Uma indústria inovadora, competitiva, sustentável e com presença global. É esse o futuro que precisamos começar a construir agora. Após décadas de um doloroso processo de desindustrialização, período no qual o setor perdeu continuamente representatividade no cenário econômico nacional, a Nova Indústria Brasil (NIB), acena com a possibilidade de reversão do quadro e abertura de novos horizontes para a indústria nacional.
Os desafios são muitos, e superá-los exige uma tomada de consciência das dimensões de cada passo a ser dado. Somente nas duas últimas décadas a produtividade do trabalho na indústria de transformação caiu 23%, fato agravado especialmente pelo alto Custo Brasil, estimado em torno de 15 a 20% do PIB, que impacta diretamente a nossa competitividade. Acrescente-se a isto a redução da complexidade tecnológica da pauta de exportações, que fez crescer a participação dos bens não industriais de 39,6% para 47,8% em apenas dez anos, enquanto os bens de alta e média complexidade tecnológica reduziram sua participação de 21,6% para apenas 14,5% no mesmo período.
Somos hoje a 16ª maior indústria de transformação do mundo, mas já fomos a 10ª em um passado não tão distante. Atualmente o setor responde por 15,1% do PIB, contra os 30% que representávamos na década de 1980. Entre 2012 e 2022, a economia brasileira cresceu, em média, apenas 0,5% ao ano. Setorialmente, o crescimento médio da agropecuária atingiu 2,7%, os serviços 0,8%, enquanto a indústria de transformação experimentou 1,4% de queda.
Nós temos plenas condições de inverter essa lógica e dar celeridade ao processo de neoindustrialização do país. Para tanto, precisamos promover um redesenho do ambiente de negócios, fortalecendo o ecossistema de inovação, efetivando a reforma e simplificação tributária, facilitando o acesso ao crédito com menores taxas de juros, modernizando o parque industrial do país, desconcentrando a nossa indústria e nos integrando às cadeias globais de valor.
O início do ciclo de redução da taxa SELIC já é um alento, mas não só precisa ser acelerado como carece de uma redução no spread, para que a taxa efetiva cobrada, principalmente aos pequenos negócios, seja compatível com o mercado internacional. A necessidade premente de descarbonização da economia também abre um importante leque de oportunidades, reforçando as vantagens competitivas das energias renováveis que tão bem sabemos produzir, a exemplo das fontes eólica e solar, e do hidrogênio verde, nosso grande trunfo. A economia criativa, a economia verde, a economia do mar, o ESG, são outros fatores essenciais à verdadeira mudança de paradigma em curso.
A Nova Indústria Brasil surge com o propósito de ser um catalizador que nos levará à superação dos desafios aqui expostos. Com a previsão de R$ 300 bilhões em linhas de crédito, priorizando setores vitais como a agroindústria, a saúde, a bioeconomia, a transformação digital e a tecnologia de defesa, a nova política industrial visa incentivar a inovação tecnológica, dar eficiência ao desenvolvimento produtivo, investir na indústria verde e alavancar a participação da indústria brasileira no mercado internacional.
As cartas estão postas, resta-nos trabalhar de forma integrada, unindo forças para transformar essas iniciativas em vetores de aceleração do ciclo de neoindustrialização sonhado. Este é o nosso maior desafio!