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6 de dezembro de 2024 10:07

Exclusivo: Renda Filé de Alagoas brilha no Big Brother Brasil 24, conheça a história por trás do vestido de Giovanna Pitel

Exclusivo: Renda Filé de Alagoas brilha no Big Brother Brasil 24, conheça a história por trás do vestido de Giovanna Pitel

Descubra a trajetória do estilista Elysson Ferreira e das rendeiras alagoanas por trás do vestido de renda de filé usado na final do BBB 24
Pitel usa vestido de filé na final do BBB 24; renda é patrimônio imaterial de Alagoas | Foto: Reprodução/Instagram

A participante alagoana do Big Brother Brasil 24, Giovanna Pitel, deixou sua marca na final do programa transmitido pela Rede Globo ao usar um belo vestido confeccionado com renda filé, uma homenagem à cultura tradicional de Alagoas. Criado pelo estilista Ellysson Ferreira, amigo de longa data da ex-participante, o traje ressalta a importância da renda filé como patrimônio cultural e imaterial do estado.

Representatividade! Eu venho de Alagoas, terra do Filé, renda que virou patrimônio imaterial e cultural de Alagoas
Giovanna Pitel

“Representatividade! Eu venho de Alagoas, terra do Filé, renda que virou patrimônio imaterial e cultural de Alagoas. Eu venho do Vergel do Lago, bairro conhecido por estar às margens da Lagoa Mundaú e pelo comércio e pesca do sururu. Um look todo de Filé, criado e feito pelas mãos talentosas do meu amigo de infância, Elysson Ferreira, que cresceu comigo no Vergel”, comemorou Pitel em suas redes sociais.

A renda filé como patrimônio cultural e imaterial de Alagoas

A renda filé (ou renda de filé) de Alagoas é uma técnica artesanal de bordado que tem suas raízes na região sul de Maceió, especialmente no bairro do Pontal da Barra e se tornou patrimônio cultural e imaterial de Alagoas. O bordado é feito sobre uma rede de fios, com temas florais e cores fortes e vibrantes. A delicada rede é preparada com linha resistente, utilizando uma agulha artesanal de madeira e a dimensão da malha é definida por um molde produzido com uma palheta de bambu bem polida.

Depois de pronta, a rede é engomada para facilitar o trabalho e esticada no tear. As “filezeiras” enchem a rede com bordados cuidadosos e, quando a peça está pronta, é passada pelo avesso com um ferro quente. criando uma variedade de produtos, desde toalhas até vestuário e acessórios.

As rendeiras, conhecidas como “filezeiras”, dedicam-se a preencher a rede com bordados detalhados, criando uma variedade de produtos, desde toalhas a vestimentas e acessórios. Originalmente, as rendas eram feitas com fios brancos, tingidos com corantes naturais da região, mas ao longo do tempo, o filé evoluiu para incluir uma ampla gama de cores e padrões.

O bairro do Pontal da Barra, especialmente, é reconhecido como o berço do artesanato filé, onde pescadores e rendeiras trabalham lado a lado para preservar essa tradição. O governo do Estado de Alagoas reconheceu a importância cultural do filé em 2014, ao tombá-lo como patrimônio cultural e imaterial. Essa medida visa não apenas preservar a arte do filé para as gerações futuras, mas também promover o desenvolvimento econômico e cultural da região, valorizando o trabalho árduo e habilidoso das rendeiras e fortalecendo a identidade cultural alagoana.

O processo criativo do vestido

Para criar o vestido de renda de filé usado por Giovanna Pitel na final do Big Brother Brasil 24, Elysson Ferreira contou com sua habilidade artesanal e sensibilidade estética. Pitel expressou o desejo de um vestido nesse estilo, mas não especificou detalhes.


Apesar de ser originário de Maceió (AL), o estilista mora atualmente na capital de São Paulo. Por isso, o trabalho começou a partir do envio de quatro toalhas de renda filé.

“Pedi ao Leonardo, marido de Pitel, que comprasse passadeiras de renda filé. Então recebi quatro toalhas feitas pela rendeira Vera Lúcia”, conta Elysson. “Decidi então criar uma base de corselet e comecei a montar no manequim. Quando Pitel saiu do BBB, já estava pronto, ela provou e amou”, complementa.

Vera Lúcia Miranda, aos 71 anos, é uma renomada rendeira de Maceió, dedicada há mais de cinco décadas ao delicado trabalho do filé.

“Recebi a visita desse grupo que levou minhas peças e, a partir delas, criou essa roupa muito bonita, que repercutiu em todo o Brasil. Isso é o que as rendeiras precisam: expandir a visibilidade de nosso trabalho para atrair mais encomendas e fortalecer nossa comunidade, que depende essencialmente da arte do filé”, afirma Vera.

A rendeira Vera Lúcia com seu tear | Foto: Acervo Pessoal

A trajetória de quem trabalha com artesanato e moda

A jornada de Elysson Ferreira como estilista começou em sua infância em Maceió, Alagoas, onde sua afinidade com o artesanato foi cultivada desde cedo. “Desde a minha infância, eu sempre mexi com coisas manuais, eu gostava muito de brincar com coisas manuais. Eu era aquela criança que gostava de brincar em casa com os meus delírios e eu sempre vivi nesse universo”, relembra Ferreira.

Influenciado pelas mulheres presentes em sua vida – sua mãe, que trabalhou em uma fábrica de mosqueteiros, sua avó, que era costureira, e sua tia Cássia, que costumava pintar seus paineis de aniversário – Elysson desenvolveu uma paixão pelas artes manuais e fez disso seu trabalho.

“Eu só trabalhei de carteira assinada uma vez na minha vida e não quis mais, eu me achava muito preso,” diz Ferreira, refletindo sobre sua decisão de seguir uma carreira autônoma na moda. Aos 15 anos, ele montou seu próprio ateliê em casa, começando com uma máquina de costura caseira de segunda mão. Ao lado de seu namorado, que se tornou seu parceiro de trabalho, Ferreira construiu sua marca própria, enfrentando os desafios do mercado com resiliência e determinação.

O vestido de renda de filé usado por Giovanna Pitel não apenas demonstra o talento de Elysson como estilista, mas também destaca a importância de valorizar e celebrar as tradições culturais e artesanais, como a renda de filé, que sustentam comunidades inteiras no Nordeste do Brasil. “Eu, na verdade, ainda não consigo dimensionar o quanto tudo isso foi importante. O meu trabalho é muito pequeno perto do talento dessas mulheres”, comenta.

Rendeiras produzem trabalho tradicional no Pontal da Barra

Adriana Gomes, moradora do Pontal da Barra desde a infância, é uma das muitas rendeiras que mantêm viva a tradição do bordado filé, transmitida de geração em geração em sua família. Para ela, que já foi presidente da Associação dos Artesãos do Pontal da Barra, o filé não é apenas uma arte, mas uma parte fundamental de sua identidade e sustento.

“Sou moradora do Pontal da Barra, desde pequena, nasci e me criei aqui nesse bairro, conhecido como bairro das rendeiras. Aprendi o bordado filé com a minha mãe sentada na calçada de casa. Desde os 6 anos de idade que eu desenvolvo essa técnica, que é a minha única fonte de renda familiar”, relata Adriana. “Hoje, minhas duas filhas fazem o bordado filé, o que é muito importante para que essa arte não se perca, que a tradição continue na nossa família”, completa.

Adriana Gomes apresenta o bordado filé à Mariah Morais, jornalista e namorada do jogador Cafu | Foto: Reprodução/Instagram

Além de preservar uma tradição cultural, as rendeiras do Pontal da Barra enxergam um futuro promissor para sua arte e sua comunidade. Com a crescente utilização das redes sociais e a maior valorização do artesanato e da cultura local, as rendeiras têm a oportunidade de expandir seu alcance e aumentar suas vendas. Para isso, no entanto, elas contam com o apoio do público.

“Eu sempre falo que nós não vendemos um produto, nós vendemos a história do nosso bairro. Cada peça que a gente faz é com muito amor, muito carinho. Portanto, ao apoiar, divulgar e adquirir nossos produtos, as pessoas contribuem significativamente para o fortalecimento da nossa comunidade”, afirma Adriana.

Artesanato expande seu alcance para novos mercados e amplia influência na moda

A valorização do artesanato não apenas impulsiona a economia local, mas também promove o desenvolvimento de diversos setores em uma região. Em Alagoas, onde o Programa do Artesanato Brasileiro já emitiu mais de 18 mil carteiras de artesão. No Brasil, o setor movimenta em torno de R$100 bilhões por ano, que representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, com mais de 8,5 milhões de artesãos espalhados por todos os estados.

O artesanato é um importante vetor econômico, contribuindo significativamente para demais setores, como turismo, educação e inovação. O filé alagoano, por exemplo, emergiu como um veículo significativo para a participação feminina na economia familiar, impulsionado pelo crescimento do turismo na região. Essa ascensão coincide com um aumento na demanda por produtos de alta qualidade, especialmente em áreas turísticas, onde lojistas buscam especificamente produtos autênticos com selos de indicação geográfica.

Paralelamente, iniciativas de inovação permitem a evolução do produto sem comprometer sua identidade, abrindo oportunidades para expansão nos âmbitos econômico, cultural e ambiental. A adaptação às demandas do mercado, como a disponibilidade online, demonstra a capacidade de revitalizar as vendas de um produto tradicional através de ajustes sutis.

A integração de novas técnicas, materiais e modelos mantém o produto relevante e atrativo, impulsionando seu potencial de crescimento e sustentabilidade nos mercados nacional e internacional.

Além disso, a parceria entre estilistas e artesãos, por exemplo, não só agrega valor aos produtos locais, mas também atrai investimentos diversos, estimulando o crescimento do setor e fortalecendo a identidade cultural do estado.

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