Por Gabriela Palmeira
Distante dos tradicionais circuitos carnavalescos Barra-Ondina em Salvador (BA), do Marco Zero recifense e do sobe e desce das ladeiras de Olinda (PE), outros estados nordestinos ganham notoriedade neste carnaval, tornando-se responsáveis por movimentar as redes hoteleiras e reoxigenar a economia após dois anos sem festejos oficiais por conta da pandemia de Covid-19.
No Rio Grande do Norte, o setor hoteleiro espera “uma ocupação média acima de 80% para este período de carnaval. Quase todos os destinos do estado possuem programação cultural e musical, o que faz com que as cidades atraiam mais turistas e visitantes”, destaca Abdon Gosson, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-Rio Grande do Norte (ABIH-RN).
A plataforma de turismo 123Milhas informou que a Cidade do Sol, Natal (RN), é o terceiro lugar mais vendido para o carnaval brasileiro desse ano. Além da capital, os destinos potiguares mais procurados são Pipa, São Miguel do Gostoso, Baía Formosa, Caicó e Galinhos. “O turismo é hoje a indústria que mais gera empregos no estado, desenvolvendo uma cadeia de atividades com mais de 120 mil vagas diretas de trabalho, podendo chegar a 300 mil postos quando se consideram os indiretos e terceirizados”, indica Gosson.
Para o presidente da ABIH/RN, o carnaval pós Covid-19 será diferente em relação aos anteriores: “As pessoas estavam sem festas, sem poder viajar por conta da pandemia. Com o retorno dos grandes eventos como o carnaval, elas estão dispostas a gastar mais e, assim, movimentar o turismo e a economia do estado”, explica.
Os números positivos que envolvem a economia potiguar também alcançam Alagoas e Ceará. As capitais Maceió e Fortaleza estão em 5º e 8º lugares, respectivamente, na lista dos 10 destinos mais procurados da 123Milhas. “Uma média de R$100 milhões de movimentação econômica”, informa a Secretaria de Estado de Turismo de Alagoas (Setur-AL) sobre o retorno financeiro esperado para o carnaval deste ano. Além disso, “a taxa de ocupação hoteleira para o Carnaval aqui em Alagoas está em 90%”, informa a assessoria de comunicação da pasta.
Os destinos alagoanos mais procurados são Maceió, Maragogi, Marechal Deodoro (Praia do Francês), São Miguel dos Milagres (Rota Ecológica), Barra de São Miguel (Praia do Gunga) e Piranhas (Rio São Francisco).
Fora do eixo carnavalesco tradicional cearense, Aracati, cidade da popular praia de Canoa Quebrada, estima receber 400 mil pessoas por dia durante o carnaval, com expectativa de alcançar 95% de ocupação hoteleira. A cidade optou por valorizar e fomentar a cultura local, fazendo com que 60% das apresentações musicais fossem de artistas da terra. A atitude incentiva e injeta dinheiro na economia criativa do lugar.
Mas se o carnaval é considerado a maior festa pagã do Brasil, a prefeitura de Campina Grande, na Paraíba, investe no turismo religioso que a data pode proporcionar. O “Carnaval da Paz”, que pretende reunir seis eventos religiosos durante o período, já oferece impactos positivos na rede hoteleira e no turismo da cidade. A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Campina Grande-PB espera que a vinda de turistas injete receita na economia local, gerando um aumento de 8% a 10% no faturamento do comércio varejista, hotéis, bares e restaurantes.
O ano de 2023 marca a retomada 100% presencial do “Carnaval da Paz”, que contará com os eventos Consciência Cristã, Crescer, E-Além, Acampamento Verbo da Vida, A Palavra Revelada e Nova Consciência.
Os festejos carnavalescos que passam distante dos circuitos tradicionais mostram-se fundamentais para fortalecer o turismo pós pandemia, e assinalam a retomada da economia nordestina nessa época.