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10 de outubro de 2025 16:04

O Nordeste no novo mapa geopolítico dos minerais críticos

O Nordeste no novo mapa geopolítico dos minerais críticos

O primeiro passo para o Nordeste se posicionar é o aprofundamento do conhecimento sobre suas próprias riquezas minerais; a região já conta com estudos em andamento, muitas vezes em cooperação internacional
Foto: Reprodução/Internet

A nova geopolítica energética mundial, impulsionada pela transição para fontes de energia limpa, está transformando a demanda por minerais críticos e estratégicos. O Nordeste, com seu potencial geológico e em um cenário de maior cooperação regional, tem, neste momento, a oportunidade de se integrar e se destacar nesse novo mapa global. 

O primeiro passo para o Nordeste se posicionar, segundo Lucas Borges, geólogo da Universidade Federal da Bahia, é o aprofundamento do conhecimento sobre suas próprias riquezas minerais. A região já conta com estudos em andamento, muitas vezes em cooperação internacional. 

Pesquisadores brasileiros e norte-americanos, em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), estão realizando estudos na Província Pegmatítica da Borborema (que abrange Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba) para identificar e mapear ocorrências de lítio e outros minerais.

A integração pode envolver o desenvolvimento de tecnologias para o beneficiamento de minerais, como o lítio, que pode ser encontrado em rochas pegmatíticas em estados como Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí. Isso é crucial para que o Brasil não seja apenas um exportador de matéria-prima, mas também um produtor de valor agregado.

“O tipo de pesquisa que identificar formações geológicas com potencial de exploração para minerais importantes para indústria, por exemplo, são estudos caros para estados com economias muitas vezes pequenas, e que não conta com grandes grupos financeiros, então uma articulação conjunta dos estados da região pode ser extremamente vantajosa, levando em conta que os estados menores, por exemplo, compartilham uma mesma formação geológica”, afirma o pesquisador. 

Consórcio Nordeste como articulador

O Consórcio Nordeste está atuando para coordenar as políticas de mineração dos nove estados, buscando objetivos e metas comuns. A união de esforços pode facilitar a negociação com empresas e governos estrangeiros e o desenvolvimento de infraestrutura compartilhada.

A região pode buscar parcerias com países que têm grande demanda por esses minerais, como a Rússia (que já demonstrou interesse em urânio e lítio no Nordeste) e os Estados Unidos. O foco é atrair investimentos que garantam não apenas a extração, mas também a industrialização no próprio território nordestino.

O aproveitamento dos minerais não deve se limitar à extração, mas sim à sua aplicação em setores de alta tecnologia e na própria transição energética da região.

Lítio e Baterias: O “Vale do Lítio” em Minas Gerais já é um exemplo, mas o Nordeste possui potencial para seguir o mesmo caminho. A exploração de lítio pode abastecer a crescente indústria de baterias, essencial para carros elétricos e armazenamento de energia solar e eólica.

Grafite e Cobres: O grafite, que é um mineral fundamental para as baterias de íon-lítio, e o cobre, usado na infraestrutura de energia limpa, como turbinas eólicas e painéis solares, são cruciais. Estados como a Bahia já possuem produção de cobre, e o Pará (região Norte, mas próximo ao Nordeste e com cadeias logísticas integradas) se destaca em grafite, mostrando que a integração pode ir além das fronteiras da própria região Nordeste.

Terras Raras: O Brasil detém a terceira maior reserva mundial de terras raras, minerais essenciais para ímãs de turbinas eólicas e motores de veículos elétricos. O desenvolvimento da exploração desses minerais no Nordeste pode posicionar a região como uma fornecedora-chave para a economia global de energia limpa.

As principais áreas de interesse e estados onde as terras raras podem ser encontradas na região são:

Piauí – O Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificou 39 novas ocorrências de fosfato, urânio e terras raras na borda oriental da Bacia do Parnaíba. A descoberta pode colocar o estado em destaque no mercado global de minerais estratégicos.

Sergipe – A porção norte do estado possui depósitos de monazita em antigos cordões litorâneos e dunas do delta do Rio São Francisco. A monazita é um mineral que contém terras raras em sua composição.

Bahia – O estado é rico em minerais para a transição energética. A região de Jequié, por exemplo, tem potencial para a produção de terras raras a partir da exploração de bauxita, de acordo com estudos do SGB.

Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte – A Província Pegmatítica da Borborema, que abrange esses três estados, tem sido foco de estudos para identificar ocorrências de lítio e outros minerais críticos, incluindo terras raras, em rochas pegmatíticas.

É importante notar que, embora o Brasil tenha uma quantidade considerável de terras raras associadas a areias monazíticas em áreas costeiras, o Nordeste também possui potencial em outras formações geológicas no interior do território, como é o caso das descobertas mais recentes no Piauí.

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