fazem negócios agora pensando em como garantir reservas lá na frente e se manter produtiva e liderando a competitividade mundial”, afirma Law. 

Na mesma linha, o especialista conta que a relação China-Nordeste foi estrategicamente estreitada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja política externa deixava o gigante asiático de lado. “Os governadores nordestinos, por meio do Consórcio do Nordeste, foram muito felizes em atrair investimentos chineses sem que isso passasse necessariamente pelo governo federal, o que garantiu uma carteira de investimentos duradoura na região, e que estamos vendo crescer com o novo negócio envolvendo a Mineração Vale Verde”, afirma. 

Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDCI) e do Observatório da Indústria, Alagoas foi o 7º estado do Nordeste com mais exportações em 2024, com percentual de 3,63% da demanda de toda a região.

A China foi o segundo país que mais recebeu produtos alagoanos, sobretudo o cobre, com 16,1% das destinações em 2024, e o primeiro em todo o Brasil, com 28%.

A Vale Verde é a primeira mineradora do estado e o maior investimento privado dos últimos dez anos, incentivada pelo Governo de Alagoas por meio do Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas (Prodesin).

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