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17 de maio de 2024 16:52

Mercado brasileiro se prepara para a chegada das criptoações

Mercado brasileiro se prepara para a chegada das criptoações

Empresas estão tentando criar espécies de 'grupos de acesso' ao mercado financeiro

Por FolhaInvest

O alerta partiu do presidente do maior banco do ocidente, JPMorgan Chase. Em um evento na última quarta-feira (1º), Jamie Dimon fez as contas: em 1996, os EUA tinham milhares de empresas listadas em Bolsa a mais do que atualmente. “Eu estou implorando para vocês pensarem nisso no caminho para casa”, disse o CEO do JPMorgan, para quem o número já deveria ter chegado a 14 mil, mas não é nem metade disso. E o que aconteceu nesse meio de caminho? Essas empresas estão sendo adquiridas por fundos fechados e empresas de private equity, ou seja, de capital fechado. Na visão dele, essa saída do mercado listado se dá por excessos de litígios, de regulamentação, de exposição na imprensa, de exigências de governança…

O encolhimento do mercado acaba, inclusive, por atrapalhar os fundos de pensão, tão importantes para a economia americana, e o amadurecimento do mercado de investidores como um todo, aponta Dimon. O processo foi extremamente barateado com a tecnologia, como o blockchain, para a tokenização de ativos. Ou seja: a transformação de produtos já conhecidos do mercado financeiro (como títulos de dívida ou ações) em ativos digitais que podem ser divididos e negociados. Assim, em vez de abrir suas ações em Bolsa, empresas podem fazer uma espécie de IPO no mercado digital.

Nos chamados sandboxes da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central, ambiente controlado, para acompanhamento dos órgãos reguladores, algumas plataformas já preparam suas operações para emitir tokens para investidores. Um estudo divulgado pela principal entidade do mercado financeiro, Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), no último dia 26, cita que o possível impacto da tokenização é a própria ampliação da liquidez dos mercados (mais gente negociando ativos).

A tecnologia “permite a criação de novos produtos de investimento e o desenvolvimento de mercados para novos ativos, possibilitando a negociação e a comercialização de ativos que possuem mercados pouco líquidos (como frações de energia renovável)”, exemplifica o estudo. O documento cita iniciativas em teste no Brasil, como a Bolsa OTC e a Vórtx QR Tokenizadora, que querem fracionar títulos de dívida, cotas de fundos de investimento e ações, por exemplo, para revender para pequenos investidores. Uma espécie de “mercado de acesso” para empresas menores, como outro projeto que está no forno, a BEE4, que quer vender ações tokenizadas, em um novo modelo de crowdfunding.

Enquanto, por um lado, o CEO do JPMorgan mostra que o investidor tem menos opções na Bolsa do que deveria, por outro, um novo mercado começa a se desenhar, trazendo empresas “do mundo real” para o universo dos tokens, acompanhadas de perto pelas autoridades do mercado financeiro. Abrem-se, assim, janelas de oportunidade para quem busca maiores possibilidades de ganho em troca de maiores riscos. Depois das criptomoedas, o mercado se prepara para as “criptoações”. No Brasil, passamos por uma alta no último ano, na chamada janela de ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) e, atualmente, temos 453 empresas negociando suas ações na Bolsa de Valores. Em 2019 eram 390, mas olhando mais para trás, vemos que, em 1998, eram 599.

E veja que cenário imediato é desanimador para o empreendedor buscar capital na Bolsa e para o investidor apostar em empresas. Estamos combatendo a inflação abafando a economia. A ideia das consecutivas altas de juros passa justamente por frear o crescimento econômico. E a chamada política contracionista está surtindo efeito. O PIB do primeiro trimestre teve avanço de apenas 1%, abaixo das expectativas do mercado.

Enquanto o cenário da Bolsa traz pouca animação para grandes ganhos nos próximos períodos, o mercado brasileiro passa a encarar com mais seriedade opções para quem quer apostar no empreendedorismo e tentar buscar o alto retorno, aceitando riscos mais altos. Agora, empresas estão tentando criar espécies de “grupos de acesso” ao mercado financeiro. A ideia é permitir que companhias que não cumprem todos os requisitos para serem listadas em Bolsa testem suas teses de crescimento no mercado.

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