O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) marca um importante avanço para o desenvolvimento econômico do Nordeste brasileiro, prometendo uma nova era de investimentos. Com cerca de 302 empreendimentos planejados e um montante de aproximadamente R$ 280 bilhões destinados a obras públicas e concessões, o programa deve redefinir o cenário das rodovias e ferrovias no país.
Dentre os investimentos previstos, a Região Nordeste é destinatária de R$ 49,1 bilhões, representando um impulso fundamental para a infraestrutura de transportes da região. Esses recursos além de modernizar e ampliar as vias de acesso, também criarão um ambiente propício para o crescimento econômico regional.
Novos rumos
Em entrevista exclusiva para o IPA, George Santoro, Secretário Executivo do Ministério dos Transportes, destacou a mudança no padrão de transporte de cargas nos últimos 15 anos.
“Houve várias indústrias se instalando na região Nordeste e, a partir disso, houve um movimento de cargas descendo do Nordeste para o Sul-Sudeste, Centro-Oeste. Esse movimento fez com que fosse necessário iniciar uma série de investimentos nas rodovias federais da região”, explica.
Esse movimento exigiu uma série de investimentos nas rodovias federais da região, que foram iniciados com a inclusão de diversas obras no PAC do governo Lula. O objetivo é recuperar a capacidade de transporte de carga, melhorar a segurança das rodovias federais no Nordeste e desatar alguns nós logísticos em pontos específicos.
Santoro explica que o movimento de adequação à nova realidade caminhava a passos lentos nos últimos 15 anos. “Ou seja, ainda não tínhamos duplicado a BR-101 inteira. Principalmente os trechos da Bahia e de Sergipe. E era o cenário antigo, que a gente herdou. Mas a partir da entrada do governo Lula, que incluiu diversas obras da região no PAC, o Governo Federal deu start para todas as obras de duplicação da BR-101 que estavam pendentes, além de realizar duplicações e melhorias em diversas outras rodovias do Nordeste”, continua o gestor.
O secretário também mencionou importantes obras em andamento, como o arco rodoviário de Maceió e o Arco Rodoviário de Recife, que visam melhorar o tráfego nessas regiões. Além disso, destacou a construção da Ponte de Penedo, que ligará Alagoas a Sergipe, viabilizando um novo fluxo econômico e turístico para a região.
“Da mesma maneira que vai se iniciar também a do Arco Rodoviário de Recife, para desatar esses nós. Do trecho de Pernambuco para cima, a BR-5 já está duplicada e nós vamos fazer vários investimentos em rodovias em Pernambuco, na Paraíba, como a BR-230 e são investimentos de duplicação, criação de terceira faixa e melhoria em geral. Para se ter uma ideia, o nível das rodovias federais de manutenção, de qualidade da malha no início de 2023, alcançou o seu pior nível. Ao iniciar o governo Lula, o nível das rodovias federais estava no seu pior nível dos últimos 10 anos. No ano passado foi feito um investimento maciço na recuperação das rodovias e esse índice deu um pulo, cresceu mais de 30% na qualidade delas e a gente tem como meta de atingir 80% da malha rodoviária federal em todo o país, inclusive do Nordeste, com um nível bom e ótimo ao fim de 2024”, conta.
Trilhos e pontes
Outro exemplo de obra importante citada pelo secretário nacional é o início da construção da ponte de Penedo, que liga Alagoas a Sergipe. “Um desejo de mais de 30 anos daquela cidade que vai viabilizar um novo fluxo econômico e turístico para o norte de Sergipe e sul de Alagoas. É uma via extremamente importante para os dois estados. Na minha opinião, vai dar uma nova dinâmica econômica para aquela região”, diz.
Além de destacar a mudança econômica da região com as cargas do Nordeste “descendo” para o Sul e Sudeste, Santoro fala ainda de uma nova fronteira agrícola, que é chamada de Matopiba, região localizada nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
“Essa região cresceu muito na produção de grãos. Além dela, temos também o Oeste Baiano. Essas regiões estão produzindo um volume muito grande de grãos e está exigindo investimentos em ferrovias de forma complementar. Além disso, estão sendo construídas rodovias para poder melhorar o escoamento da produção. Nesse sentido, o governo federal está investindo mais de um bilhão de reais na Transnordestina. Estamos retomando a obra do trecho de Salgueiro à Suape em 2024 e, com isso, vamos ter um retorno de uma estrutura ferroviária muito importante para o Nordeste”, afirma.
De acordo com o Ministério dos Transportes, o modal ferroviário foi elencado como prioridade pelo governo. As ferrovias contam com um investimento previsto de R$94,2 bilhões até 2026. A medida é uma forma de fomentar a ampliação do modal no país. No Nordeste, destaque para a retomada de obras estruturantes, como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol); e conclusão da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que liga Estrela D’Oeste (SP) e Açailândia (MA). .
Retomada de investimentos
O Ministério dos Transportes informou ao IPA que, em relação às condições da malha rodoviária, a falta de investimentos observada nos últimos seis anos impactou severamente as estradas federais federal, de modo que, ao fim de 2022, o país registrou os piores índices de condição da manutenção (ICM) da série histórica – condição avaliada mensalmente pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Com a mudança de gestão e a ampliação dos recursos assegurados pelo Governo Federal para manutenção rodoviária, a malha federal parou de piorar e segue em melhora progressiva. De acordo com a última atualização, a malha rodoviária passou de 52% em dezembro de 2022 para 68% em janeiro deste ano.
De forma geral, o Nordeste deu um salto de 13,2 pontos percentuais na medição total de rodovias consideradas boas. Em dezembro de 2022, 54,2% das rodovias estavam em boas condições, dado que se referia a 11,8 mil quilômetros de estradas, somados os nove estados da região. Um ano após o início da atual gestão do Executivo Federal, o índice total passou para 67,4%, ou mais de 14,5 mil quilômetros de malha boa, enquanto as estradas consideradas péssimas passaram para pouco mais de mil quilômetros — de 9,4% para 5,8% do total.