Por Vitor da Costa
Para O Globo – Rio
O dólar opera em alta ante o real enquanto a Bolsa cai nesta segunda-feira, refletindo um sentimento de maior aversão ao risco no exterior. O mercado financeiro global observa com temor a situação da gigante imobiliária chinesa Evergrande e seu impacto para outros mercados, como o de commodities.
Esta semana é decisiva para a empresa, pois ela tem várias dívidas a vencer até quinta-feira, e o temor é de calote. A companhia é a incorporadora mais endividada do mundo, com US$ 300 bilhões em débitos.
Por volta de 15h, o dólar subia 0,99%, negociado aos R$ 5,3392, após atingir a máxima de R$ 5,3563. No mesmo horário, o índice Ibovespa tinha baixa de 3,18%, aos 107.896 pontos, pressionado pelo desempenho ruim da Vale e de empresas de siderurgia.
O número é próximo do menor fechamento diário do Ibovespa, que é de 110.035 pontos, registrados no dia 26 de fevereiro
Focus: Mercado vê juros acima de 8% e crescimento do PIB abaixo de 2% em 2022
Em meio a um feriado em vários mercados asiáticos, as ações da Evergrande desabaram10,24% em Hong Kong, derrubando a bolsa local, que fechou em queda de 3,3%. O movimento negativo contaminou as bolsas europeias, que fecharam em queda, e as americanas.
A Bolsa de Londres cedeu 0,86% e a de Frankfurt, 2,31%. O índice CAC 40, da Bolsa de Paris, teve queda de 1,74%.
As bolsas americanas também apresentavam sinais negativos. Por volta de 15h, no horário de Brasília, o índice Dow Jones cedia 2,16% e o S&P, 2,23%. A Bolsa de Nasdaq caía 2,56%.
Risco de calote
Segunda maior incorporadora da China, com mais de 1.300 projetos em 280 cidades chinesas, a Evergrande precisa pagar US$ 83,5 milhões em juros de uma dívida até quinta-feira. Outro débito menor mas de valor não divulgado, vencia nesta segunda-feira, com carência até amanhã, e o temor é de um calote.
O temor dos analistas é de contágio para o setor financeiro chinês e também para outras incorporadoras do país. Há dúvidas se o governo chinês estaria disposto a fazer um resgate da empresa. A Evergrande é um conglomerado que inclui, além da incorporadora, negócios com carros elétricos, mídia e tecnologia e até um time de futebol. Seu principal acionista e presidente, Hui Ka Yan, é membro do Partido Comunista há 35 anos e seria próximo do núcleo do poder em Pequim.