Quem é visto, é lembrado, diz um dos mantras do marketing. E nesta linha, a Bahia está modificando seu posicionamento no setor de óleo e gás. Após décadas de pioneirismo na cadeia de petróleo brasileira, a imagem do estado foi se deteriorando à medida em que a produção passou a se concentrar nos mares.
O cenário, que começou a se modificar com a entrada de produtores independentes nos espaços deixados pela Petrobras e com a compra, e modernização, da Refinaria de Mataripe por parte da Acelen, chega ao ápice com a realização da Bahia Oil & Gas Energy esta semana.
Na abertura da feira, mais de 3 mil pessoas lotaram o Centro de Convenções de Salvador, que teve 80% de seu estacionamento ocupado. Em três horas de uma rodada de negócios, mais de R$ 20 milhões movimentados. O evento internacional, promovido pelo Sebrae Bahia, trouxe para o estado a nata da cadeia de petróleo no Brasil e expos oportunidades num mercado desconhecido por boa parte dos baianos.
Impacto econômico
Embora os números de produção e investimentos em terra sejam mais modestos que os previstos no mar, estão longe de ser desprezíveis. A 3R Petroleum, por exemplo, projeta investimentos de US$ 400 milhões (quase R$ 2 bilhões) aqui nos próximos anos.
Com uma produção diária de 26 mil barris de óleo equivalente por dia, a PetroRecôncavo emprega atualmente mais de 1,4 mil pessoas. “Para o futuro, a gente espera chegar em 2026 a cerca de 40 mil barris de óleo equivalente em produção”, destacou João Vítor Moreira, diretor comercial da empresa. Marcelo Costa, CFO do Grupo Priner – que atende empresas como a Acelen, Petrobras e Braskem na Bahia, entre outras –, diz que a Bahia Oil & Gas foi uma grata surpresa.
A empresa atua com serviços de engenharia de manutenção industrial e infraestrutura para produção onshore e offshore em todo o país. Com a chegada de novos players ao mercado, como a própria Acelen, Origem, 3R Petróleo e Petro Recôncavo, a Priner espera um crescimento superior a 20% na região Nordeste pelos próximos três anos. Atualmente, os estados nordestinos respondem por um faturamento de R$ 250 milhões da empresa.
Pleno emprego
Anabal Alves, secretário-executivo da Abpip, entidade que representa os produtores independentes de petróleo no país, destaca o impacto da retomada da produção terrestre na Bahia no mercado de trabalho. “Hoje o cenário que nós temos é de pleno emprego no setor, inclusive para profissionais que estão recém-formados”, conta.
“A Bahia ainda pode crescer muito na produção onshore resolvendo questão do Polo Bahia Terra”, avisa, referindo-se a uma área da Petrobras que está parcialmente interditada pela ANP por questões de segurança. “A cadeia produtiva está animada, tem demanda para tudo”, comemora. Uma das empresas participantes da feira, a Origem Energia, que atua fortemente no mercado de gás, por exemplo, veio à Bahia em busca de talentos.
Turismo
A Bahia Oil & Gas Energy foi uma grata surpresa também para para representantes do turismo aqui no estado. “Essa feira está sendo muito importante para o nosso turismo, primeiro por trazer um fluxo significativo de pessoas, mas também porque fortalece a Bahia no cenário de grandes eventos e de importantes encontros de negócios”, destacou o presidente da ABIH-Ba, Luciano Lopes.
“Salvador vai voltando a se consolidar não apenas como um destino de lazer, mas também de negócios”, diz. “Essa capacidade de ser atrativa para lazer e negócios é muito importante para a indústria do turismo porque ajuda a reduzir a sazonalidade. Temos certeza que muita gente que passou a semana trabalhando na feira vai esticar para curtir o final de semana”, aposta Lopes.