Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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8 de maio de 2024 15:41

Exclusivo: região de Matopiba desponta como potência agrícola impulsionando a economia regional

Exclusivo: região de Matopiba desponta como potência agrícola impulsionando a economia regional

A região apresentou um aumento de 37% na produção de grãos ao longo dos últimos 10 anos

A economia do Nordeste recebe um significativo impulso a partir do desempenho crescente da agropecuária na região, com destaque para o Matopiba, a fronteira agrícola em maior expansão no Brasil, que abrange partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Cultivo de algodão nas redondezas do Parque Estadual do Jalapão, em Tocantins | Foto: Embrapa
Cultivo de algodão nas redondezas do Parque Estadual do Jalapão, em Tocantins | Foto: Embrapa

A região apresentou um aumento de 37% na produção de grãos ao longo dos últimos 10 anos. De acordo com as estimativas, a região está em rota para atingir uma produção de 48 milhões de toneladas de grãos até 2032, impulsionada por uma área plantada de 11 milhões de hectares. Esse crescimento substancial baseia-se principalmente na melhoria da produtividade.

As projeções fazem parte do estudo Projeções do Agronegócio Brasil 2022/23 a 2032/33, desenvolvido pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A região do Matopiba, composta pelo Norte e Nordeste dos estados de Maranhão (33%), Tocantins (38%), Piauí (11%) e Bahia (18%), destaca-se por sua dinâmica única de crescimento agrícola. O crescimento expressivo é impulsionado por municípios como Barreiras, Correntina, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e São Desidério, na Bahia; Balsas e Tasso Fragoso, no Maranhão; Baixa Grande do Ribeiro, Bom Jesus, Ribeiro Gonçalves, Santa Filomena e Uruçuí, no Piauí; e Campos Lindos, no Tocantins, que se destacam como principais produtores de grãos.

Marcos Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais | Reprodução
Marcos Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais | Reprodução

Em entrevista ao Investindo por Aí, o chefe-geral da Embrapa Cocais, Marco Bomfim, ressaltou o potencial do Matopiba. “Após a conquista de todo o Centro-Oeste, com a produção de grãos e o desenvolvimento de tecnologias tropicais para cultivos de soja, milho e algodão, a produção se estende para o que chamamos de “Arco Norte”, chegando ao estado do Maranhão, onde apesar de algumas diferenças climáticas e de solo, as tecnologias desenvolvidas no Centro-Oeste foram suficientes para dar suporte à expansão desta região, representando um marco significativo para o agronegócio brasileiro”, afirma.

 

Importância do Matopiba para o setor

O cultivo de grãos começou a ganhar força no final dos anos 1980 na região do Matopiba, sendo oficializado pela Lei nº 8.447 em maio de 2015. Desde então, a região tem se destacado mundialmente por seu potencial na produção agrícola.

O terreno plano e a amplitude térmica na região permitem um aproveitamento otimizado da terra, aumentando a produtividade e eficiência operacional. Além disso, sua localização estratégica em relação aos portos, rodovias e ferrovias facilita o escoamento da produção, fortalecendo a logística regional.

“Estima-se que até 2030, a produção na região do Matopiba continuará crescendo, alcançando um aumento de 35%, conforme dados do Ministério da Agricultura”, afirma Marco Bomfim. “Esse crescimento projetado evidencia o potencial contínuo de expansão e desenvolvimento do Matopiba”, complementa.

 

Importância da agricultura familiar

“A agricultura familiar desempenha um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do Matopiba, investir em ações que elevem a renda dos pequenos agricultores e melhorem suas condições de vida é essencial para promover a inclusão social e reduzir as desigualdades na região”, afirma Marco Bomfim, destacando a formação de uma carteira de projetos colaborativos entre mais de 15 unidades da Embrapa, visando garantir a sustentabilidade a longo prazo. 

Lavoura de milho safrinha localizada nas vizinhanças de São Domingos do Azeitão (MA) | Foto: Amaury de Carvalho Filho
Lavoura de milho safrinha localizada nas vizinhanças de São Domingos do Azeitão (MA) | Foto: Amaury de Carvalho Filho

O escoamento dos grãos

A Transnordestina promete resolver problemas logísticos que afetam a competitividade do setor. Os custos elevados do transporte rodoviário e o desperdício de carga representam obstáculos significativos para os produtores.

“A logística para exportação é muito importante, especialmente quando se trata de garantir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional”, afirma Bomfim. “A presença de uma linha ferroviária conectando a região ao Porto do Itaqui, no Maranhão, é fundamental para o escoamento da produção, principalmente para destinos como a China. Essa infraestrutura impulsiona a eficiência e reduz os custos de transporte, agregando valor aos produtos exportados”, comenta.

A iniciativa gera impacto significativo na economia local, com a criação de 1,3 mil empregos diretos e impulsionando o desenvolvimento das comunidades envolvidas. Cerca de 70% da fase 1 do projeto já está pronta, mas é necessário concluir a conexão do sertão do Piauí com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CE). Esta etapa está programada para terminar até 2027. A fase 2 deve ser concluída até 2029.

 

Desafios e oportunidades

Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados na região do Matopiba, onde questões ambientais e sociais se destacam. O aumento da produção agrícola muitas vezes acarreta impactos ambientais, como desmatamento e uso excessivo de recursos hídricos. Nesse contexto, políticas de desenvolvimento sustentável e práticas agrícolas responsáveis são fundamentais para assegurar a continuidade do crescimento econômico sem prejudicar o meio ambiente e as comunidades locais.

O chefe-geral da Embrapa Cocais destaca a importância da integração lavoura-pecuária para o desenvolvimento agrícola regional. “Priorizamos a integração lavoura-pecuária como um dos principais temas para o desenvolvimento agrícola da região. Essa prática busca aumentar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas produtivos, promovendo uma maior eficiência no uso da terra”, ressalta.

Marco Bomfim também enfatiza o benefício do incremento no cultivo de culturas alternativas. O aumento no cultivo de culturas alternativas, como feijão mungo, gergelim e trigo, amplia o leque de opções produtivas na região. Essa diversificação contribui para a estabilidade econômica dos produtores e para a segurança alimentar da população.

Além disso, o especialista destaca que a instalação de frigoríficos na região, com enfoque na exportação de carne bovina para o mercado chinês, impulsiona o crescimento da bovinocultura e dinamiza a economia local, representando novas oportunidades para os produtores locais e fortalecendo o setor agroindustrial.

Matopiba já se consolidou como uma potência agrícola, mas ainda há espaço para expansão e verticalização da produção. Investir em culturas alternativas, intensificar práticas conservacionistas e promover o desenvolvimento da agricultura familiar são estratégias-chave para impulsionar o crescimento sustentável do setor.

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