A indústria de açúcar e etanol da Paraíba estima um prejuízo de R$ 40 milhões em decorrência das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A estimativa foi divulgada na última sexta-feira (1º) pelo Sindialcool-PB, que representa o setor no estado.
Segundo o sindicato, o impacto será mais acentuado nas exportações de açúcar, já que o produto representa cerca de 49% do total exportado pela Paraíba. Empresas já haviam contratado pessoal e planejado a produção com base no cenário anterior às novas tarifas.
Em 2024, Estados Unidos e Canadá responderam juntos por 47,3% do valor exportado pela Paraíba no setor, movimentando US$ 20 milhões e US$ 18 milhões, respectivamente.
Na nota, o Sindialcool defende o etanol brasileiro e uma aliança estratégica e sustentável com os EUA. A entidade criticou o que chamou de “natureza política” das medidas adotadas pelo então presidente norte-americano, Donald Trump.
“O Brasil, que detém quase 50% das exportações mundiais, tem direito a apenas 155 mil toneladas e viu recentemente a eliminação da cota de açúcar orgânico, medidas que afetam diretamente regiões como a Paraíba”, destacou a nota.
Desequilíbrio nas relações bilaterais
O sindicato reforça que Brasil e Estados Unidos são responsáveis por cerca de 80% da produção mundial de etanol e, por isso, deveriam atuar em conjunto na promoção global dos biocombustíveis como alternativa de descarbonização do transporte, da aviação e do setor marítimo.
“No entanto, a assimetria atual nas políticas comerciais e ambientais entre os dois países impõe obstáculos à construção de uma aliança verdadeiramente estratégica”, avalia a entidade.
O fechamento do mercado norte-americano ao açúcar importado também preocupa o setor paraibano. Atualmente, existe uma cota global de 1,1 milhão de toneladas, distribuída entre 42 países, mas o Brasil – maior exportador mundial – tem acesso a apenas 155 mil toneladas.
“Ressaltamos que a presente tarifação se trata de um acréscimo sobre a taxa de 83% sobre o açúcar brasileiro que os Estados Unidos mantiveram nos últimos 30 anos como defesa do mercado à produção local”, apontou o Sindialcool.
Mesmo diante das restrições, o setor demonstra interesse em manter o diálogo com os EUA. “Estamos dispostos a ampliar o engajamento com os Estados Unidos, evitar julgamentos precipitados, administrar as diferenças com maturidade e explorar mecanismos consistentes de cooperação”, diz a nota.
A entidade conclui pedindo a reconstrução das relações bilaterais com base no respeito e na previsibilidade: “É urgente fortalecer canais bilaterais de comunicação e consulta. Relações baseadas em unilateralismo e práticas de pressão comercial (bullying) devem ser substituídas por respeito mútuo, previsibilidade e construção de confiança”.