O Brasil é o maior exportador de carne do mundo. Somente em 2023, o país embarcou mais de US$ 10 bilhões em carne bovina para o exterior. Para fazer parte desse mercado, o Piauí está em busca da aprovação internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que concede um selo aos locais autorizados a exportar carne.
O principal requisito para a obtenção do selo é a erradicação da febre aftosa, uma infecção que pode atacar rebanhos inteiros e causar grande prejuízo financeiro. Recentemente, o Piauí foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) como livre da doença. Caso cumpra todos os critérios estabelecidos, como o período de um ano sem vacinação do rebanho e uma boa taxa de imunização, o estado poderá ingressar no mercado internacional de carne bovina.
A expectativa é que a Organização Mundial de Saúde emita a autorização em maio de 2025. Com a possibilidade, o setor pecuário piauiense pode alcançar outros patamares. “Com esse reconhecimento, além de termos um rebanho saudável, poderemos acessar mercados até então inacessíveis, tendo a oportunidade de exportar carne e diversificar nossa economia”, destaca o secretário da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada), Fábio Abreu.
Dados da Seplan apontam que, atualmente, os principais produtos exportados internacionalmente pelo o Piauí são a soja, que corresponde a quase 70% de todas as exportações e o milho, que representa 19,8% dos envios. Produtos como o mel natural e ceras vegetais somam menos de 5% dos exportados. Um pouco da metade (56%) dessa exportação vai para Ásia, e a China é a maior compradora.
O economista Fernando Galvão afirma que a inclusão da carne bovina nesse rol de produtos exportados vai impulsionar a produção no Piauí e estimular a economia local. “Quando o estado se alinhar aos padrões internacionais, teremos a oportunidade de expandir nossas exportações, com a inclusão da carne bovina, um produto de grande demanda internacional. Isso permitirá diversificar nossa pauta de exportação”, explica.
De acordo com a Sada, o Piauí almeja alcançar a marca de 4 milhões de cabeças de gado, enquanto o Brasil inteiro conta com aproximadamente 212 milhões. O estado líder nesse cenário é o Mato Grosso, com 34 milhões de cabeças, representando mais de 14% do total nacional. Embora a futura contribuição do Piauí seja relativamente modesta em comparação com outros estados, fazer parte do mercado de exportação trará mais investimentos ao setor no estado.
“Como estaremos começando, a tendência é que tenhamos uma participação menor em relação a outros estados que estão mais consolidados na produção de carne bovina. Nossa participação seria de apenas 0,01% dentro do todo. Ainda assim, é uma chance de atrair investimentos, aumentar a oferta de criação de gado e profissionalizar os produtores” aponta Galvão.
Além disso, o estado tem concentrado esforços no desenvolvimento de frigoríficos. Recentemente, foi anunciado investimentos em unidades em Ribeiro Gonçalves, Socorro do Piauí e um empreendimento de laticínios em Cristino Castro, visando agregar valor ao produto final.
Outros estados da região Nordeste e Norte do Brasil também estão em busca do selo de aprovação da OMSA, como Maranhão, Bahia, Pará e Amazonas. Atualmente, somente os estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso têm o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação.