O crédito destinado a investimentos em infraestrutura registrou um salto de 86% no Banco do Nordeste (BNB) em 2023, atingindo a marca de R$ 11,97 bilhões, quase o dobro dos R$ 6,4 bilhões aportados no ano anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pelo presidente da instituição, Paulo Câmara.
Entre os destaques do período estão as grandes economias da região, como Bahia, Ceará e Pernambuco. Na Bahia, o volume de recursos destinados ao setor aumentou 57%, passando de R$ 1,6 bilhão em 2022 para R$ 2,5 bilhões no ano passado.
No Ceará, as contratações avançaram no mesmo ritmo, totalizando R$ 1,67 bilhão em 2023. Uma das áreas mais beneficiadas por recursos do BNB no estado é o saneamento, uma das maiores fragilidades na infraestrutura do Brasil.
A expansão do saneamento é um dos principais focos de atuação do banco na região, com o Ceará demonstrando uma forte presença em projetos dessa natureza.
A Ambiental Ceará (Aegea Saneamento), por exemplo, obteve um financiamento de R$ 550 milhões do Banco do Nordeste no ano passado.
A empresa está envolvida em uma parceria público-privada de R$ 6,2 bilhões com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), considerada a maior do gênero no país. A meta da PPP, em conformidade com o Marco Legal do Saneamento Básico, é elevar a cobertura do serviço de coleta e tratamento de esgoto a 90% da população cearense até 2033 e a 95% até 2040.
Em Pernambuco, o volume de recursos destinado à infraestrutura cresceu 52,1%, passando de R$ 558,2 milhões em 2022 para R$ 849,5 milhões no ano passado.
O presidente Paulo Câmara destaca que, em 2023, foram financiados projetos em todos os estados da área de atuação da instituição, abrangendo áreas como complexos de energia, aeroportos, portos, saneamento e rodovias.
Segundo o executivo, um dos fatores que contribuíram para esse salto foi o aumento de 35,4% nas contratações do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que passaram de R$ 32,3 bilhões em 2022 para R$ 43,7 bilhões no ano passado. Esse fundo é a principal fonte de recursos da instituição para projetos de infraestrutura.
“A infraestrutura tem recebido atenção especial do BNB. Somos parceiros significativos nesse setor. Sabemos que esses projetos são importantes para o crescimento e estruturação da nossa área de atuação. Por isso, saímos de 59 operações em um ano para 208 operações em 2023”, destaca o presidente.
Paulo Câmara ressalta ainda que “esses projetos impactam a vida de milhões de pessoas e influenciam, diretamente, atividades econômicas estratégicas para o Nordeste, como exportação e importação, logística, agronegócio e energia”.
O presidente tem sinalizado para uma atuação ainda mais forte do BNB no setor de infraestrutura a partir de 2024, em um cenário em que o Banco do Nordeste atingiu, em 2023, volume recorde de contratação de crédito em seus diversos produtos (R$ 58,5 bilhões).
“A crescente demanda de pedidos de financiamento nos faz pensar em possibilidades de acessar fontes alternativas e de intensificar o diálogo com instituições multilaterais com o mesmo perfil de fomento e alinhamento de propósito”, tem repetido o executivo, que espera fechar operações para ampliar o funding da instituição.
Esse tipo de parceria garantiria mais fôlego para as linhas de financiamento do banco, sendo a infraestrutura uma prioridade.
Uma das instituições com potencial para esse tipo de acordo é o Banco dos Brics (NDB), presidido por Dilma Rousseff. Caso esse caminho se concretize, o BNB seguiria a mesma trilha da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, que recebeu autorização em 2023 para uma operação de R$ 500 milhões junto ao NDB.
Os recursos do Banco do Nordeste para investimentos em infraestrutura podem ser acessados por empresas de qualquer porte, consórcios e empresas públicas.
O crédito para esse tipo de projeto tem características especiais. O prazo de pagamento pode chegar até 34 anos, em caso de iniciativas nas áreas de saneamento, mobilidade urbana, rodovias, ferrovias e hidrovias. O período de carência pode alcançar até oito anos nessas atividades, bem como no financiamento de obras de geração, transmissão e distribuição de energia, portos e aeroportos.
*Com informações do portal Movimento Econômico