A capital pernambucana se destaca nacionalmente não apenas pelo crescimento do setor de tecnologia, mas também por seus avanços em diversidade e redução de desigualdades salariais. A conclusão é de um novo levantamento conduzido pelo Porto Digital com base nos microdados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego.
O estudo, que passa a ser realizado periodicamente, comparou indicadores de equidade salarial e inclusão étnico-racial entre Recife, Florianópolis, Porto Alegre e Belo Horizonte — tradicionais polos de tecnologia no país — revelando a liderança da capital pernambucana em diversos aspectos.
Menor gap salarial entre gêneros
Entre janeiro e abril de 2025, Recife apresentou a menor diferença salarial entre homens e mulheres no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC): 24,1%. O resultado contrasta significativamente com Florianópolis, onde a diferença chega a 45,9%, e supera até mesmo a média nacional de 25,8%.
Quando a análise se restringe a pessoas autodeclaradas brancas, com idades entre 25 e 40 anos e nível superior completo, Recife mantém a liderança com diferença de remuneração inicial de apenas 19,5%. Nas demais cidades analisadas, as diferenças superaram o patamar de 30% com os mesmos critérios de comparação.
Recife lidera em diversidade étnico-racial
Os dados também revelam que Recife apresenta o maior percentual de admissões de pessoas pertencentes a grupos étnico-raciais historicamente discriminados (GERHD) — categoria que inclui negros, pardos, indígenas e amarelos. No primeiro quadrimestre de 2025, esses grupos representaram 54,7% das contratações na capital pernambucana, seguida por Belo Horizonte com 53,7%.
O contraste é ainda mais evidente quando comparado a Florianópolis, onde apenas 28,2% das admissões foram de pessoas pertencentes a GERHDs, e Porto Alegre, com 35,4%.
Quando considerados homens entre 25 e 40 anos com ensino superior completo, Recife apresenta o menor índice de desigualdade salarial entre pessoas brancas e GERHDs: apenas 2,7% de diferença, resultado significativamente inferior à média nacional de 16,8%.
Resultado de políticas estruturadas
Para Luiz Maia, pesquisador do Porto Digital, os dados evidenciam um movimento consistente em direção a um ecossistema mais justo e inclusivo. “Recife mostra que é possível crescer com diversidade e equidade. Isso não é apenas uma conquista ética, mas também estratégica: ambientes diversos são mais criativos, produtivos e inovadores”, afirma.
O pesquisador destaca que os resultados representam “um sinal claro de que políticas públicas e ações institucionais de inclusão estão dando resultado”, consolidando Recife como referência nacional em desenvolvimento tecnológico inclusivo.
Os resultados posicionam a capital pernambucana como modelo para outros polos tecnológicos brasileiros, demonstrando que o crescimento econômico pode estar alinhado com a redução de desigualdades estruturais no mercado de trabalho.