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10 de outubro de 2025 11:38

Produção de Pitaya prospera em solo cearense e vira símbolo da potente fruticultura local

Produção de Pitaya prospera em solo cearense e vira símbolo da potente fruticultura local

Fruta-dragão brota no solo de 23 cidades cearenses, totalizando uma produção de 3,1 mil toneladas em 2024; previsão para 2025 é de 3,2 mil toneladas
Foto: Reprodução/Internet

A Pitaya, também conhecida como fruta-dragão, é um fruto exótico que teve sua origem na América Central e México e vem se popularizando no Brasil, principalmente na região Nordeste. No Ceará, há décadas a fruta não era nem um pouco conhecida, mas por conta das condições de solo e clima, hoje ela brota na terra de 23 cidades cearenses, totalizando uma produção de 3,1 mil de toneladas no último ano, com previsão de 3,2 mil toneladas para o ano de 2025. A fruta tropical se desenvolve em condições de calor e dias longos com alta intensidade de luz, fatores presentes no estado.

Segundo Fábio Faleiro, chefe adjunto de centro de pesquisa da Embrapa Cerrados, várias frutas tropicais são produzidas com sucesso no Ceará, como maracujá, manga, banana, melão e melancia, e a Pitaya é mais uma opção para diversificar a produção dessas frutas. Mas, o que motivou os agricultores cearenses a apostarem na fruta nos últimos anos? Faleiro explica que houve um aumento da oferta de tecnologias de produção, como o lançamento das primeiras cultivares registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária, além de recomendações técnicas para o cultivo da fruta, utilizando as boas práticas agrícolas.

Além disso, o pesquisador da Embrapa Cerrados afirma que a capacitação de produtores, técnicos, extensionistas, professores e estudantes, por meio de cursos presenciais e on-line, também tem sido uma ação importante de transferência de tecnologia. No entanto, “o desenvolvimento de uma região com base em uma cultura exige, além do componente da pesquisa e da transferência de tecnologia, o das políticas públicas com o envolvimento das secretarias municipais e estaduais de agricultura, somando a vocação do fruticultor”, diz.

Acaraú, Marco, Ibiapina, São Benedito, Ubajara, Viçosa do Ceará, Pacujá, Ipu, Reriutaba, Palmácia, Beberibe, Cascavel, Aquiraz, Maranguape, Ibicuitinga, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Quixeré, Russas, Pereiro, Campos Sales e Altaneira são as cidades cearenses produtoras da fruta.

Segundo a Embrapa, a maioria das variedades de Pitaya produzida no Ceará não tem garantia de origem genética, ou seja, não são cultivares registradas no Ministério da Agricultura e Pecuária. No entanto, entre as produzidas, há destaque para três tipos de Pitayas BRS:

  • Pitaya BRS LZC (BRS Luz do Cerrado) – casca vermelha e polpa branca: espécie Selenicereus undatus, é oriunda do melhoramento genético convencional, visando o aumento do vigor, precocidade, produtividade, características químicas e físicas, autocompatibilidade e resistência a doenças. É destinada ao mercado de frutas especiais de alto valor agregado.
  • Pitaya BRS LC (BRS Lua do Cerrado) – casca vermelha e polpa branca: espécie Selenicereus undatus, é oriunda do melhoramento genético convencional, visando o aumento do vigor, precocidade, produtividade, características químicas e físicas, autocompatibilidade e resistência a doenças. É destinada ao mercado de frutas especiais de alto valor agregado e a primeira cultivar de pitaya vermelha de polpa branca para o mercado.
  • Pitaya BRS GC (BRS Granada do Cerrado) – casca vermelha e polpa roxa: espécie Selenicereus undatus X S. costaricensis, é oriunda do melhoramento genético convencional. É a primeira cultivar de pitaya vermelha de polpa roxa para o mercado. Destinada ao mercado de frutas especiais de alto valor agregado.

Cuidados no cultivo e dificuldades dos produtores

Paulo Freire, Diretor da Pitaya Nordeste, uma das maiores produtoras de pitaya do Nordeste, explica quais são os principais cuidados no dia a dia do cultivo da fruta: “Para quem cultiva com foco comercial, é essencial um acompanhamento diário. Entre os principais cuidados que temos na Pitaya Nordeste, estão a adubação adequada, podas regulares, controle do crescimento de capim entre as linhas de plantio, manejo da irrigação, fertirrigação e monitoramento das flores durante a abertura. A dedicação constante garante frutos de qualidade e boa produtividade.”

Foto: Reprodução/Internet

Além disso, Paulo afirma que a maior dificuldade enfrentada pela produtora hoje é a mão de obra qualificada, mas que é um desafio não só da empresa, como de toda a região nordestina. “Apesar de ser um cacto, a pitaya exige bastante manejo: controle de pragas como formigas e arapuás, tratos culturais constantes, e uma demanda intensa de trabalho durante a colheita — desde a retirada dos frutos até a seleção, organização e embalagem em caixas para o mercado. Na Pitaya Nordeste, prezamos muito por todo esse cuidado, da roça ao consumidor final.”

Segundo o diretor da Pitaya Nordeste, o tempo até a primeira colheita depende de vários fatores, como qualidade das mudas, solo e condução da planta. Com as condições favoráveis, é possível obter uma primeira produção com cerca de 12 meses. “No nosso caso na Pitaya Nordeste, conseguimos bons resultados na primeira safra graças à escolha das mudas e ao manejo técnico.”

A rentabilidade e futuro da pitaya frente a outras frutas típicas

Faleiro, da Embrapa, explica que a rentabilidade da pitaya depende de vários fatores, como a produtividade do pomar, a qualidade dos frutos e os valores obtidos na comercialização. No Ceará, é comum a produção de pitayas na entressafra dos principais estados produtores (SP, MG, SC). Esta produção na entressafra é devido à ocorrência de dias longos em todos os meses do ano no Ceará e outras regiões do Nordeste e Norte com baixa latitude.

Além disso, por conta do valor agregado superior ao de outras frutas cultivadas, o cultivo da  fruta-dragão exige profissionalismo: “o mercado busca frutos bem formados, com peso entre 350g e 600g e boa aparência externa. Antes, nossa área era ocupada por banana, mas optamos por substituí-la pela pitaya por conta da maior rentabilidade e valorização do produto”, diz Freire.

O cultivo da Pitaya na região nordestina é uma cultura que certamente veio para ficar. Freire acredita que o principal fator é o clima, que tem alta incidência solar ao longo do ano e favorece o cultivo. Porém, a limitação de acesso à água em algumas regiões, especialmente durante os períodos de seca, ainda é um obstáculo. “Se houver mais apoio técnico e financeiro por parte do governo, o Ceará tem total potencial para se tornar uma das maiores regiões produtoras de pitaya do país”, diz Paulo.

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