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14 de maio de 2024 20:48

Leilão de direitos autorais: música vira ativo para investidores

Leilão de direitos autorais: música vira ativo para investidores

Novidade no mercado é repartir lucros dos trabalho musical com os próprios consumidores
Por Correio da Bahia
Até bem recentemente, os lucros gerados pelos setores das artes eram restritos aos envolvidos. Ou seja, aos artistas, gravadoras, produtores e por aí vai. Ao público, cabia apenas consumir estes produtos e ajudar fazer essa roda da economia criativa girar. Mas os tempos mudaram. A tecnologia e os novos horizontes econômicos vêm impulsionando o segmento do entretenimento a “repartir” os lucros com quem está na ponta desta cadeia, ou seja, os consumidores.

O resultado da equação é simples. O público, que antes só podia investir seu dinheiro na compra dos produtos finais como os discos, por exemplo, agora pode aplicar seus recursos nas obras originais do seu artista favorito e tornar-se sócio do autor, recebendo parte dos lucros da sua comercialização, ou execução pública.

No mês passado, uma gravação da canção Drão, de autoria de Gilberto Gil, feita pela cantora Elza Soares nos anos 1990, e que estava perdida, foi digitalizada, remixada e ofertada no mercado através de um leilão digital. Os investidores, ou melhor, os arrematadores, passarão, a partir de agora, a receber 10% dos royalties conexos de intérprete sobre a gravação da música a cada execução pública. Ou seja, tornaram-se sócios deste ativo e passarão a lucrar.

A empreitada, já comum em países da Europa e nos Estados Unidos, foi realizada pela Phonogram.me, a primeira plataforma de NFT (contrato virtual que valida uma produção original) do Brasil, que vem apostando neste serviço que convida o público a investir no mercado cultural, assim como acontece bolsas de valores.

O resultado do leilão desencadeou uma onda de interessados entre autores, gravadoras e investidores, e animou os empresários e produtores Lucas Mayer e Janara Lopes a selecionar novos autores para a plataforma. Na lista estão nomes de várias gerações da cena musical brasileira, como Gilberto Gil e BaianaSystem. Os acordos ainda não foram concretizados, mas os dois artistas já figuram na lista dos novos produtos a serem comercializados com pequenas participações em mixagens produzidas pelo DJ MAM. “Essa é uma boa oportunidade de monetizar os artistas”, festeja o DJ.

Para Janara, sócia da Phonogram.me, o serviço ainda conecta músicos, colecionadores e investidores, por meio de um catálogo poderoso e aprofundado das mais variadas vertentes musicais.

“O Phonogram.me permite ao usuário escolher como quer receber a sua cota, podendo ser em criptomoedas ou em reais”, diz.

A plataforma permite aos artistas, produtores fonográficos, editoras, etc, podem não apenas vender discos com certificados NFT como também leiloar os copyrights da música – os direitos sobre fonogramas, capas dos discos, etc.

O BaianaSystem ainda não quer se manifestar sobre sua participação neste mercado, mas a executiva da Phonogram.me adiantou que a banda baiana está em conexão com o músico André Abujamra preparando um remix de uma de suas canções que deverá ser disponibilizada na plataforma juntamente com outros benefícios para os futuros sócios.

“Estamos negociando ingressos vitalícios para os shows da banda, assim como acesso ao Navio Pirata, trio do grupo baiano”, conta.

Atuação expandida

A crise vivida pela classe artística, uma das mais prejudicados pela pandemia, tem ajudado esse novo segmento a acelerar. É aí que entra a comercialização de direitos autorais de compositores e até mesmo a venda antecipada de ingressos para shows de artistas aclamados pelo público.

Juntando a fome com a vontade de comer, começam a surgir no Brasil os fundos de investimento interessados na novidade. O produtor musical Luiz Eurico Klotz foi um dos primeiros a investir no segmento. Através da sua Muzikismo, o paulista está montando seu catálogo de artistas para brevemente começar a negociar seus ativos. “Embora comum fora do Brasil, por aqui ainda estamos operando de forma mais lenta, o que é normal quando se trata do novo”, explica.

Cauteloso, Klotz prefere manter as negociações em segredo. “Temos tido ótimas respostas, mas não podemos adiantar nada ainda, o que posso dizer que muitos baianos estão na nossa mira, afinal não existe música no Brasil sem os baianos”, ri.

O futuro a Deus pertence, mas sabe-se nos bastidores que vários artistas têm buscado recuperar seus catálogos junto às gravadoras, como aconteceu recentemente com Gilberto Gil e Caetano Veloso, que correram atrás para reaver a posse de suas obras, visando novas formas de monetização de sua obra.

Fato é que as restrições impostas pela pandemia têm dificultado os artistas a sobreviverem em suas carreiras. Recentemente, o sertanejo Gusttavo Lima vendeu para um fundo de investimento, a Four Even, mais de 190 shows agendados pela bagatela de R$ 100 milhões. Se a moda pega, para menos para os artistas mais comerciais, o jogo vai virar.

O que é NFT?
NFT é o registro de uma obra digital, semelhante a um contrato feito na vida real, só que em formato digital e impossível de ser apagado. O comprador pode adquirir fonogramas, vídeos e ingressos e vendê-los com segurança a qualquer momento, inclusive em outros marketplaces que trabalham com a mesma criptomoeda, neste caso a Ethereum.

Como participar
Para participar dos leilões do Phonogram.me, deve se cadastrar no site  https://phonogram.me e fazer as transações, pagando inclusive por Pix.

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