João Pessoa ficou de fora da euforia das grandes incorporadoras que abriram capital no fim dos anos 2000. Tampouco se tornou cidade-sede da Copa em 2014 — condição que transformou diversas capitais do Nordeste em polos de investimento imobiliário. Mas o aparente sinal de atraso se transformou em vantagem estratégica para a capital da Paraíba.
Fora dos holofotes, o mercado imobiliário da cidade cresceu de forma sustentável: há pouca especulação, e os estoques estão sob controle. Por todo canto, projetos modernos marcam a paisagem, que está livre de espigões na orla — onde a construção desse tipo de empreendimento está proibida pelo plano diretor, o que garante ventilação e vista do mar a todos.
A qualidade de vida tem atraído clientes de outros estados. De acordo com o Censo do IBGE de 2022, a população da capital cresceu 15,3%. “Jampa”, como é conhecida, também virou a queridinha dos nômades digitais, segundo pesquisa da revista digital app.startse.com. O ótimo custo/benefício da moradia e a internet rápida justificam a escolha dessa turma.
Isso tem acelerado a verticalização de bairros como Manaíra, Tambaú e Jardim Oceania. Já o Altiplano, uma porção de terra mais alta dentro do bairro de Cabo Branco, com vista permanente para o mar, concentra os condomínios mais caros.
“É o momento de João Pessoa. A capital tem ótima infraestrutura de serviços, comércio forte e belezas naturais para o turismo, mas ainda guarda um jeito interiorano”, comenta Otto Hofmann, socio-fundador da H-Station.
Após três décadas de atuação como corretora e desenvolvedora de projetos, a empresa fará sua estreia na incorporação e construção ainda neste ano com o empreendimento Alt, que terá 37 apartamentos (um por andar) com áreas de 340 a 800 metros quadrados, e lazer digno de hotel cinco estrelas. A piscina do “garden”, por exemplo, terá raia de 25 metros. O projeto é assinado pela CRN Arquitetura, e o metro quadrado custará R$ 12 mil.
“Lançaremos em agosto e esperamos atrair grandes empresários, médicos e advogados, que formam o público de alto padrão na cidade”, explica Jayme Veríssimo, gestor Comercial da H-Station. O portfólio da companhia inclui o luxuoso NEO, o prédio de escritórios Le Labo, os “pés na areia” Oré e Corales, e o residencial Hortus — com lojas, coworking e uma alameda pública dentro do prédio.
O diálogo dos projetos com a cidade é uma preocupação do mercado. No Mirante Ruy Carneiro, da incorporadora Moura Dubeux, haverá uma rua interna de acesso às lojas no térreo para reduzir o impacto no trânsito local e um jardim de 200 metros de extensão com bancos e escadaria.
“A área, que servirá de amortecimento acústico para o prédio, insere o projeto no bairro e estará disponível às pessoas que circulam pelo local”, explica Homero Moutinho, diretor regional de Incorporação da companhia. Com VGV de R$ 140 milhões, o projeto foi lançado em abril e tem conquistado clientes de Brasília e de outros estados do Nordeste.
REGIÕES EM ALTA
Aos investidores, o especialista em desenvolvimento imobiliário Felipe Londres recomenda atenção ao entorno do Parque da Cidade: um terreno de 250 mil metros quadrados, antes usado pelo aeroclube de João Pessoa, que está sendo transformado em área verde pela prefeitura. “Ao redor, há 19 lotes em negociação com os incorporadores locais, onde deverão surgir lançamentos a partir do ano que vem”, avisa.
Nas praias de Formosa e Camboinha, tradicionais redutos de veraneio a 20 minutos da capital, empreendimentos horizontais de luxo estão entre os mais procurados. Belvedere e Porto Fino, da Construtora Massai, oferecem moradia de luxo à beira-mar. “São como ‘casas suspensas’, com bar, área gourmet, piscina e spa. Tudo pé na areia”, descreve o sócio-diretor Allisson Nunes.