Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
11 de novembro de 2025 02:32

Cooperativa de Pernambuco aposta na apicultura como alternativa sustentável para geração de emprego e renda

Cooperativa de Pernambuco aposta na apicultura como alternativa sustentável para geração de emprego e renda

Barreiros, na microrregião da Mata Sul pernambucana que engloba mais outros 23 municípios, começa a despontar com uma atividade que nunca teve tradição por aquelas bandas: a apicultura. A novidade surge com a promessa não só de diversificar os negócios da região, mas também como alternativa sustentável de geração de emprego e renda à comunidade local. Isso foi possível graças a uma iniciativa da Cooperativa Agrícola de Assistência Técnica e Serviços (Cooates), que tem 23 anos, trabalha com extensão rural, assistência técnica, elaboração de projetos e consultoria a pequenos agricultores familiares, mas resolveu diversificar os negócios.

Foto: Cooates

O mel e o própolis vermelho, primeiros produtos a serem fabricados e comercializadas pela nova marca da cooperativa, a Vale do Una, chegam às prateleiras dos supermercados e farmácias locais e vão ser apresentados a pelo menos dois mercados internacionais ainda este mês.A marca irá participar de duas ações de promoção de seus produtos visando iniciar a exportação para os Emirados Árabes e a Coréia do Sul.

No primeiro país, os produtos serão apresentados a 50 potenciais compradores empresariais em uma rodada de negócios; no segundo, a outros 80 que participarão da Seul Food, feira anual que promove o encontro entre empresas com importadores, distribuidores e compradores da indústria de varejo, catering e hotelaria.

A apicultura começou a ser explorada pela Cooates no ano passado. De lá para cá, a primeira conquista da cooperativa, que nessa atividade conta com 23 cooperados, foi conseguir aprovar na Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) o projeto para implantação, em Barreiros, da unidade de beneficiamento.  Ao longo de um ano, a cooperativa conseguiu resolver todos os trâmites legais possíveis para registrar o negócio, incluindo o recebimento do selo S.I.F. (Serviço de Inspeção Federal), do Ministério da Agricultura.

“Inauguraremos a unidade ainda este mês. Temos hoje cem colmeias instaladas, com perspectivas de que este número chegue a 500 em dois anos”, diz o presidente da Cooates, José Cláudio da Silva, acrescentando que a produção de mel para este ano deve chegar a 10 toneladas.

De acordo com o presidente da Cooates, a cooperativa resolveu explorar a atividade com a perspectiva de desenvolver um arranjo produtivo local com um processo de industrialização e comercialização. “Naquela região, principalmente no município de Barreiros, há apicultores, mas que não trabalham no processo de exploração. É mais para segurança alimentar, com uma ou duas colmeias cada pessoa”, lembrou José Cláudio.

Três floradas
A Cooates conta com três apiários, cada um com uma florada (conjunto de plantas que oferecem o néctar às abelhas) diferente: Florada da Caatinga (em Moreilândia, no Sertão), da Mata Atlântica e do Manguezal, estas duas últimas em Barreiros, mas em áreas distintas. Uma das floradas está longe do munícipio para que se obtenham características organolépticas (cor, sabor, aroma) diferentes, que estão sujeitas à preferência e aceitação do consumidor.

Todo o processo depois da retirada das melgueiras (decantação, centrifugação, controle de qualidade, envasamento etc.), no entanto, é realizado na unidade de beneficiamento, em Barreiros. A atividade de apicultura da cooperativa está gerando, segundo José Cláudio, 150 empregos diretos e 350 indiretos, números que podem quintuplicar dentro dos dois próximos anos. O mel será comercializado em quatro tipos de embalagens que vão de 250 gramas a 700 gramas, com preços que variam de R$ 31,99 a R$ 79,90. O extrato de própolis vermelho terá frascos de 30 ml vendido por R$ 46,00.

A marca Vale do Una nasce com um diferencial. Todos os projetos procuram incentivar e ajudar a desenvolver iniciativas que protejam o meio ambiente, preservando a biodiversidade. Procura, ainda, promover o desenvolvimento sustentável com as comunidades locais e programas de educação ambiental, capacitar as comunidades e propor alternativas de geração de renda para reduzir o impacto ambiental dessas áreas.

“A gente já desenvolve ações de sustentabilidade, fazemos resgate das abelhas na áreas urbanas, de degradação ambiental e queimadas para dar a elas um destino de segurança, de proteção à espécie. Com isso, levamos ao consumidor um mel de excelente qualidade, produzido também por uma abelhas resgatadas dessas áreas”, esclareceu José Cláudio.

Segundo ele, o resgate de enxames em locais inapropriados que oferecem risco às pessoas ou em áreas de degradação ambiental é feito a partir de solicitações pelas redes sociais ou por chamadas telefônicas à Cooates. “A gente envia uma equipe para fazer o resgate, usando técnicas apropriadas, com toda a segurança para dar um destino correto à espécie”, lembrou.

Mercado internacional
A prospecção do mercado externo pela Vale do Una foi viabilizada graças a um acordo entre a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), esta última entidade vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. A formação para a Cooates se deu dentro do Programação de Capacitação e Exportação da Apex Brasil (PEIEX), que atende, atualmente, 25 cooperativas em todo o País.

A ideia dessa capacitação, que possui duração entre três e seis meses, é preparar as cooperativas para ingressarem no mercado internacional com um direcionamento que vise a um resultado promissor. “É um programa que considera mais de 20 assuntos referentes à exportação, trazendo conhecimentos administrativos, aduaneiros, comerciais, financeiros e logísticos sobre o mercado internacional”, afirmou Maurício Manfri, monitor do Núcleo de Cooperativas do PEIEX.

Manfri acrescenta que, dentro dessa capacitação, a cooperativa tem acesso a ações de promoção como missões comerciais, rodadas de negócios e feiras internacionais. A Cooates e demais cooperativas que integram o PEIEX ingressaram na formação por meio de uma seleção realizada em todo o Brasil. Elas não pagam pela formação, e, após o processo, que inclui encontros virtuais e consultorias, são direcionadas ao processo de levar seus produtos a mercados internacionais.

Para Manfri, o modelo de cooperativa no Brasil é a forma mais fácil para pequenos produtores chegarem ao mercado internacional. “O modelo cooperativo permite que os pequenos juntem as suas forças produtivas. Juntos, os cooperados conseguem quantidade adequada e recurso financeiro para pagar pelo processo de chegada no mercado externo”, explicou.

Pernambuco está entre os dez maiores produtores de mel do Brasil. No Nordeste, o Estado ocupa a quarta colocação no ranking. De acordo com os últimos dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado fabricou 1.248.005 quilogramas de mel em 2021. O País registrou, no mesmo ano, um recorde na produção de mel. Foram 55.828.154 quilogramas, um aumento de 6,4% na comparação com 2020, segundo a Pesquisa Pecuária Municipal, do IBGE.

👆

Assine a newsletter
do Investindo por aí!

 

Gostou desse artigo? compartilhe!

Últimas

aeroporto
Data centers
balança comercial
Rudrigo Araújo
Governo Piauí
Carreta da saúde
Dessal Ceará (1)
Ministério dos Transportes
leilões
Combustível

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

div#pf-content img.pf-large-image.pf-primary-img.flex-width.pf-size-full.mediumImage{ display:none !important; }