Por Jackson Barbosa
Para Investindo Por Aí
Apesar da crise sanitária causada pela pandemia do novo Coronavírus, muitas empresas do Nordeste mantêm investimentos em programas que visam maior inserção e valorização da mulher no mercado de trabalho, em conformidade com as diretrizes adotadas pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). São programas para o enfrentamento de desigualdades e transformação das empresas em ambientes inclusivos, como os que ocorrem na Votorantim Cimentos, Bahiagás (Companhia de Gás da Bahia) e Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco).
Em 2020, a Votorantim contava com 11.783 empregados, sendo 1.771 mulheres. No primeiro semestre de 2021, a contratação de mão de obra feminina teve um crescimento de 221%, inclusive para setores operacionais. Em plena pandemia, em agosto de 2021, a Votorantim inaugurou um centro de distribuição (CD) em Juazeiro do Norte, no Ceará, onde trabalham somente mulheres. É uma unidade que tem potencial para distribuir, mensalmente, 20 mil toneladas de cimento e outros produtos. Para a empresa, o centro representa um marco na política de inclusão da força de trabalho feminina.
Dois anos antes da inauguração do CD no Ceará, 15% dos cargos de gerência ofertados pela Votorantim eram ocupados por mulheres. Aos poucos, esse percentual foi subindo, chegando a 18,8% em 2019. Atualmente, as mulheres ocupam 23% dos cargos técnicos, de analistas e de supervisão nas diversas unidades da empresa. Até 2030, prevê o gerente Alexandro Ferreira da Silva, a Votorantim terá ao menos 25% de mulheres ocupando cargos de chefia. Aliás, o Conselho de Administração da Votorantim Cimentos, a mais alta instância de decisão da empresa, já conta com uma representante feminina, a economista Clarissa Lins.
Entre as iniciativas voltadas a empregos exclusivos para mulheres, Alexandro Silva destaca o Programa Lidera VC, que começou em 2020 e é destinado ao desenvolvimento de mulheres líderes. As participantes da primeira turma estão em cargos de gerência e gerência geral de planejamento estratégico, pesquisa e desenvolvimento, marketing e controladoria, segurança do trabalho, área comercial e recursos humanos. Outra iniciativa é o Programa de Formação de Engenheiras de Confiabilidade, com duração de 18 meses. Concluída a capacitação, as profissionais irão trabalhar na área de manutenção das fábricas, em setores estratégicos, concebidos para garantir que os equipamentos operem sem falhas. Na Votorantim, a licença-maternidade é de 180 dias.
Comitês especiais na Bahiagás e Chesf
A Bahiagás, concessionária de gás natural, mantém um Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça. O objetivo é “contribuir para a eliminação de todas as formas de discriminação no acesso, remuneração, ascensão e permanência no trabalho”, segundo informou a assessoria de comunicação da empresa. O Comitê detém autonomia para executar ações em prol da melhoria da cultura organizacional, podendo propor soluções relacionadas a gênero e raça e que assegurem valorização e empoderamento. Um dos valores da Bahiagás defende “ética, transparência e respeito às pessoas e à diversidade humana e cultural”.
Nos últimos concursos para contratação de funcionários, a empresa reservou 30% das vagas para candidatos negros. Outras conquistas contabilizadas pelo Comitê dizem respeito à ampliação da licença-maternidade para seis meses, inclusão de informações sobre raça nas fichas dos empregados e plano de saúde para os companheiros de empregados e empregadas que declaram vivenciar relações homoafetivas.
Na Chesf, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, existem dois comitês distintos: o de Acessibilidade e Inclusão e o de Gênero e Raça, ambos integrados à Diretoria de Gestão Corporativa. A companhia conta com um Programa de Assistência à Pessoa com Deficiência, que beneficia também os dependentes dos empregados. Dos 144 funcionários com deficiência, 120 estão inscritos no programa.
Em relação a gênero, merecem destaque o desenvolvimento de equipamentos de proteção específicos para mulheres, a instalação de uma sala de aleitamento materno e a elaboração de um conjunto de normas contra assédio moral e violência sexual, física e psicológica. As mulheres também têm assegurada a dispensa para exames pré-natais no horário de trabalho. De acordo com Vinícius Lima, integrante do Comitê de Acessibilidade e Inclusão, a Chesf criou o hábito de promover debates sobre inclusão, racismo, homofobia, acessibilidade e combate à violência contra a mulher. “O caminho ainda é longo, mas há muito avanço graças à existência dos Comitês”, enfatiza Lima.