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10 de outubro de 2025 14:41

Oleoplan amplia planta na Bahia e aposta na agricultura familiar como motor da cadeia do biodiesel

Oleoplan amplia planta na Bahia e aposta na agricultura familiar como motor da cadeia do biodiesel

Com investimento de R$ 300 milhões até 2026 e expansão de 27% na capacidade produtiva, empresa fortalece o semiárido baiano como polo estratégico da transição energética
Foto: Reprodução/Internet

No coração do semiárido baiano, em Iraquara, a Oleoplan Nordeste se prepara para um novo ciclo de expansão. A empresa anunciou investimentos de R$ 300 milhões até 2026, destinados à ampliação de sua planta de biodiesel, o que permitirá um aumento de 27% na capacidade produtiva da unidade, já reconhecida como a maior do Norte e Nordeste. Mais do que consolidar sua presença industrial, o movimento reforça um modelo de desenvolvimento que articula transição energética, fortalecimento regional e inclusão social a partir da agricultura familiar.

A iniciativa ocorre em um momento estratégico para o Brasil, que busca acelerar a descarbonização da matriz energética e ampliar o papel dos biocombustíveis no cumprimento de metas ambientais. Mas, em Iraquara, o anúncio ganha um significado adicional: transformar o semiárido em protagonista de um processo de desenvolvimento sustentável que dialoga com políticas públicas, geração de empregos e mobilidade social no campo.

Agricultura familiar no centro da estratégia

Se antes a agricultura familiar era vista apenas como fornecedora de matéria-prima, hoje ela ocupa posição central na engrenagem industrial da Oleoplan. Além dos cinco parques industriais da empresa, localizados nos municípios de Veranópolis (RS), Iraquara (BA), Tomé-Açu (PA), Cacoal (RO) e Lucas do Rio Verde (MT), a Oleoplan conta com escritório corporativo em Porto Alegre (RS) e 18 filiais espalhadas para receber grãos no Noroeste e Nordeste do Rio Grande do Sul, que, juntas, possuem capacidade de armazenar mais de 500 mil toneladas, além de formar uma rede de apoio aos milhares de fornecedores da agricultura familiar.

Por meio do Selo Biocombustível Social,  que confere ao produtor de biodiesel o caráter de promotor de inclusão social de agricultores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), milhares de famílias passaram a negociar contratos diretamente com a empresa. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE),  Somente no último ano, a Oleoplan investiu cerca de R$199 milhões em contratos ligados ao selo biocombustível social na agricultura familiar baiana.

Para os agricultores, a parceria vai além do acesso a um mercado garantido. Ela representa estabilidade de renda, fortalecimento das cooperativas e maior capacidade de investir em tecnologia e produtividade. Ao mesmo tempo, a Oleoplan assegura o fornecimento de matérias-primas diversificadas e adaptadas às condições climáticas do semiárido, ampliando a resiliência da cadeia frente às variações de mercado.

Impacto regional e transformação social

Desde a instalação da planta em Iraquara, os efeitos econômicos foram expressivos. Dados da SDE Bahia mostram que o município registrou um crescimento de 536% no PIB per capita e um aumento de 166% nos empregos formais.

“O incentivo a investimentos, por meio de projetos e arranjos industriais como o da Oleoplan, impulsiona o desenvolvimento sustentável, a geração de oportunidades e a redução das desigualdades sociais”, afirma o  secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Angelo Almeida. “Além dos ganhos econômicos, há também os ambientais: maior resiliência frente a eventos climáticos extremos, assegurando que, mesmo em cenários adversos, a produção continue avançando.”

A integração da agricultura familiar, segundo Almeida, tem sido decisiva para esse impacto. “Somente no último ano, cerca de 400 milhões de reais foram investidos por meio do Selo Biocombustível Social, beneficiando diretamente essas famílias e fortalecendo a economia rural”, acrescenta.

Semiárido como polo estratégico da transição energética

A ampliação da Oleoplan dialoga diretamente com a estratégia da Bahia de consolidar-se como protagonista nacional da transição energética. O estado possui hoje 96% de sua matriz elétrica baseada em fontes renováveis e, em 2024, atingiu a marca de 99% de geração limpa, com a eólica representando 67%.

“O semiárido baiano reúne condições únicas para se tornar referência nacional em desenvolvimento sustentável, unindo geração de energia limpa, inclusão social e preservação ambiental”, destaca Almeida. Para ele, a unidade de Iraquara é exemplo concreto desse protagonismo: “Mostra como o semiárido pode assumir protagonismo na geração de energia renovável, contribuindo para a diversificação da matriz energética nacional e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.”

A ampliação da planta da Oleoplan se soma a outros investimentos em curso no estado, como a chegada da INPASA em Luís Eduardo Magalhães, a Biocombustíveis do Oeste em Jaborandi e projetos inovadores em combustíveis verdes, como o da Acelen Renováveis em combustíveis de aviação (SAF e HVO) a partir da macaúba.

Inclusão social como política pública

Para o Governo da Bahia, a expansão do setor de biocombustíveis vai além da perspectiva industrial. Trata-se de uma estratégia de combate às desigualdades no campo. “A integração de pequenos produtores às cadeias industriais é um dos pilares das nossas políticas. O Selo Biocombustível Social garante que os benefícios da transição energética cheguem às comunidades rurais, fomentando o pequeno produtor e fortalecendo a base da economia das pequenas cidades”, explica o secretário.

Além do selo, o governo estadual dispõe de políticas de estímulo ao setor, como o PROETANOL e o Programa Desenvolve, que concedem incentivos fiscais e linhas de crédito, atraindo investimentos para o interior. Essas iniciativas se articulam a um arcabouço mais amplo, que inclui a Política Estadual do Hidrogênio Verde e a recém-criada Política de Transição Energética (PROTENER), reforçando o posicionamento da Bahia como hub da economia verde no Brasil.

O caso da Oleoplan mostra como a combinação de investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica e inclusão social pode transformar um território marcado por adversidades climáticas em polo de desenvolvimento sustentável. Para Almeida, o modelo pode ser replicado em outras regiões: “A Oleoplan é prova de que é possível aliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade. A SDE trabalha para promover o diálogo entre diferentes cadeias produtivas, como biogás, bioetanol e biodiesel, criando um ecossistema integrado de bioenergia.”

Ainda assim, os desafios são significativos. Logística, acesso a tecnologias adaptadas ao clima semiárido e diversificação das matérias-primas seguem como pontos de atenção. Mas, segundo o secretário, as oportunidades superam as dificuldades: “Com a integração entre governo, setor produtivo e comunidades locais, abre-se um horizonte promissor para transformar os potenciais do semiárido em resultados concretos de inovação, emprego, renda e sustentabilidade.”

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