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10 de outubro de 2025 14:37

Novas iniciativas mobilizam R$ 15 milhões para combater desertificação na Caatinga

Novas iniciativas mobilizam R$ 15 milhões para combater desertificação na Caatinga

As ações representam um investimento significativo tanto em recursos financeiros quanto em políticas públicas para proteger um dos ecossistemas mais ameaçados do país
Aldemir Freire (BNB), Edmilson Miranda (UFPI), Alexandre Pires (MMA) e João Xavier da Cruz Neto, representante do Governo do Estado celebram lançamento do edital | Foto: Alinne Rocha

O bioma Caatinga, único exclusivamente brasileiro, ganha força com duas importantes iniciativas que buscam combater a desertificação e promover a recuperação sustentável de suas áreas degradadas. As ações representam um investimento significativo tanto em recursos financeiros quanto em políticas públicas para proteger um dos ecossistemas mais ameaçados do país.

O Banco do Nordeste (BNB) lançou na sexta-feira (4) o primeiro edital de seu Fundo Sustentabilidade, disponibilizando R$ 15 milhões em recursos não reembolsáveis. A iniciativa foi apresentada no cineteatro da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, com foco na recuperação, preservação e uso sustentável da Caatinga.

Entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos com sede ou filiais nos estados do Nordeste, além de parte de Minas Gerais e Espírito Santo, podem concorrer à chamada pública. Os projetos aprovados receberão entre R$ 1 milhão e R$ 2,5 milhões, com prazo de execução de 24 a 36 meses. As inscrições seguem até 28 de agosto.

“É preciso que a gente entenda a relevância do semiárido e da caatinga, de suas vulnerabilidades, mas também suas potencialidades, como geração de energias renováveis, principalmente solar e eólica”, destacou José Aldemir Freire, diretor de Planejamento do BNB.

Cenário crítico demanda ação urgente

A necessidade de ação é urgente. Segundo o diretor de Combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Alexandre Henrique Bezerra Pires, a Caatinga já perdeu mais de 42% de sua cobertura vegetal nativa e é um dos biomas mais afetados pelas mudanças climáticas.

O Rio Grande do Norte exemplifica a gravidade da situação. Com 95% de seu território coberto pela Caatinga, o estado está entre os mais vulneráveis ao risco de desertificação do semiárido brasileiro, o que pode resultar em redução da disponibilidade de água e queda na produção de alimentos.

Uma alternativa promissora surge através de estudo do Instituto Escolhas, lançado na terça-feira (8/7), que propõe a implementação de sistemas agroflorestais em áreas de preservação permanente nos assentamentos da reforma agrária do Rio Grande do Norte.

A pesquisa identificou que dos 33.389 hectares em áreas de preservação permanente nos 275 assentamentos federais do estado, 11.509 estão desmatados e podem ser recuperados produtivamente. A recuperação dessas áreas pode gerar 50,4 mil empregos, produzir 3,04 milhões de toneladas de alimentos e remover 843,5 mil toneladas de CO2 da atmosfera.

“As matas, nas beiras dos rios e nascentes, protegem as águas. São um remédio contra a desertificação”, afirma Rafael Giovanelli, gerente de Pesquisa do Instituto Escolhas.

O cenário de iniciativas se fortalece com a aprovação, em 11 de junho, do PL 1990/2024 pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. O projeto institui a Política Nacional para a Recuperação da Vegetação da Caatinga e cria mecanismos para uma estratégia eficaz de recuperação imediata e produtiva da vegetação nativa.

O texto, de autoria da senadora Janaína Farias (PT/CE) e elaborado com apoio técnico do Instituto Escolhas, prevê a criação do Programa Nacional de Recuperação da Vegetação da Caatinga, participação de comunidades locais em atividades de restauração e capacitação de trabalhadores.

Potencial econômico da recuperação

Os números apresentados pelo Instituto Escolhas demonstram a viabilidade econômica da recuperação sustentável. Com investimento de R$ 285 milhões nos três primeiros anos e R$ 1,11 bilhão ao longo de 30 anos, a receita líquida prevista é de R$ 3,27 bilhões, representando retorno de quase três vezes o valor investido.

A convergência dessas iniciativas sinaliza uma mudança de paradigma na abordagem da questão ambiental na região. Ao combinar recursos financeiros, políticas públicas e pesquisa científica, as ações demonstram que é possível aliar preservação ambiental com desenvolvimento econômico e social sustentável na Caatinga.

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