A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSD), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), expressaram posições diferentes sobre o processo de concessão da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Possíveis adversários na eleição para o Governo do Estado em 2026, os dois participaram no sábado (9) do seminário da Esfera Brasil, realizado no Recife.
Raquel Lyra afirmou que o edital será lançado em agosto de 2025, com previsão de R$ 20 bilhões em investimentos. “A Compesa fará a concessão da rede de distribuição de água e de tratamento de esgoto. Está na agulha. A expectativa é de R$ 20 bilhões de investimento”, declarou.
Já João Campos defendeu que o projeto precisa de mais discussão, principalmente com os municípios, que são os contratantes diretos do serviço. Segundo ele, a falta de participação das cidades na definição do modelo pode comprometer a execução. “Como é concessão, acho que é preciso aprofundar questões estratégicas, pontos técnicos de intermitência de abastecimento e o papel que os municípios podem e devem ter. […] É o maior contrato disparado no Estado, e quem são os grandes clientes? São as cidades. Precisariam ter um papel mais ouvido nesse processo”, afirmou.
Prefeito cobra metas e maior escuta no processo
Campos enfatizou que não é contra a concessão, mas criticou a “velocidade” e a “pouca escuta” na condução do projeto. Ele citou que cidades como Recife e Petrolina têm observações relevantes sobre a modelagem e defendeu metas claras de abastecimento. “Depois que você faz uma concessão e assina o contrato, aquilo está feito. Onde você não tem um fator específico que garante a meta da intermitência, ela é feita por ocorrência e não por dia, e isso faz toda a diferença”, pontuou.
Histórico do projeto
A proposta de conceder parte dos serviços da Compesa à iniciativa privada é discutida desde 2021, quando o governo estadual iniciou estudos para ampliar investimentos em saneamento básico. O objetivo é cumprir as metas do Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020), que prevê:
- 99% da população atendida com água potável;
- 90% da população com coleta e tratamento de esgoto até 2033.
O modelo em estudo prevê que a iniciativa privada assuma a operação e expansão das redes de distribuição de água e esgoto, por meio de contratos de longo prazo e metas de desempenho.