Por João Paulo Saconi
Para O Globo – Coluna Lauro Jardim
Clientes inseridos na lista virtual de contatos da GAS Consultoria Bitcoin, a empresa de Glaidson Acácio dos Santos, o “faraó do bitcoin”, estão recebendo mensagens que amenizam, de maneira questionável, a situação do ex-garçom diante do Judiciário.
Preso desde agosto no Complexo de Gericinó, no Rio, Glaidson é investigado por atuar numa organização criminosa responsável por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas em Cabo Frio (RJ). O sócio dele, Tunay Pereira Lima, também é alvo da apuração, bem como outras 15 pessoas.
Além dessas acusações, o “faraó” chegou a ser transferido para uma unidade de segurança máxima após uma vistoria ter encontrado celulares e picanha no espaço em que ele estava detido. A transferência, no entanto, foi suspensa após a conclusão de que Glaidson não tinha relação com os itens apreendidos.
Com base nesta suspensão, clientes de Glaidson receberam o seguinte texto:
“A GAS informa que após Glaidson ter sido absolvido no dia 6, contra a denúncia de entrada de celulares e alimentos na cadeia, o que foi mais uma vitória, informamos que no próximo dia 19 será sua audiência assistida o pedido de HC e possível desbloqueio das contas (…)”.
O uso do termo “absolvido” não se aplica a esse contexto, já que não houve decisão judicial isentando Glaidson de qualquer crime. A defesa dele justifica que se trata de um uso informal, e não técnico, da palavra.
Ao mesmo tempo, o habeas corpus mencionado tem poucas chances de prosperar, ainda que a GAS tenha prometido “boas respostas para todos” após o dia 19. Dois dos três desembargadores responsáveis pelo julgamento mantiveram, na quinta-feira, a prisão de Tunay. E a tendência é que os magistrados adotem posição semelhante diante do pedido de soltura do “faraó”.