Por Bruna Furlani
Para Infomoney
SÃO PAULO – Com a inflação persistente e mais espalhada por bens e serviços, crise hídrica ganhando contornos mais preocupantes e receios de que reformas de grande peso fiscal sejam postergadas, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve o plano de voo na reunião desta quarta-feira (22).
Atendendo às expectativas da mediana do mercado, a autoridade monetária elevou os juros em um ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano. Esse foi o quinto aumento consecutivo e o segundo de 1 ponto.
No comunicado, os dirigentes afirmaram que “essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023”.
Para o Comitê, neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam “ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista”.
“O Copom considera que, no atual estágio do ciclo de elevação de juros, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e, simultaneamente, permitir que o Comitê obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques”, destacaram os dirigentes.
Já para a próxima reunião, o Comitê disse que prevê outro ajuste de mesma magnitude para a taxa básica de juros.
Na visão do mercado, no entanto, o afastamento cada vez maior da inflação em relação ao centro da meta deste ano e de 2022 vai exigir um esforço maior por parte do Banco Central em acelerar o ritmo de alta da básica de juros, a Selic.
Conforme mostrou o último relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (20), os economistas consultados pelo Banco Central agora estimam uma taxa de juros de 8,25% ao fim deste ano, acima dos 8,00% esperados anteriormente. Para 2022, as expectativas também tiveram uma piora, de 8,00% para 8,50% ao ano.