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10 de outubro de 2025 15:16

Vida digna no semiárido nordestino custa mais que o dobro do salário mínimo, aponta pesquisa

Vida digna no semiárido nordestino custa mais que o dobro do salário mínimo, aponta pesquisa

Levantamento destaca impacto das mudanças climáticas e necessidade de políticas públicas para garantir renda justa e sustentável
Foto: Agência Brasil

Um estudo realizado pelo Instituto IDH, em parceria com o Anker Research Institute e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apontou que o custo de uma vida digna para famílias do semiárido nordestino é significativamente superior ao salário mínimo atual. A pesquisa analisou as condições de vida em regiões da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, e concluiu que uma família de quatro pessoas — dois adultos e duas crianças — precisa de uma renda mensal entre R$ 1.986,00 e R$ 4.996,00 para suprir as necessidades básicas.

Esses valores, obtidos em dez zonas específicas desses estados, estão muito acima não apenas do salário mínimo (R$ 1.412,00 em 2025), mas também do valor estabelecido como linha de pobreza no Brasil, atualmente de R$ 872,00 mensais. O levantamento levou em conta despesas com alimentação saudável, moradia adequada, acesso à educação, saúde, lazer e uma reserva de 5% para emergências, como os impactos de eventos climáticos extremos — realidade frequente em regiões marcadas por secas prolongadas.

A pesquisa dividiu os territórios analisados em dez áreas: três na Paraíba, quatro no Rio Grande do Norte e três em Pernambuco. Além de dimensionar o custo de vida, o estudo diferenciou o que chamou de salário digno — voltado para trabalhadores rurais empregados — e renda digna — necessária para pequenos produtores e agricultores familiares manterem seus modos de vida e atividades produtivas. Em todos os casos, a renda real das famílias rurais da região se mostrou inferior aos valores considerados adequados pelos pesquisadores.

Segundo o levantamento, essa disparidade entre os rendimentos reais e o necessário para garantir uma vida digna deixa as populações rurais ainda mais vulneráveis, especialmente diante de um cenário de agravamento climático. Atualmente, 13% do semiárido nordestino já enfrenta processos de desertificação, o que reduz drasticamente as possibilidades de sustento para quem depende da agricultura.

Para Grazielle Cardoso, gerente do Programa Raízes da Caatinga, da Fundação IDH, a situação exige medidas estruturais. Ela destaca que a baixa renda impede a implementação de práticas agrícolas sustentáveis, criando um ciclo vicioso entre pobreza e degradação ambiental. “Sem cadeias produtivas estruturadas e resilientes, não há renda digna no campo. A degradação do bioma é uma ameaça para as famílias que vivem da agricultura, reduzindo as oportunidades de sustento. Além disso, a renda insuficiente impossibilita a estruturação de cadeias produtivas com práticas regenerativas”, afirmou.

O estudo defende que elevar a renda das famílias rurais pode gerar efeitos positivos em cadeia, não apenas melhorando as condições de vida dessas populações, mas também contribuindo para a preservação ambiental e o desenvolvimento regional. Ao garantir uma remuneração justa e compatível com as necessidades básicas, seria possível fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, criar novas oportunidades de trabalho e frear o avanço da desertificação.

O levantamento também reforça a importância de políticas públicas específicas para o semiárido, que combinem ações de proteção social, fomento à agricultura familiar e incentivo a práticas produtivas regenerativas. Nesse contexto, o fortalecimento de parcerias entre governo, iniciativa privada e sociedade civil é apontado como fundamental para enfrentar os desafios econômicos, sociais e ambientais da região.

*Com informações da Agência Brasil

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