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10 de outubro de 2025 18:50

Sudene aposta na Transnordestina para impulsionar indústria do gesso em Pernambuco

Sudene aposta na Transnordestina para impulsionar indústria do gesso em Pernambuco

Seminário em Araripina reforça papel estratégico da ferrovia, com perspectivas de novos investimentos e integração logística até o Porto de Suape

 

Evento discutiu impacto de ferrovia que interliga Piauí, Pernambuco e Ceará passa pela região responsável por mais de 95% do gesso do País | Foto: Elvis Aleluia/ Sudene

A chegada da Ferrovia Transnordestina ao polo gesseiro de Pernambuco tem potencial para reduzir custos logísticos, aumentar a competitividade do setor e atrair novos investimentos para o Sertão do Araripe. O tema esteve no centro do seminário Conexões Transnordestina, realizado na última quinta-feira (14) pelo portal Movimento Econômico, reunindo em Araripina lideranças públicas, empresariais e comunitárias.

A Sudene, principal financiadora do traçado por meio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), participou do encontro. O investimento conecta Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE) e deverá incluir, futuramente, o ramal até o Porto de Suape (PE), projeto sob responsabilidade do Governo Federal com recursos do Orçamento Geral da União. Para a autarquia, a ferrovia é estratégica para impulsionar cadeias produtivas do interior nordestino, em especial a indústria do gesso.

“A Transnordestina vem para aumentar a competitividade do gesso produzido no polo. A complementação modal é essencial para adequar a logística e reduzir custos operacionais. Ouvir agentes públicos, privados e representantes da sociedade faz parte da atuação da Sudene para impulsionar avanços de infraestrutura que geram desenvolvimento”, destacou José Farias, economista e coordenador-geral de Estudos e Pesquisas da autarquia.

Um polo de peso nacional

O trecho da ferrovia financiado pela Sudene passa por Trindade, município que integra o polo gesseiro do Araripe. A região concentra 510 indústrias, sendo 55 mineradoras, 185 beneficiadoras e calcinadoras e 270 fábricas de pré-moldados e artefatos. O polo responde por 95% da produção nacional de gipsita, gesso e derivados, com reservas de alta pureza. Reconhecido como Arranjo Produtivo Local (APL), o setor emprega 3.582 trabalhadores diretamente e gera mais de 14 mil empregos indiretos, segundo o Sindusgesso.

Porto seco e gás natural no horizonte

Entre as propostas discutidas no seminário, ganhou destaque a criação de um porto seco no Araripe, estrutura intermodal que integraria ferrovia e rodovias, com espaço para armazenamento, transbordo de cargas e desembaraço aduaneiro. Para Daniel Torres, presidente da Agência do Desenvolvimento Econômico e Social do Araripe (Adesa), a iniciativa pode consolidar a região como hub logístico.

“Estamos numa posição estratégica, próximos a Teresina, Fortaleza e Recife, além da região do Matopiba e de polos agroindustriais. O porto seco será peça-chave para reduzir custos e ampliar o fornecimento de gipsita, calcário, gesso e outros produtos”, afirmou.

Outro ponto debatido foi o transporte ferroviário de gás natural liquefeito (GNL). A Copergás anunciou intenção de estruturar o fornecimento já em 2026, o que garantiria uma matriz energética mais competitiva ao polo. A estimativa é de consumo diário de 320 mil metros cúbicos de gás apenas pelo setor gesseiro.

Um setor que busca modernização

Para o presidente eleito do Sindusgesso, Joberth Granja de Araújo, a ferrovia será decisiva para modernizar a cadeia produtiva.

“Temos o gesso como principal atividade da região. A ferrovia é essencial não só pela logística, mas também para diversificar a matriz energética. O mundo está atento a esse debate e precisamos discutir mudanças estruturais em conjunto”, ressaltou.

Um projeto de país

Autoridades estaduais e municipais também reforçaram o caráter estratégico da obra. O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, afirmou que a Transnordestina pode multiplicar por dez o volume de produção do polo. Já o prefeito de Araripina, Evilásio Mateus, destacou a necessidade de união: “O que for bom para Pernambuco é motivo de convergência”.

Segundo André Luís Ludolfo, diretor de Empreendimentos da Infra S.A., o cronograma prevê editais ainda neste semestre para contratação das empresas que atuarão nos trechos Custódia–Arcoverde e Cachoeirinha–Belém de Maria. A previsão é de início das obras no primeiro trimestre de 2026 e conclusão total da ferrovia até 2029, com investimentos estimados em R$ 3,5 bilhões.

O ciclo Conexões Transnordestina, que já passou por Salgueiro, Petrolina e Araripina, seguirá para Belo Jardim, Caruaru, São Bento do Una e Recife. O objetivo é manter o diálogo com as comunidades impactadas pela ferrovia e ampliar o debate sobre seus impactos econômicos e sociais.

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