Por Beth Koike
Para Valor Econômico – São Paulo
A Unit não vendeu todo seu negócio de medicina. O centro universitário em Sergipe, onde fica a sede do grupo, e a faculdade localizada na cidade de Goiana, em Pernambuco, que têm 250 vagas de medicina, foram mantidas. Não há acordo de preferência em caso de venda futura desses ativos e daqui um ano as duas instituições de ensino vendidas não poderão mais usar a marca Tiradentes.
No pacote de negociações, a Afya se comprometeu a oferecer gratuitamente seus serviços e plataformas digitais de saúde à Unit. A Afya já investiu cerca de R$ 500 milhões em aquisições de produtos digitais como prescrição médica, telemedicina, simuladores de procedimentos etc.
Há muitos anos, a Unit é procurada por consolidadores e investidores. Por volta de 2015, houve conversas para a venda de toda a instituição de ensino, mas a família fundadora sempre resistiu a sair totalmente da área de educação. Diante da forte valorização do negócio de medicina, os fundadores decidiram vender parte desse ativo e há cerca de um ano abriram um processo competitivo com contratação formal de bancos. A transação foi liderada pelo banco Santander. A Afya foi representada pelo Itaú BBA.
Fundada há 60 anos em Sergipe pela família Uchoa, a Unit é o 11º maior grupo educacional de ensino superior do país, com cerca de 32 mil alunos e receita líquida de R$ 436 milhões em 2020, segundo estimativas da consultoria Hoper.
Com a aquisição, a Afya consolida sua liderança no mercado de medicina, com 3,1 mil vagas de medicina e 19,3 mil alunos matriculados. As duas instituições adquiridas devem registrar receita líquida de R$ 261 milhões, com os cursos de medicina representando 87% desse valor, em 2024.
Do valor de R$ 825 milhões já acordado, R$ 575 milhões serão pagos no fechamento da operação e R$ 250 milhões em três parcelas anuais, respectivamente, de R$ 150 milhões, R$ 50 milhões e R$ 50 milhões, ajustados pela taxa Selic. O múltiplo da transação é de 5,8 vezes o valor do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) em 2024. Os recursos da aquisição virão do caixa da Afya. A transação depende de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). (Colaborou Felipe Laurence).