Por Kamilla Abely
Para o Investindo Por Aí
Neste domingo (02/10), mais de 120 milhões de brasileiros compareceram às urnas para escolher seus deputados federais e estaduais, governadores, senadores e presidente nas eleições de 2022. Com votação acirrada, o candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), obteve 48.43% dos votos válidos e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição, contabilizou 43.20%. Ambos vão disputar o segundo turno, que acontecerá no último domingo do mês de outubro (30).
No Nordeste brasileiro, a esquerda se manteve firme e o apoio ao ex-presidente Lula somou 12,9 milhões de votos de vantagem em relação a Bolsonaro, dando-lhe a liderança neste primeiro turno das eleições. Para o secretário da Fazenda de Alagoas, George Santoro, o resultado na região com Lula abrindo ampla vantagem na região ficou dentro do esperado.
“Isso reflete um pouco a falta de atenção do governo Bolsonaro com a região Nordeste. Tivemos uma queda bem grande nos investimentos federais nos últimos 4 anos e nenhuma política pública nova foi implementada pelo governo federal. Dessa forma, fica claro que a população Nordestina, principalmente a mais pobre, respondeu nas urnas”, ressaltou Santoro.
No cargo de governador, na região nordestina, o PT liderou nos estados da Bahia (Jerônimo Rodrigues), Ceará (Elmano de Freitas), Sergipe (Rogério Carvalho), Piauí (Raul Fonteles) e Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra). Já os aliados do partido lideram em outros três: Pernambuco (Marília Arraes, do Solidariedade), Maranhão (Carlos Brandão, do PSB) e Paraíba (João Azevedo, do PSB).
Para a cientista política, Luciana Santana, o segundo turno presencial deve ser marcado por uma campanha intensa e agressiva pela corrida para conquistar votos. Ela ressalta ainda a baixa representatividade das mulheres nas eleições: “infelizmente, tivemos um aumento muito pequeno de mulheres eleitas no país. No caso de Pernambuco, temos o importante pleito entre duas mulheres para o cargo de governadora, que vai ser interessante de acompanhar.”
Em Alagoas, o líder, Paulo Dantas (MDB), embora seja de um partido que não está na coligação de Lula, é apoiado pelo ex-presidente e integra o grupo do senador Renan Calheiros – principal aliado de Lula no MDB. Em entrevista exclusiva para o Investindo Por Aí, o senador eleito em Alagoas com 56,92% dos votos válidos, Renan Filho (MDB), comentou sobre o resultado das eleições no estado alagoano.
“É uma felicidade enorme ter sido reconhecido pelos alagoanos como o candidato mais capaz de representar o estado em Brasília no momento em que o País precisa reencontrar o crescimento econômico, a geração de emprego e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. É exatamente com essa expectativa e com esses planos que eu vou para Brasília”, destacou Renan.
Ao comentar sobre a expectativa para o segundo turno das eleições, Renan Filho afirmou que o MDB obteve uma grande vitória com o governador Paulo Dantas, seu substituto eleito indiretamente pela Assembleia em maio, com cerca de 20% de votos acima do segundo colocado. Segundo ele, o momento é de redefinição das estratégias no campo da política e de debater as ideias com clareza. Ele acredita ainda que Paulo fará um grande segundo turno e será reeleito. No campo federal, a expectativa é que o candidato e ex-presidente Lula também lidere uma ampla discussão acerca dos problemas do Brasil e possa convencer ainda mais brasileiros a comparecerem às urnas e escolherem seu representante em Brasília.
Fortalecimento de Bolsonaro
Em algumas regiões do país, como sul e centro-oeste, foi possível observar um aumento na eleição de políticos da direita, apoiados por Bolsonaro, que constituirão o Congresso Nacional em 2023. De 27 vagas no Senado, foram 14 eleitos com o apoio de Bolsonaro, turbinando especialmente a bancada do Partido Liberal (PL) – partido do presidente.
Além da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, pelo Mato Grosso do Sul, e de Damares Alves, que chefiou a pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos e foi eleita para o DF, venceram as eleições também Marcos Pontes (ex-Ciência e Tecnologia, em São Paulo), Rogério Marinho (ex-Integração Nacional escolhido pelo Rio Grande do Norte) e o ex-secretário da Pesca Jorge Seif, eleito por Santa Catarina.
Luciana Santana, cientista política, enfatiza que só será possível traçar um cenário com exatidão a partir do resultado do dia 30 de outubro e destacou que “essa onda conservadora não é nova, o congresso já tinha um perfil muito conservador, e isso só intensificou porque muito desse conservadorismo está linkado e alinhado diretamente à Bolsonaro. Resta saber se esse congresso eleito vai estar pré-disposto a aprovar projetos que sejam sensíveis à população ou contrários ao que a população espera.”