Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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3 de outubro de 2024 16:34

Investimentos em energia limpa geram desenvolvimento no Nordeste

Investimentos em energia limpa geram desenvolvimento no Nordeste

Produto Interno Bruto e Índice de Desenvolvimento Humano crescem mais de 20% nos municípios onde parques geradores são instalados

Empresas nacionais e internacionais investiram 14,8 bilhões de dólares em energia limpa no Brasil em 2022, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Os principais investimentos são para a energia eólica e solar. Em 2023 a previsão é que esse valor chegue a 20 bilhões de dólares, segundo o CEO da consultoria internacional em mercados globais de commodities e tecnologias disruptivas, Jon Moore.

Aerogerador instalado no Ceará | Foto: Maristela Crispim / Eco Nordeste

Para o executivo, que fez as previsões durante o Zero Summit, encontro que reúne especialistas para discutir o futuro com zero carbono, o Brasil reúne condições ideais para pavimentar o caminho da transição para uma economia de baixo carbono.

O país possui atualmente 890 parques eólicos instalados em 12 estados brasileiros. Eles somam 25,04 gigawatts (GW) de capacidade instalada em operação comercial, que beneficiam 108,7 milhões de habitantes.Desse total, 85% estão na Região Nordeste, o que confirma a região como a melhor do país para investir nesse segmento.

Já o número de instalações de energia solar cresceu 95% no Nordeste em 2022, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A região encerrou o ano com 311 mil sistemas fotovoltaicos na modalidade de geração distribuída (GD). O número de consumidores beneficiados pela tecnologia apresentou avanço de 90%, chegando a 445 mil usuários.

Parques eólicos geram desenvolvimento

“O ecossistema do empreendedorismo da região Nordeste é positivamente impactado com a chegada das eólicas. Uma vez que os parques eólicos são construídos ou vão entrar em operação, toda a economia da região é movimentada. São contratadas empresas de logística, de segurança privada, de transporte, de refeição, de limpeza, de manutenção de equipamento, empresas de construção civil de pequeno, médio e grande porte, empresas de eletroeletrônicos. Também são contratadas empresas de consultoria ambiental e jurídica. Tudo isso gera emprego e renda na região”, explica Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), em entrevista ao Investindo por aí.

De acordo com os dados da Abeeólica, até 2028 o Brasil terá 44,78 GW de capacidade instalada desse tipo de energia, cuja participação na matriz nacional atinge, atualmente, 13%.

Foto: ABEEólica/Divulgação

No ano passado, o setor bateu recorde de 4 GW instalados e, para este ano, a presidente executiva espera atingir novo recorde, superando esse número. “Encerrando 2023, estaremos com 29 GW de capacidade instalada. Essa é a nossa previsão em termos de potência, e isso é superior a R$ 28 bilhões, porque cada gigawatt de eólica instalada é da ordem de R$ 7 bilhões”, disse Elbia Gannoum.

Outro levantamento feito pela entidade mostra o desenvolvimento econômico-social gerado pela energia eólica. No Nordeste, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) das cidades onde os parques eólicos chegaram cresceu 21%, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) cresceu também 20% “por causa da chegada dos parques”. Outro dado significativo é que a cada real investido em energia eólica são devolvidos R$ 2,90 para a economia.

Energia solar segue em crescimento

De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em 2022 houve um crescimento de 64% no uso de energia solar no Brasil em relação ao ano anterior. E as projeções da IEA (Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês) mostram que o Brasil terá mais de 66 gigawatts de capacidade solar instalada em 2027, ou seja, triplicará a sua atual capacidade operacional em energia solar (22,9 GW).

E a previsão da Absolar para este ano são ainda mais animadoras, com projeção de aumento de 42% na capacidade de produção de energia solar.

Parque Solar Ituverava – Bahia | Foto: Divulgação

E os estados do Nordeste têm destaque nacional, por contarem com a maior incidência solar do país. Os estados nordestinos líderes na geração de energia solar são Bahia (684 MW), Ceará (536 MW), Pernambuco (521 MW), Maranhão (380 MW) e Rio Grande do Norte (347 MW). Entre os municípios do Nordeste, Teresina (PI) é o de maior destaque com 145 MW de capacidade instalada.

“O desenvolvimento da região Nordeste nos últimos anos tem sido muito pautado na energia renovável. Isso teve início lá nos anos 2000, com o Proinfa [Programa de Incentivo a Fontes Alternativas], com as usinas eólicas, e se popularizou com grandes centrais de energia eólica, que se iniciou pelo litoral e depois se estendeu para algumas regiões do interior do Nordeste. Temos grandes usinas no Ceará, Bahia, Pernambuco e Piauí e, a partir de 2010, na primeira década da energia eólica, começou a se produzir energia solar”, contou o coordenador estadual da Absolar no Ceará, Jonas Becker, ao Investindo por aí.

Ele destaca que a energia solar é uma fonte de energia mais interiorizada, que usa projetos de áreas grandes com até 300 hectares.

“Envolve muito desenvolvimento e criação de novos empregos nessas regiões. É um investimento de alto valor agregado, de centenas de milhões de reais, e uma quantidade enorme de geração de empregos. Para se ter uma ideia, hoje, no Brasil, mais de três milhões de pessoas trabalham no setor de energia solar. Fora as grandes usinas centralizadas, temos ainda, a partir de 2012, a possibilidade de qualquer residência ou empresa gerar sua própria energia solar, dentro da rede básica, e isso também envolve a geração de mais empregos, arrecadação de impostos, o que movimenta a economia”, continuou.

Jonas Becker apresentou números que demonstram os benefícios da energia solar fotovoltaica para o Brasil desde 2012. Segundo o coordenador, são mais de R$ 150,8 milhões de novos investimentos; mais de 31,9 milhões de toneladas de CO² deixaram de ser despejadas; 30,6 GW operacionais; Mais de 918 mil novos postos de trabalho e mais de R$ 44 milhões em impostos gerados.

Empresa chinesa de energia quer ampliar investimentos com apoio do BNB

Representantes do Consulado da China e executivos do grupo chinês CGN Brazil Energy, maior empresa de energia da China, foram recebidos pelo presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, no dia 7 de junho deste ano, na sede da instituição financeira, em Fortaleza.

O cônsul-geral adjunto do Consulado Geral da República da China no Recife, Wang Ke, acompanhou a apresentação dos investimentos asiáticos no setor de energia na Região e falou da intenção de ajudar o Brasil no processo de transformação energética.

“Estamos muito satisfeitos em apoiar os projetos de energia da CGN e contribuir para o desenvolvimento econômico da Região. O BNB está comprometido em fortalecer essa parceria e continuar impulsionando o setor de energia renovável no Nordeste do Brasil”, afirmou Paulo Câmara em entrevista.

Segundo o CEO do CGN no Brasil, Yao Zhigang, o objetivo da visita é apresentar novos projetos de expansão. “A gente inaugurou, recentemente, uma nova sede em São Paulo, sinalizando a nossa intenção de continuar investindo no Brasil no futuro”, afirmou o CEO durante a visita.

De acordo com as informações da assessoria do BNB, atualmente, o Banco está presente nos projetos de energia do grupo CGN com financiamentos totais que somam R$ 1,6 bilhão. O projeto mais recente é do parque eólico Tanque Novo, na Bahia, que possui capacidade instalada de 180 megawatts. A participação do BNB nesse projeto é de R$ 200 milhões.

Durante a visita, o grupo apresentou a intenção de ampliar a operação em mais R$ 355 milhões.

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