Por Milena Brasil
Para EPBR
BRASÍLIA – Em declaração conjunta divulgada nesta sexta (14/4), Brasil e China afirmam estar comprometidos com o diálogo bilateral para promover a transição energética e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) “de forma justa e equitativa”, globalmente.
Os dois países afirmam que irão cooperar em pesquisas para desenvolver tecnologias de descarbonização das matrizes energéticas, com ênfase em bioenergia, hidrogênio e combustíveis sustentáveis para aviação (SAF, na sigla em inglês). E observam a necessidade de considerar as características regionais.
A China, por exemplo, é altamente dependente de carvão, embora tenha lançado mão de políticas nos últimos anos para alavancar a expansão de renováveis na geração interna. O país asiático também concentra 80% do suprimento global para painéis solares.
“As duas partes reconheceram a importância de que a transição energética e a mitigação das emissões no plano doméstico e global de maneira justa e equitativa, que leva em consideração as especificidades das realidades nacionais, o aumento da demanda por energia e o imperativo da segurança energética”, diz um trecho do documento.
Além do compromisso com as políticas de energia limpa, os países agora traçam estratégias para a retomada de investimentos mútuos na economia.
“As duas partes concordaram em incentivar ativamente empresas dos dois países a fazer investimentos recíprocos, em particular nas áreas de infraestrutura, transição energética, logística, energia, mineração, agricultura, indústria, sobretudo de alta tecnologia”, continua o comunicado.
Nesta sexta (14/4), em Pequim, os líderes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping firmaram 15 acordos comerciais e de parceria envolvendo o governo brasileiro e o chinês. Desde o início desta semana, Lula (PT) realiza uma visita oficial à China.
Os chefes de Estado estiveram presentes em cerimônia para a assinatura de termos que incluem a cooperação do aprimoramento tecnológico, intercâmbio de conteúdos de comunicação e a expansão das relações comerciais entre os dois países.
Os memorandos de entendimento entre Brasil e China vão englobar os ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICs) e Comunicações (MCOM).
A cooperação entre MDIC e seu par chinês abrange diversas áreas, entre elas, exploração e utilização de energias renováveis, infraestrutura e logística, biotecnologia, tecnologias verdes e agroindústria. E estabelece um plano de trabalho para “lidar com barreiras burocráticas que dificultam as vendas para a China”, segundo informações do próprio ministério.
O memorando de cooperação industrial inclui desenvolvimento e processamento de minerai, exploração e utilização de hidrocarbonetos, eletricidade e energias renováveis, construção e operação de estradas, ferrovias, aeroportos, portos, logística de armazenamento, gasodutos, pontes e rede de transmissão.
O incentivo às empresas dos dois países poderá ocorrer por meio de investimentos, transferência de tecnologia, Parcerias Público-Privada (PPPs) e contratação de projetos.
Na quinta (13/4), o presidente Lula defendeu a colaboração dos países emergentes para o enfrentamento às desigualdades e propôs uma alternativa ao dólar para as transações comerciais entre os membros do BRICS – composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.