Com um investimento estimado em R$ 300 milhões, a Prefeitura de Maceió deu início ao processo de licitação internacional para transformar o Mercado da Produção, no bairro da Levada, em um novo polo turístico, gastronômico e sustentável. A proposta, no entanto, vai além da simples modernização: o projeto quer respeitar a história do espaço, garantir o trabalho dos pequenos comerciantes e revitalizar uma área estratégica da capital alagoana.
O vice-prefeito e secretário municipal de Infraestrutura, Rodrigo Cunha, destaca que a obra foi desenhada para preservar a essência do mercado, que representa um dos principais pontos de identidade popular de Maceió. “Fizemos questão de garantir a permanência do mercado no mesmo local, preservando sua história, que envolve não somente o próprio mercado, mas todo seu entorno, o bairro, o comércio vizinho e a proximidade com o Centro da cidade”, afirma.
Essa preocupação com a memória afetiva é central em um projeto que busca, ao mesmo tempo, ampliar as possibilidades econômicas e turísticas do equipamento público. Hoje, o Mercado da Produção concentra centenas de permissionários, sendo um dos principais pontos de abastecimento da cidade e gerador de renda para trabalhadores autônomos e comerciantes informais.
Obra por módulos garantirá funcionamento durante a reforma
Diferente de outros projetos de requalificação urbana que exigem o fechamento total de equipamentos públicos, a reforma do Mercado da Produção será feita por etapas. Segundo Rodrigo Cunha, o modelo de execução foi pensado para não prejudicar o cotidiano dos permissionários nem afastar os frequentadores durante a obra.
“O projeto prevê que a obra será executada por módulos, seguindo a lógica dos setores, sem a necessidade da saída do comerciante permissionário, garantindo que ele manterá sua atividade, e, por sua vez, a comunidade também será beneficiada”, explicou o secretário.
Essa estratégia busca mitigar prejuízos, assegurar a continuidade dos negócios e manter o fluxo de consumidores na região, que ainda convive com desafios como a mobilidade urbana precária, falta de infraestrutura adequada e ausência de equipamentos públicos modernos.
Um dos diferenciais do projeto está no compromisso com soluções sustentáveis. A ideia da Prefeitura é fazer do novo Mercado da Produção um modelo de construção urbana que respeite o meio ambiente e promova a inclusão social.
Segundo Rodrigo Cunha, esse compromisso será refletido desde a execução até a operação do novo espaço. “Teremos uso de energia solar, reuso de água da chuva e splits, tratamento de efluentes, central de resíduo e compostagem. O compromisso com a sustentabilidade é prioridade, tanto na execução da obra, como também após sua entrega”.
Além dos ganhos ambientais, essas soluções também podem contribuir para a redução de custos operacionais, beneficiar o entorno com melhor gestão de resíduos e incentivar uma cultura de consumo mais consciente entre comerciantes e frequentadores.
Requalificação urbana e valorização do Centro
A revitalização do Mercado da Produção dialoga diretamente com os esforços da gestão municipal para recuperar áreas centrais da cidade. Ao investir em um equipamento tradicional e com forte apelo popular, a Prefeitura busca impulsionar a economia criativa, atrair turistas e gerar novas oportunidades de emprego.
A ampliação do número de permissionários também faz parte do projeto. Com novas áreas e infraestrutura adequada, espera-se abrir espaço para mais comerciantes e fortalecer os vínculos entre o mercado e a economia local.
O impacto, portanto, não será apenas físico. Trata-se de um movimento para reinserir o Mercado da Produção como um espaço de convivência, cultura e desenvolvimento econômico.
Ainda que o projeto prometa avanços significativos em infraestrutura e sustentabilidade, o desafio será manter viva a identidade do Mercado da Produção. A convivência entre inovação e tradição é uma das metas mais ambiciosas da obra.
Para Rodrigo Cunha, o equilíbrio entre modernidade e memória é possível quando se escuta a comunidade e se planeja com responsabilidade. “O mercado é um espaço comunitário, e continuará sendo. Queremos valorizá-lo sem apagar sua história”, concluiu.
Com as obras previstas para iniciarem após o processo licitatório, a expectativa é de que, nos próximos anos, Maceió passe a contar com um mercado público requalificado, acessível, sustentável e, sobretudo, fiel à alma da cidade.