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3 de outubro de 2024 16:15

Médico do Piauí busca investidores para equipamento que reduz internação em UTI

Médico do Piauí busca investidores para equipamento que reduz internação em UTI

O leito hídrico possui patente internacional e está em busca de financiamento para teste e validação

O nefrologista piauiense José Napoleão está em busca de investidores para um equipamento desenvolvido por ele que pode reduzir a internação em pacientes de UTI. Denominado Cama Terapêutica de Imersão à Seco, o equipamento poderia reduzir em até quatro dias a internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), gerando uma economia de R$ 15.520 por paciente.

O objeto trata-se de uma cama hospitalar acoplada a um reservatório de água e é voltado para pacientes em UTI que venham a apresentar edemas (inchaços) graves. A ideia é que a água seja utilizada para gerar pressão hidrostática sobre o corpo do paciente, diminuindo assim o inchaço. Isso torna o tratamento mais eficiente, contribuindo para a melhora da sua saúde.

Médico nefrologista José Napoelão (Fotos: Divulgação)

De acordo com Napoleão, o equipamento foi pensado para tratar um paciente que estava internado. Ele passava por uma imersão que durava cerca de duas horas e eram feitas duas vezes ao dia. Após cinco dias de tratamento, o paciente completamente sem edema e permaneceu bem. “Nosso paciente apresentou um quadro de edema, ele estava na UTI em um hospital de Teresina e não era mais possível controlar o edema com medicação. Eu comecei a pensar sobre essa ideia e sugeri que fizéssemos uma UTI em casa. Criamos um homecare e resolvemos testar isso. Foi um impacto muito positivo para a família e profissionais de saúde envolvidos, os quais de imediato passaram a perguntar como seria possível fazer isto dentro das UTIs”, explica o médico.

Com o sucesso da ideia, há dois meses a Cama Terapêutica de Imersão à Seco foi patenteada nos Estados Unidos. Embora já existam hospitais interessados em implantar o equipamento, é necessário que o mesmo passe por processos de testes e validação. Atualmente, o médico busca por investidores para que sejam desenvolvidos mais protótipos e, assim, testado em larga escala dentro das UTIs.

Impacto na economia

Para o economista Márcio Braz, caso o equipamento seja desenvolvido no Piauí, o impacto econômico pode ser enorme, uma vez que poderia gerar mais empregos e renda na área industrial. “Esse equipamento pode ser fabricado em qualquer lugar e caso seja feito aqui, pode ter um efeito multiplicador muito grande para a economia do setor industrial do Estado. Nós teríamos uma indústria de alto nível tecnológico no Piauí. E não é um processo altamente complexo. Isso beneficiaria diversas atividades que já existem no estado, nós temos gente fábrica maca e cadeira hospitalar, essas indústrias seriam potencializadas. Isso significa a geração de emprego, renda, tributos e difusão tecnológica”, destaca.

O especialista aponta que, a partir de agora, os órgãos fomentadores de desenvolvimento econômico do Estado devem se atentar à possibilidade de financiar o projeto junto à indústria. “Se esse equipamento não for fabricado aqui, será feito em São Paulo ou em outro país, pois a patente é internacional. E temos todas as condições para fabricá-lo aqui, temos excedente custo de energia elétrica e engenharia de produção e não podemos perder a oportunidade de ter uma fábrica de ponta no Piauí. Essa é uma chance de dinamizar o setor industrial”, afirma Márcio Braz.

Impacto econômico na saúde

A sepse, causa mais comum do edema nas UTIs (e que não tem tratamento específico), acomete anualmente 48,9 milhões de pessoas no mundo e representa 19,7% de todas as mortes globais. No Brasil, são em torno de 670.000 novos casos de sepse anualmente. Em todo o mundo, os casos de sepse ocupam de 25% a 30% de todos os leitos de UTI.

Imagem 3D do equipamento patenteado nos EUA

O custo com internações por sepse em UTIs no Brasil é em torno de R$ 28 bilhões de reais por ano. Em projeto de pesquisa desenvolvido pelo Dr. Napoleão, ele aponta que a utilização da Cama Terapêutica de Imersão a Seco reduziria a mortalidade de 30% a 40% dos pacientes. No Brasil, por exemplo, mais de 100 mil pessoas poderiam ser salvas anualmente.

Além disso, o equipamento poderia reduzir em até quatro dias a internação em UTI, gerando uma economia de R$ 15.520 por paciente, o que corresponde a R$ 10,4 bilhões ao ano.

(Colaborou com esta matéria: Emelly Caroline)

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