Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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10 de outubro de 2025 12:53

Mercado de gelaterias atravessa expansão inédita no Nordeste

Mercado de gelaterias atravessa expansão inédita no Nordeste

Região ainda se destaca por ser fornecedora de frutas e especialidades em caldas, topping, castanhas se sabores únicos
Foto: Reprodução/Internet

O mercado de gelaterias artesanais e premium tem crescido de forma acelerada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A pergunta que se impõe é: essa tendência também chegou na mesma intensidade no Nordeste? Segundo Kerley Torres, diretora da Associação Brasileira do Sorvete e outros gelatos comestíveis (Abrasorvete), o Nordeste não fica atrás das inovações realizadas em outras regiões do país, com a especialidade ainda de ser fornecedor de frutas e especialidades em caldas, toppings, castanhas e sabores únicos.

Nos últimos anos, a expansão de gelaterias no nordeste tem sido vista com otimismo. De acordo com um levantamento feito pela Associação em maio deste ano, o setor de sorvetes no Brasil, como um todo, registrou um crescimento de 8,5% na alta temporada, superando a projeção inicial de 5% e marcando um avanço significativo em relação à alta temporada do ano anterior. “O Nordeste acompanha essa tendência nacional, onde o sorvete é cada vez mais visto como um alimento completo e uma experiência gastronômica. A região também reflete a tendência global de produtos “mastigáveis” no setor, que oferecem uma textura diferenciada e agregam valor”, afirma Kerley.

Ainda de acordo com a Abrasorvete, o setor todo tem tido um crescimento sustentável e continuado, o que se reflete na projeção do aumento de 50% do consumo de litros de sorvete per capita até 2033. Reunindo o que há de mais tecnológico e sofisticado aos sabores locais do Nordeste, o mercado aponta tendências significativas no setor. Na Fispal Sorvetes 2025, por exemplo, novidades envolvendo frutos típicos e misturas inigualáveis com apelo para datas festivas, como festa junina, contribuíram para o fortalecimento da gastronomia regional e valorização da cultura local. “Acreditamos que elevar a gastronomia local a esse patamar de experimentação leva a um orgulho sobre nossa identidade e fomenta o surgimento de novos talentos locais, que se sentirão impelidos a inovar ainda mais”, diz a diretora da Associação.

O poder do ingrediente local

Um diferencial cada vez mais explorado pelas gelaterias artesanais é o uso de ingredientes regionais, e o Nordeste oferece uma riqueza incomparável: manga, caju, umbu, graviola, cupuaçu, entre outros. Essa valorização da identidade local não só reforça o sabor, como conecta o produto à cultura regional e valoriza a gastronomia nordestina. “Ingredientes que só temos regionalmente – e com acesso direto e mais barato do que para estrangeiros e pessoas de outras regiões – é uma forte vantagem competitiva. Esses insumos criam marcas identitárias, que devem ser celebradas e valorizadas para tornarem-se únicas no setor”, completa Kerley.

As gelaterias com produção local e artesanal, por natureza, são mais receptivas à economia criativa e à valorização da cultura regional. Kerley, da Abrasorvete, explica que essa conexão se expressa de diversas maneiras no setor, indo além do simples sabor, mas também na priorização da produção artesanal, com ingredientes frescos e de alta qualidade, frequentemente de pequenos produtores locais. “Isso não só garante um produto superior, mas também impulsiona a economia da região e valoriza a agricultura familiar. Além disso, a riqueza da cultura local se traduz em sabores únicos. Pense em sorvetes de frutas típicas, como  caju, jabuticaba, cajá, cupuaçu, coco, ou até mesmo combinações inusitadas inspiradas em doces e iguarias regionais como pamonha, tapioca e castanha. Essa abordagem não apenas celebra a identidade cultural, mas também incentiva a experimentação e a inovação. Também ao oferecer produtos autênticos e conectados à cultura local, essas gelaterias se tornam pontos de interesse para o turismo gastronômico, atraindo visitantes que buscam experiências genuínas e valorizam a produção artesanal.”

Edgard Filipe Segantini, Diretor Executivo da Sorvetes Frosty, diz que trabalhar com ingredientes locais é uma maneira de levar insumos tradicionais para os mais variados públicos. “Quando criamos novos sabores, consideramos o potencial afetivo e cultural de cada ingrediente. É uma forma de contar histórias por meio dos nossos produtos e valorizar as nossas raízes, que são nordestinas”. A Frosty é uma indústria cearense especializada na produção de gelados comestíveis em larga escala, que marca forte presença no Norte e Nordeste do país.

O portfólio da Frosty inclui alguns sabores nordestinos, como tapioca, pamonha e paçoca. “São produtos que remetem à memória afetiva e reforçam a regionalidade da marca. Estamos sempre atentos à possibilidade de incorporar novos ingredientes típicos”, afirma Edgard.

Práticas sustentáveis na produção de gelatos

No âmbito da sustentabilidade, o Nordeste vem adotando práticas para promover uma produção mais consciente. Como forma de continuar avançando na agenda sustentável, a Abrasorvete promove ações em parceria com o SENAI de capacitação de novos profissionais, com um olhar para as melhores práticas de sustentabilidade.

No dia a dia da Frosty, a sustentabilidade é uma pauta que se faz presente. Os palitos dos picolés, por exemplo, são constituídos de madeira proveniente de reflorestamento. A embalagem, por sua vez, é pensada para o reaproveitamento. Todo material reciclável gerado nas unidades industriais é vendido a parceiros especializados, e o valor arrecadado com essa venda é integralmente revertido para projetos e iniciativas que visam promover o bem-estar dos colaboradores. Segundo o diretor executivo da empresa, a Frosty tem se empenhado para adotar políticas e práticas sustentáveis que visam reduzir o consumo de papel e plástico.

“Estamos sempre atentos a soluções que contribuam para tornar nossa operação mais sustentável, reduzindo desperdícios e aumentando a circularidade na cadeia de produção. Seguimos avançando em diversas frentes, como o reaproveitamento de água, a otimização de processos e a escolha de matérias-primas mais eficientes, sempre com o compromisso de evoluir com responsabilidade e consistência.”

O futuro do mercado de gelaterias no Nordeste

 “O Nordeste tem todos os ingredientes para se tornar referência nesse segmento: clima favorável, diversidade de frutas típicas, uma cultura gastronômica forte e um consumidor cada vez mais exigente”, salienta Edgard Segantini.

O Nordeste está não apenas seguindo, mas também liderando em alguns aspectos o crescimento do mercado de gelaterias artesanais e premium no Brasil. Com riqueza de ingredientes regionais, o mercado se mostra promissor.

A profissionalização do setor por meio de práticas sustentáveis, inovação de sabores, marketing ligado à cultura regional e investimento em infraestrutura será crucial para manter o ritmo. Se o mercado do Sul e Sudeste cresceu apostando no artesanato gelado, no Nordeste o diferencial está no sabor da terra, na economia local e na identidade que cada colher representa.

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