O Rio Grande do Norte é o primeiro estado brasileiro a receber o Conecta Energia, Programa de Inovação Aberta com foco em energias renováveis, que visa impulsionar a inovação e estimular o desenvolvimento de soluções para o setor através de startups.
Em acordo firmado entre a AES Brasil, empresa de geração de energia renovável, e o Sebrae RN, na manhã desta quarta-feira (31) no Instituto Senai de Inovação (ISI-ER), ficou estabelecido um investimento inicial de R$ 360 mil para estruturação do programa e captação das pequenas empresas.
A AES também dispõe de um investimento de R$ 2 milhões da P&D Aneel para investimentos futuros. Atualmente, são atendidas pelos programas de inovação do Sebrae-RN e parceiros do ecossistema de inovação, cerca de 100 startups, afora as startups que participam de eventos como Startup Day e GO!RN.
A escolha do RN para ser precursor desse projeto se dá pelo seu potencial como produtor de energias renováveis, bem como sua liderança em produção de energia eólica. “O RN apresenta um grande potencial para geração de energias renováveis. A AES tem como foco crescer em energias renováveis propiciando sustentabilidade na energia que supre para seus clientes e aqui é um foco de investimento bastante grande da companhia”, afirma o gerente de Comercialização de Energia da AES Brasil, José Carlos Reis.
O programa será dividido em cinco etapas e visa captar ideias nos municípios potiguares. De acordo com a gerente de Pesquisa e Inovação da AES, Júlia Rodrigues, a intenção é ter, no mínimo, 80 ideias submetidas. Dessas, serão selecionadas 50 para um processo de capacitação e em seguida, será feito um campo de treinamento com 10 escolhidas. As três finalistas dividirão a premiação de R$ 60 mil.
Além disso, há a possibilidade de firmar parceria com a AES para desenvolvimento de projetos no Programa Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (P&D Aneel). “O foco desse programa é o desenvolvimento desse ecossistema, a seleção e mentoria de ideias, startups e empreendedores que possam co-criar esses negócios junto da AES e quem sabe contratar essas empresas para desenvolver projetos de P&D Aneel”, detalha.
A mentoria oferecida durante as seleções devem perpassar o conhecimento técnico e estratégico não só da AES, como também do Sebrae RN, através da realização de workshops em formato online. “As mentorias vão passar também pelas áreas de negócios da AES, conhecimento técnico inclusive, para ajudar a modelar essas ideias e que sabe amadurecê-las para que seja possível gerar novos CNPJs mesmo”, complementa.
O processo de submissão deve ser divulgado nas próximas semanas de acordo com a gerente, a partir da contratação de uma aceleradora local que ajudará na curadoria do programa, bem como a análise das ideias submetidas. “A gente vai divulgar em breve essa agenda de eventos em diferentes cidades, exatamente para encontrar esses empreendedores e escutar todas essas ideias e trazer para dentro do programa”, comenta Rodrigues.
Propostas de soluções para além dos parques, como desenvolvimento social, devem ser bem-vindas. “A ideia é desenvolver o ecossistema de startups não só olhando para o parque e os empreendimentos da AES hoje no Estado, mas olhando para energias renováveis de uma maneira mais ampla, incluindo inovações sociais, ou seja, demandas da sociedade no entorno dos nossos parques e como a gente pode de alguma forma trazer benefícios, impactos positivos para as sociedades aqui no RN”, comenta Júlia Rodrigues.
Foram discutidos ainda os desafios que perpassam a iniciativa. Um deles é abranger todo o RN através da conexão Sebrae, AES Brasil e ainda Instituições Científicas e de Inovação Tecnológica (ICTs) atuantes no Estado. Além disso, estimular a geração e desenvolvimento dessas startups capazes de entregar projetos que correspondam às demandas do setor, bem como os requisitos Aneel foi outro ponto abordado.
Projeto é incluir as MPEs no negócio da energia renovável
Hoje o Sebrae nacional atua em diversas frentes para o desenvolvimento de startups, micro e pequenas empresas em todos o País. O RN também está incluso nessas iniciativas. De acordo com o superintendente do Sebrae RN, José Ferreira de Melo Neto (Zeca Melo), a assinatura do termo é uma celebração desse compromisso. “É muito importante isso. É o passo inicial. O grande projeto que a gente imagina é incluir a pequena empresa do RN, do Nordeste e do País no grande negócio da energia renovável”, diz.
Um desses projetos é o Startup Nordeste, que tem como objetivo fomentar o ecossistema de inovação e “incrementar a matriz produtiva regional com produtos e serviços de alto valor agregado”. Em 2021, primeiro ano de atuação, contou com a participação de 30 empresas, além da captação de R$ 2 milhões em recursos junto a investidores e fundos de investimento.
Segundo o superintendente, há a possibilidade de agregar participantes. “Quem não entrar nesse projeto, a ideia sendo boa, entrará em outro projeto do Sebrae, inclusive a Startup Nordeste que é um projeto específico do sistema Sebrae Nacional para o Nordeste Brasileiro”, finaliza.
RN entre os principais geradores
Em solo potiguar, são dois complexos eólicos em operação, Salinas, que atende a Areia Branca; e Ventus, que abrange Galinhos e Macau. Juntas, tem uma geração ativa de 237 MW. Além delas, está em fase de construção a Cajuína, com capacidade instalada total de 1,6 GW. Portanto, o RN será o principal em geração de energia eólica pela AES entre as eólicas instaladas em seus lugares de atuação (Ceará, Piauí, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul). São Paulo é destaque na produção através da hídrica e solar.
O Complexo Eólico Cajuína será operado 100% por mulheres. Para que isso aconteça, a empresa lhes oferece especialização técnica, em parceria com o Senai RN, com foco em Manutenção e Operação de Parques Eólicos. São mais de 70 alunas, que representam 18 municípios potiguares. Elas recebem capacitação, voltada para diferentes formações, como eletrotécnica, mecânica e segurança do trabalho. Esse modelo de operação já é utilizado no Complexo Eólico Tucano, localizado na Bahia.
O empreendimento soma um investimento de R$ 3,3 bilhões. Situado na região do Sertão Central Cabuji, sua construção começou em 2022 e está em fase de finalização. “A empresa continua com foco de crescimento e o Nordeste, em particular, o RN é um desses focos. O projeto atualmente tem mais de 2 mil pessoas atuando, no seu pico chegou a quase 2,5 mil pessoas. Então, além dos empregos diretos, fomenta toda economia da região. Ele propicia um crescimento econômico da região muito grande”, complementa José Carlos Reis.