A Praça do Arsenal, um dos principais pontos turísticos e culturais do bairro do Recife, foi oficialmente reaberta ao público na última segunda-feira (13) após passar por um processo de requalificação urbana que resgata o traçado original criado pelo paisagista Roberto Burle Marx, em 1934.
O projeto combina preservação histórica e elementos contemporâneos, com o objetivo de devolver à praça sua função original de espaço de convivência e símbolo da identidade cultural da capital pernambucana. A intervenção integra o Programa Recentro, iniciativa da Prefeitura do Recife voltada à revitalização do centro histórico, com ações de mobilidade, moradia e ocupação cultural.
Com investimento total de R$ 1,8 milhão, sendo 90% financiado pela iniciativa privada — por meio de medida de mitigação do Moinho Recife — e o restante pela gestão municipal, a obra contou com execução da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) e consultoria técnica do Laboratório da Paisagem da UFPE.
“O projeto recupera o conceito original de Burle Marx, de 1934, que ao longo do tempo foi sendo desconfigurado. Retiramos grades, fontes e outras alterações que descaracterizavam o espaço. Agora, a praça está muito bonita, acessível e à disposição de todos os recifenses”, destacou o prefeito João Campos durante a entrega.
Resgate do traço original
O novo projeto preserva os principais elementos do desenho de Burle Marx, como a esplanada livre em lajotas de concreto, o jardim circular central e o cinturão arborizado que circunda a praça. A requalificação também incorporou soluções modernas de acessibilidade e conforto urbano, com bancos de concreto de alto desempenho, bordas ondulantes que convidam à permanência e recomposição da vegetação com espécies tropicais adaptadas à salinidade da área portuária.
Segundo o arquiteto e superintendente de Paisagismo da Emlurb, Celso Vinícius Sales, o projeto buscou respeitar o espírito modernista do paisagista pernambucano.
“O projeto de Burle Marx foi originalmente concebido como uma grande malha de concreto entremeada por faixas de grama e um canteiro central com vegetação resistente à salinidade. A nova versão mantém essa essência, adaptando-a à dinâmica atual do bairro do Recife, que hoje é menos comercial, mas continua sendo um importante polo cultural da cidade”, explicou.
Entre as espécies plantadas estão iucas-gigantes, clúsias, furcréias, espadas-de-são-jorge, babosas, agaves e onze-horas, que dialogam com árvores originais preservadas, como oitis-da-praia e castanholas.
O resultado é uma praça mais verde, sombreada e funcional, que recupera a estética tropical característica de Burle Marx e reforça o papel da arte e do paisagismo como ferramentas de requalificação urbana e valorização da memória recifense.