O setor imobiliário, responsável por movimentar cerca de R$ 15 bilhões por ano apenas nas capitais nordestinas, projeta uma expansão nos lançamentos ao longo do segundo semestre. Isso se deve ao arrefecimento da inflação, ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do previsto e aos ajustes no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que servirão como estímulo para impulsionar os negócios.
Segundo o presidente da Moura Dubeux, Diego Villar, este pode ser o maior ano de vendas da companhia. O executivo, que participou recentemente do Fórum ESG em Salvador, está otimista com a melhora da conjuntura econômica do país. Como a maior incorporadora do Nordeste, com diversos imóveis em Salvador, a empresa faz parte do grupo de empresas da região que estão confiantes em um cenário promissor.
Renato Lomonaco, Diretor de Assuntos Econômicos da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras), avalia que a economia está melhorando gradualmente. Ele destaca o aumento das expectativas do mercado imobiliário em relação ao PIB e a redução da inflação. Segundo ele, falta apenas o último gatilho, que é a queda da taxa de juros, prevista para ocorrer em agosto. Esse fator será fundamental para impulsionar o mercado imobiliário de média e alta renda.
A expansão prevista também contempla uma diversificação nos projetos das empresas, que estão crescendo tanto dentro como fora da região Nordeste. A Moura Dubeux, por exemplo, consolidou-se como uma das líderes do mercado nacional, ao lado de empresas paulistas como Even, Eztec, Mitre e Trisul. Com foco em residenciais de alto padrão e apartamentos de veraneio em sete capitais (Recife, Fortaleza, Salvador, Maceió, Natal, João Pessoa e Aracaju), a empresa registrou um aumento de 14% nas vendas líquidas no segundo trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2022, totalizando R$ 351 milhões.
Apesar da redução nos lançamentos nos últimos anos, o mercado imobiliário do Nordeste apresenta oportunidades de negócio devido ao baixo estoque de imóveis residenciais na região. Fábio Tadeu Araújo, presidente da consultoria Brain Inteligência Estratégica, explica que as vendas estão diminuindo não por falta de demanda, mas sim porque os lançamentos também caíram.
Diante dessas oportunidades, empresas como a Moura Dubeux estão arriscando investimentos em novos setores. A incorporadora pernambucana lançou a marca Mood, voltada para o mercado imobiliário de médio padrão, após perceber que clientes com renda de até R$ 12 mil encontravam dificuldades para adquirir apartamentos de valor mais elevado, mas não desejavam unidades do MCMV.
Algumas incorporadoras focam exclusivamente no programa Minha Casa, Minha Vida. Com o recente aumento do teto de preço de imóveis, que passou a ser de até R$ 350 mil em todo o país (antes era inferior a R$ 250 mil no Nordeste), muitos empreendimentos que antes eram financiados fora do MCMV, com juros mais altos, agora se enquadram no programa, com taxas subsidiadas.
A incorporadora Stanza, de Sergipe, está em fase de crescimento e animada com o mercado para o segundo semestre. O presidente da empresa, Luciano Barreto, prevê lançamentos de aproximadamente R$ 250 milhões nesse período, incluindo dois projetos em Aracaju e um em Salvador.
Empresas como o Grupo Marquise, de Fortaleza, não se limitam à região Nordeste e já expandiram suas operações para São Paulo, o maior mercado imobiliário do Brasil. Desde 2021, a empresa abriu sua primeira filial fora do Nordeste na capital paulista, onde já lançou dois empreendimentos que estão em fase de obras. Segundo a diretora de incorporação, Andrea Coelho, São Paulo é uma cidade com um mercado pulsante e cheio de oportunidades.
*Com informações de Alô Alô Bahia