Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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17 de maio de 2024 16:16

EXCLUSIVO! Chegada do 5G aquece a economia do Nordeste

EXCLUSIVO! Chegada do 5G aquece a economia do Nordeste

Cerca de 30 mil antenas serão instaladas nos próximos oito meses. Fortaleza é a única capital do Nordeste preparada para a chegada do 5G

Por Fabíola Lago
Para Investindo Por Aí

 

A chegada da tecnologia 5G – que é a quinta geração de conexões de internet móveis com o maior alcance e velocidade já vistos – ao Nordeste vai mudar a vida das pessoas e empresas, aumentar a competitividade e estimular o empreendedorismo, já que permitirá a interconexão de diversos outros equipamentos em casa ou no escritório. Com isso, a região ganha mais um forte indicador de crescimento econômico para 2022.

Além do previsível aumento no turismo interno, motivado pela alta do dólar, a implantação da nova rede deve incrementar o mercado de infraestrutura de telecom, com a demanda de instalação de milhares de novas antenas, fibra ótica, adaptação de softwares e a cobertura de conexão 4G em cidades de menor porte. Escolas públicas, rodovias e estradas serão alcançadas por sinais à longa distância, conforme previsto no edital do leilão de concessão, realizado pela Anatel no último dia 4 de novembro.

A cearense Brisanet, vencedora do lote de cobertura da região para a faixa 3,5 GHz, será a responsável por essa expansão e assume o direito de exploração da concessão. A empresa ofertou R$ 1,25 bilhão pela área de concessão do Nordeste, surpreendendo o mercado em novembro. Até julho de 2022, todas as capitais nordestinas já deverão se beneficiar com a “nova internet”. Caberá à Brisanet, por exemplo, levar internet às áreas com menos de 30 mil habitantes, permitindo a interiorização da tecnologia digital. Essa meta deve ser alcançada até 2028.

Em todo o Brasil, a previsão é a de que os investimentos e receitas permitidos pela nova tecnologia agreguem aproximadamente R$ 6,5 trilhões ao PIB nacional durante a vigência dos contratos derivados do leilão (20 anos), de acordo com o governo federal. Só a Brisanet pretende investir R$ 2 bilhões até 2030 para chegar às menores localidades. A empresa já está presente em sete capitais do Nordeste, à exceção de São Luis (MA) e Salvador (BA).

Para o especialista em telecomunicações, Beto Macedo, diretor executivo de Desenvolvimento e Operação do CESAR, centro de inovação que integra o Porto Digital, em Recife (PE), a expectativa é grande. “Trata-se de um salto tecnológico qualitativo, mas produtos e serviços altamente inovadores não chegarão repentinamente. Para que eles surjam, é preciso ter a rede instalada. Essa demanda, com certeza, é a primeira onda de impacto econômico significativo: a de infraestrutura, com a geração de milhares de empregos”, avalia Macedo.

 

Infraestrutura

“Por trabalhar em frequências maiores, a quantidade de torres deverá crescer para possibilitar o atendimento à demanda exigida. Estima-se que a tecnologia 5G exija cinco vezes mais antenas do que a quantidade necessária para atender a tecnologia 4G”, concorda Grinaldo Oliveira, coordenador geral de Infraestrutura de TI da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia.

Para o gestor, neste novo cenário de mais infraestrutura de telecomunicação, o Brasil estará na rota de fornecedores mundiais. “A tecnologia 5G irradia o sinal que provém de redes de distribuição em fibra ótica. Assim, espera-se um crescimento neste tipo de infraestrutura para suportar as novas taxas de transmissão”, diz Oliveira.

 

Equipamentos

Segundo levantamento da Anatel realizado em setembro deste ano, só nas capitais do Nordeste existem 5.913 ERBs (estações de rádio base) 4G. Ou seja, a previsão é de quase 30 mil antenas a serem instaladas em apenas oito meses. Macedo ressalva que, em muitas estações, trata-se apenas de uma adaptação tecnológica, instalação de um novo software, mas a maioria será de novos equipamentos.

Isso justifica a criação de indústrias nacionais para produção de antenas? “Não, porque trata-se de um equipamento produzido mundialmente. Diferente da última geração de antenas, onde era preciso um container para alojar sua tecnologia, as antenas 5G não são muito maiores que uma caixa de sapato, e podem ser instaladas em postes já existentes. A dificuldade fica por conta da sobrecarga dessas torres que já suportam tantos outros serviços”, observa o especialista em inovação. Para Macedo, o mais provável é a importação ou, no máximo, a depender da demanda em nível nacional, criar montadoras do equipamento no Brasil.

 

Conexão

Mas o 5G não é a única estrela da retomada econômica no Nordeste. No lote arrematado em leilão, a ganhadora Brisanet também deverá expandir a rede de fibra ótica e levar o 4G para milhares de municípios que ainda não possuem cobertura de internet eficiente. Escolas públicas, estradas e rodovias também estão no pacote.

Cerca de 33 milhões de pessoas que moram fora das capitais serão beneficiadas, não só com a inclusão digital, mas com acesso a vídeos com melhor qualidade, incremento de novos negócios, comércio eletrônico, melhor performance de empresas de logística com rastreamento mais efetivo.

Até 2029, mais de 2.500 pequenas e médias cidades contarão com tecnologia 5G, cumprindo os compromissos do leilão e as metas definidas pela Anatel, agência que regula o setor de telecomunicações.

 

Legislação municipal

Além de toda a demanda técnica, a chegada do 5G também enfrentará a difícil burocracia que regulamenta a instalação de antenas, uma vez que cada município possui uma legislação própria.

Segundo a Conexis Brasil Digital, entidade que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade do país, nesse momento, Fortaleza é a única capital do Nordeste preparada para receber a chegada do 5G. A cidade já aprovou a Lei Complementar nº 230, de 2017, que revoga a legislação ultrapassada, de 2004, e que já foi construída com alta aderência à Lei Geral de Antenas, que é uma legislação federal de 2015.

A governança digital da capital cearense também oferece um sistema de Licenciamento Digital que pode ser feito de forma 100% virtualizada, facilitando trâmites para a implantação da nova tecnologia

 

E o cenário futurista, chegará?

Drones que fazem entregas, carros autônomos, cirurgias realizadas remotamente, tudo pode ser possível, mas dependerá inicialmente, segundo Macedo, da total instalação do 5G, cuja estimativa é entre dois e sete anos. Em segundo lugar, a diversidade e sofisticação no uso da tecnologia dependerá da própria relação no dia a dia de usuários finais e empreendedores com as novas possibilidades. São eles que vão vivenciar demandas específicas de consumo, produtividade e negócios. Dessa experiência surgirão as inovações.

“A telemedicina, que foi um experimento durante a pandemia e mostrou sua eficácia, pode ser intensificada. Por exemplo, uma ambulância equipada com 5G pode enviar dados do paciente socorrido, ainda em trânsito, imediatamente ao hospital. O paramédico poderá ser orientado por um médico remotamente, utilizando óculos com câmera que permita ver os traumas do paciente”, explica o diretor do CESAR, em Recife. Se em um primeiro momento, somente hospitais privados e pessoas com planos de saúde poderão utilizar esses serviços, para Macedo, tudo é uma questão de tempo, porque a tendência das novas tecnologias é o barateamento do chip, e inevitavelmente, pouco depois, a popularização dos serviços.

Macedo acredita ainda que, além de comércio e serviços, a indústria também pode ganhar muito em produtividade com o 5G, em qualquer cadeia produtiva. Manutenção de máquinas e equipamentos podem ser realizadas remotamente, por meio de óculos de realidade aumentada, em que o técnico poderá receber instruções graças à baixa latência (alta velocidade do envio e recebimento do pacote de dados), dispensando o processador nos próprios óculos utilizados atualmente e pouco eficientes.

Sensores podem ser aplicados também no agronegócio, permitindo monitoramento remoto de irrigação de grandes extensões, umidade, volume de água, entre outros detalhes.

Se 2020 será a década da infraestrutura do 5G, 2030, com certeza, será da produtividade, com adventos que só serão possíveis graças à velocidade da internet. Mas para Macedo, o maior desafio continua sendo a universalização das novas tecnologias para que todos tenham acesso. “E essa onda, quem deverá liderar é o governo”, conclui.

 

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