O Ceará receberá US$ 2 bilhões de investimentos iniciais de um consórcio europeu para produzir hidrogênio verde no Complexo Industrial Portuário do Pecém (CIPP). O protocolo de intenções foi assinado na última semana entre o governo do estado e o grupo intitulado Transhydrogen Alliance, formado pelas empresas Proton Ventures, Trammo, Global Energy Storage e VARO.
O acordo prevê a produção de 500 mil toneladas de hidrogênio verde por ano, considerado o combustível do futuro. O Ceará é o primeiro estado brasileiro a investir nessa tecnologia por meio de um hub de hidrogênio instalado no CIPP. A proposta é exportar o hidrogênio verde (H2V) por meio do porto para a Holanda.
Enegix, White Martins, Qair, Fortescue e EDP estão entre as empresas que já haviam oficializado interesse em fazer parte do hub. A Agência Alemã de Cooperação Internacional também anunciou o aporte de 34 milhões de euros para a construção de uma planta piloto no Brasil nos próximos dois anos. A iniciativa alemã, denominada H2 Brasil, propõe importar o hidrogênio verde produzido aqui.
Os anúncios de novos investimentos estão sendo feitos sob os holofotes da COP26, conferência da ONU sobre mudança climática realizada desde domingo na cidade escocesa de Glasgow. Governos nacionais e empresas privadas correm para demonstrar ao mundo seus esforços na transição para uma economia de baixo carbono. Iniciativas para reduzir a dependência e a produção de combustíveis fósseis fazem parte desses esforços.
Uma comitiva do governo do Ceará esteve na última semana em visita à planta de produção de H2V da Neoenergia, na Espanha. A empresa é uma subsidiária da Iberdrola e assinou recentemente memorando para a realização de estudos de viabilidade para implantar um empreendimento semelhante no estado.
O hidrogênio verde é um combustível produzido por meio de uma transformação eletroquímica. Ele é estudado como fonte de energia limpa para transporte. O H2V é a fonte para os chamados veículos movidos a células de combustível, considerada mais eficiente do que a eletricidade comum.
Na Espanha, as instalações na cidade de Puertollano vão gerar 20 MW em energia a partir do próximo ano, além de serem abastecidas por uma usina fotovoltaica de 35 MW. Mas esta será apenas a primeira fase de produção da empresa. A planta, que conta também com investimentos da Fertiberia (empresa de fertilizantes), deverá receber R$ 1,8 bilhão de euros até 2027 para a produção total de 830 MW de hidrogênio verde.
O fomento para investimentos semelhantes no Brasil deve passar, antes, pela criação de um marco regulatório nacional, além da divulgação sobre as potencialidades do H2V como combustível.