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10 de outubro de 2025 20:24

Seminário em Recife discute gargalos logísticos e impacto do tarifaço sobre cadeia produtiva nordestina

Seminário em Recife discute gargalos logísticos e impacto do tarifaço sobre cadeia produtiva nordestina

Evento reuniu especialistas, investidores e líderes regionais para debater soluções para gargalos logísticos e políticas públicas
Foto: Reprodução/Instagram/@agenciainfra

Foi realizado no último sábado (9) o primeiro Seminário Esfera Infra no Recife, capital de Pernambuco. O evento reuniu especialistas, investidores e líderes regionais para debater soluções para gargalos logísticos e políticas públicas.

Após a abertura, João Camargo, presidente do conselho da Esfera Brasil e chairman da CNN Brasil, afirmou que este é o primeiro fórum do tipo realizado no Nordeste. Destacou que a escolha da cidade se deu por influência de um “cabo eleitoral” importante: o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, empenhado em trazer o evento para a capital pernambucana. Em seu discurso, agradeceu ao prefeito João Campos, à governadora Raquel Lyra e a outros representantes presentes, como o ministro das Cidades e o presidente da Caixa Econômica Federal.

Um dos temas centrais das discussões foi a relação entre Brasil e Estados Unidos. No primeiro painel, intitulado “O Brasil em construção”, o jornalista William Waack mediou o debate entre Sílvio Costa Filho; Jader Filho, ministro das Cidades; e Vinicius de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU).

Sobre o cenário internacional, Jader Filho declarou que as acusações contra os mercados brasileiros não se sustentam. “Se houvesse um teste real, ver-se-ia que a balança comercial, tida como desfavorável ao Brasil, também seria para os Estados Unidos. Ele classificou isso como uma mentira. Segundo ele, não se pode discutir com base em algo que não tem início, meio e fim, nem fundamentos claros. O governo brasileiro tem mostrado serenidade na condução desse diálogo. O presidente Lula e o vice-presidente Alckmin têm buscado avanços, e, mesmo que não venha do presidente americano ou das lideranças atuais, o próprio povo e as grandes lideranças dos Estados Unidos pressionarão para baixar a tensão”.

O ministro destacou, ainda, que o Brasil vive um “momento de ouro” em diversas áreas, citando avanços no programa Minha Casa, Minha Vida.

A discussão, conduzida por William Waack sob uma ótica política, apontou que o Brasil estaria sendo punido não por razões econômicas, mas pela forma como está sendo governado.

Vinicius de Carvalho traçou uma analogia histórica para contextualizar o cenário político atual. Ele lembrou que, durante a Guerra Fria, partidos comunistas buscavam apoio na União Soviética, vendendo a ideia de que uma revolução estava prestes a acontecer em seus países. Segundo ele, líderes diziam: “Olha, lá no meu país está para acontecer uma revolução. Me ajuda um pouquinho aqui que, na hora que eu me levantar, o povo vem comigo.” Muitas dessas tentativas fracassaram por falta de apoio social.

O ministro percebe um paralelo entre esses episódios e a atual conjuntura brasileira, em que houve esforços para convencer atores internacionais de que haveria respaldo popular para uma ruptura institucional. Citando o presidente Donald Trump, afirmou que houve a expectativa de que ele incentivasse ações no Brasil, levando o povo a “se revoltar contra o regime democrático, contra o Estado de Direito, contra as nossas instituições”. Carvalho concluiu que “isso não aconteceu e não vai acontecer.”

Ainda no evento, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, foi questionada sobre a taxação do sal durante a guerra comercial imposta por Donald Trump — sendo os Estados Unidos os maiores compradores do produto potiguar.

Ela respondeu que expressa indignação com essa medida unilateral do governo norte-americano. Considerou a decisão lamentável e deplorável, afirmando que não se trata de uma decisão técnica. Segundo ela, o próprio governo utiliza argumentos estranhos, interfere na justiça brasileira e impõe uma taxa de 50% ao povo brasileiro.

Em Pernambuco, Raquel Lyra declarou estar empenhada em mitigar os efeitos dessa decisão. Ela determinou que as secretarias da Fazenda e de Desenvolvimento Econômico se reúnam com o setor produtivo para buscar, com as ferramentas disponíveis no Estado, formas de amenizar os prejuízos. Entre as ações, a ampliação das isenções do ICMS via Proedi liberam créditos acumulados do imposto, inclusive para empresas exportadoras, e priorizam os setores mais impactados.

No terceiro painel, “Soluções locais para desafios nacionais”, a crise política decorrente do tarifaço foi tema principal. Participaram o prefeito do Recife, João Campos; o cientista político Antônio Lavareda; e os deputados federais Augusto Coutinho e Mendonça Filho. João Campos ressaltou a necessidade de buscar soluções concretas, rejeitando o estímulo a conflitos políticos.

Ele afirmou que o país vive um momento difícil, com uma estrutura nacional e transnacional desafiadora e inédita. Não há precedente para consultar; essa imprevisibilidade é um desafio para quem toma decisões. “A medida adotada no Brasil tem um caráter diferente das demais, pois foi imposta unilateralmente pelo governo de outro país, sem respeitar tratados ou processos legais adequados”. Apesar disso, acredita que o interesse comercial bilateral e o diálogo na justiça americana podem ser caminhos para uma solução.

O último painel reuniu o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira; o diretor-presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape, Armando Bisneto; a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa; e o CEO da JBS Terminais, Aristides Russi Junior.

Presente ao evento, o presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro, destacou a importância de levar essa discussão para além do eixo Centro-Sul, valorizando Pernambuco e o Nordeste.

Já o presidente do conselho da Esfera Brasil, João Camargo, comemorou o sucesso do seminário e prometeu manter o formato e periodicidade nas próximas edições, com a próxima prevista para o primeiro semestre de 2026.

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