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26 de julho de 2024 19:34

EXCLUSIVO: Brisanet antecipará investimentos para o 5G em 3 anos

EXCLUSIVO: Brisanet antecipará investimentos para o 5G em 3 anos

Além das nove capitais, quase 5 mil municípios previstos para receber cobertura 4G, pelo compromisso de abrangência, ainda não atualizaram sua legislação para instalação de torres e antenas

Por Danielle Santoro
Para Investindo Por Aí

A Brisanet, empresa de telecomunicações que arrematou as áreas de concessão da tecnologia 5G de telefonia móvel no Nordeste e no Centro-Oeste do Brasil, afirmou que antecipará em três anos os investimentos exigidos pela Anatel nas duas regiões.

A afirmação foi feita pelo fundador e presidente do grupo, Roberto Nogueira, durante teleconferência na última terça-feira (16 de novembro) a analistas do mercado para a apresentação dos resultados financeiros da companhia no terceiro trimestre do ano.

Segundo Nogueira, os aportes em infraestrutura de fibra já faziam parte do plano de negócios da Brisanet, o que permite folga para cumprir os compromissos exigidos pela agência reguladora. Os investimentos em fibra óptica e 5G andam juntos, na opinião do executivo. A empresa assumiu um plano de investimentos na ordem de R$ 1,25 bilhão até 2028, conforme a primeira das três reportagens da série sobre o impacto do 5G no Nordeste publicadas pelo Investindo Por Aí.

“O mercado não compreendeu bem a proposta da Brisanet no leilão”, lamentou Nogueira ao final da teleconferência desta terça-feira. As ações da empresa (BRIT3) na B3 sofreram forte pressão ao longo do dia do leilão, mas acabaram negociadas com alta de 1,7% em relação ao fechamento anterior. Desde o IPO da empresa, em julho deste ano, os papéis já acumulavam perdas aproximadas de 45% até o dia subsequente ao leilão. Ontem, a ação fechou o pregão negociada a R$ 6,21 (lembrando que a tranche primária de ações fechou seu primeiro dia de negociações em julho em R$ 13,92, data do IPO, quando movimentou R$ 1,4 bilhão).

Nogueira explica, porém, que o ágio de 13.741% pago pela Brisanet em relação ao preço mínimo (de R$9 milhões) não fere o caixa da empresa. Para cumprir o compromisso de levar o serviço 5G para 1.423 municípios com menos de 30 mil habitantes no Nordeste, a companhia antecipará as obras estruturais já com início previsto para o segundo semestre de 2023. A exigência da Anatel era de que esses investimentos fossem feitos entre 2026 e 2029.

Dentre essas pequenas cidades, há 1.148 localidades (consideradas aglomerados de 200 ou 300 casas) que devem constar das metas a serem cumpridas pela Brisanet. Nogueira afirma que essa expansão já fazia parte do plano de negócios da empresa, o que a permitiu participar do leilão com uma agressividade que espantou os analistas. “O Nordeste possui metade da população rural do Brasil. Nós já tínhamos identificado o potencial de alcançar 15 mil localidades”, afirmou ele durante a teleconferência. São cerca de 5 milhões de residências, onde vivem aproximadamente 16 milhões de pessoas – um potencial mirado pela Brisanet há algum tempo.

“Esta é uma expressiva política pública de inclusão, por meio da iniciativa privada, interiorizando a cobertura da população das classes C, D e E”, analisou Nogueira. A expectativa dele é a de que os serviços 5G estejam disponíveis para esses consumidores a partir do barateamento de dispositivos de telefonia móvel capazes de suportar a nova tecnologia – o que é esperado para 2024.

Aceleração

O plano de expansão acelerada da Brisanet já estava em execução antes do leilão. Nogueira e equipe fizeram as contas de ganhos de redundância e sinergia com a operação conjunta das redes de fibra óptica e de 5G. “Fomos agressivos no leilão para atender as localidades, o que inclusive afastou possíveis competidores que enxergaram que os compromissos eram altos demais. Mas não para a Brisanet, porque as localidades que fazem parte do nosso processo de concessão de rede vão além das que estavam incluídas no leilão”.

Em 2022, a empresa deverá entregar boa parte da estrutura de backhaul em 78 cidades que hoje não contam com qualquer infraestrutura semelhante. As metas da Anatel, no entanto, previam que essas entregas fossem feitas apenas entre 2023 e 2026, o que inclui 29 cidades no Rio Grande do Norte; 16 na Bahia; 14 na Paraíba; 7 em Pernambuco; 6 no Ceará; 5 no Piauí; e 1 em Sergipe.

A Brisanet deve ainda levar o serviço 4G para 30 municípios que não são integralmente cobertos por essa tecnologia – mais da metade em Pernambuco e Ceará. Além disso, até dezembro deste ano, a promessa é incluir a horizontalização das estruturas de fibra em Fortaleza, Aracaju e Teresina. No primeiro trimestre de 2022, as obras serão iniciadas em Salvador e Recife. No segundo trimestre de 2022 será a vez da capital maranhense.

Ao fim do próximo ano, a companhia sinalizou aos analistas que todas as nove capitais nordestinas e mais de 200 cidades acima de 50 mil habitantes contarão com estrutura de fibra óptica. E a partir de 2023, a Brisanet focará nas obras na região Centro-Oeste do País.

Resultados

No acumulado dos primeiros nove meses de 2021, o grupo Brisanet (somando a Agility Telecom, sua controlada) contabilizou 1 milhão de HCs (Homes Connected). No mesmo período, 113 cidades passaram a ser servidas pela estrutura de banda larga por fibra (807 mil clientes). No último trimestre deste ano, os planos são concluir essas obras em outras 21 cidades (três na Bahia; três no Piauí; 4 em Sergipe; e 11 no Ceará, Pernambuco e Alagoas).

A companhia registrou um aumento de 56% na receita operacional líquida (R$ 190 milhões) no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior. A alta é superior (quase 63%) quando se compara o acumulado da receita líquida entre janeiro e outubro de 2021 com os mesmos nove meses de 2020 – de R$ 322 milhões para R$ 524 milhões. Nesse período, a base de clientes aumentou em 42%, segundo a apresentação de resultados desta semana. O Ebitda da companhia foi de R$ 72,6 milhões no terceiro trimestre de 2021 e de R$ 201,2 milhões no acumulado de nove anos (altas de 38% e 42%, respectivamente, ante aos mesmos períodos em 2020).

A Brisanet imobilizou investimentos da ordem R$ 373 milhões no terceiro trimestre, aplicados na ampliação de 2 mil quilômetros de backbones, 960 mil pontos de fibra, 325 mil instalações residenciais e 400 sites para oferta de 4G.

Planos

Como operadora de rede neutra, a empresa agora avança para se tornar uma operadora de telefonia móvel a partir do leilão de 5G. “Seguimos com nossos investimentos em fibra óptica. São esses dois trilhos juntos – fibra óptica e tecnologia 5G – que vão conseguir fazer a entrega de mais de cem produtos”, articula Nogueira.

O presidente da Brisanet antecipou que a empresa deverá manter o foco no crescimento orgânico, que é seu principal diferencial frente às grandes empresas que arremataram as demais áreas de concessão no leilão (TIM, Vivo e Claro). “Construímos nossas redes, operamos nossas redes e operamos nossos 800 mil clientes orgânicos”.

Apesar de todo o otimismo, o que a empresa fundada em 1998 na grande Jaguaribe (CE) prevê é um cenário com algumas dificuldades resultantes do contexto de crise em localidades nas periferias das cidades, onde vive uma população de baixa renda impactada pela alta do custo de vida. Nesses locais, os planos de acesso a banda chegam a custar R$ 39 e dificilmente os consumidores podem se dar o luxo, no atual contexto, de trocar o produto por outro com qualidade superior. É nessas localidades que a Brisanet enfrenta um cenário competitivo em que até seis pequenos provedores de internet disputam o mesmo “poste”.

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