O agronegócio brasileiro segue em plena expansão. Segundo dados do IPC Maps, entre os meses de abril de 2024 e 2025 o país registrou a abertura de 31.959 novas empresas ligadas ao setor de agrobusiness, totalizando 868.870 unidades ativas, um aumento de 3,82%. No Nordeste este crescimento é ainda mais acentuado, a pesquisa aponta para um crescimento de 6,3% no mesmo período. Uma das marcas que explicam a expansão nordestina no agro está relacionada a busca incessante por inovação por parte de produtores e empresários do setor.
Embora o número total de empresas no Brasil tenha crescido, a modalidade de Microempreendedor Individual (MEI) sofreu uma queda no período estudado pelo IPC e vem perdendo espaço no país no setor do agribusiness. No Nordeste, foram 126 empresas desse ramo fechadas entre abril de 2024 e 2025, significando uma diminuição de 1,2%. Marcos Pazzini, coordenador da pesquisa, explica a mudança de perfil observada.
“Até 2024 tínhamos um crescimento de empresas muito maior que o crescimento da economia. Isso era explicado por conta do grande número de MEIs, o que não deixa de ser positivo, mas não gera o número de empregos condizentes com os números. Com a estabilização da economia e aumento de empregos com carteira assinada pelo país, o número de MEI estagnou e deu espaço para outros perfis de empresas”, afirma Pazzini que olhou de maneira positiva para essa mudança que também está ocorrendo na região Nordeste. Para ele, a mudança de MEI para outras modalidades de empresas pode gerar um maior número de empregos, proporcionando uma distribuição de renda mais equitativa entre as famílias.
Se por um lado o número de Microempreendedores Individuais recuou na região, todas as outras modalidades registraram crescimento significativos. Destaque para Empresa de Pequeno Porte (EPP), que teve um aumento de 27,4% no Nordeste, com 509 novas empresas abertas. O segundo maior progresso foi de Microempresa (9,8%); seguido de empresas de demais naturezas (8,6%).
Apesar da queda do número de Microempreendedores Individuais e o avanço de demais modalidades, o Nordeste ainda está distante de mudar o seu perfil no agro. Atualmente o MEI ocupa a maior fatia de empresas de natureza jurídica na região com 37,7%, já nacionalmente este número é de apenas 8,9%. Para Marcos esse número dá margem para o crescimento do agronegócio em outras modalidades na região, com alta capacidade de geração de empregos.
O IPC Maps é um banco de dados secundários, elaborado com base em dados divulgados por instituições oficiais, como IBGE e governo federal, por exemplo. A pesquisa, que tem um viés voltado para o próprio mercado, é especializada em potencial de consumo dos brasileiros e desde 1995 atua com essa coleta de dados.
Inovação
A expansão do Nordeste no agro não é por acaso. Uma das marcas que explicam o crescimento da região está relacionada na busca incessante por inovação por parte de produtores e empresários do setor. Nesse sentido, destaca-se o papel de empresas como a AgroTravel, agência de viagens especializada em realizar intercâmbio de produtores e empresários a fim de buscar mais conhecimento e ter acesso às principais técnicas e tecnologias do mercado.
Em conversa com o Investindo Por Aí, Fábio Torquato, economista, formado em relações internacionais com especialização em agronegócio e fundador da AgroTravel explicou que a empresa oferece viagens técnicas nacionais e internacionais com foco em inovação, sustentabilidade e gestão.
“Visitamos propriedades rurais, cooperativas, agroindústrias, universidades e startups do agro. Participamos dos maiores eventos do setor no mundo. Tudo isso em um ambiente de troca entre produtores, técnicos, empresários e instituições. Mais do que roteiros, entregamos jornadas transformadoras, que geram impacto direto na propriedade e no posicionamento do produtor diante do mercado”, conta Torquatto, que afirma que hoje a empresa atende a produtores de todo país e tem tido um interesse cada vez mais maior de cooperativas, associações e núcleos de inovações.
Ao comentar quais os destinos mais procurados pelos produtores, Fábio comenta que a procura depende muito de acordo com a cultura plantada por cada empresário. Dessa forma, a empresa tem se preocupado em fazer viagens de diferentes setores como fruticultura, cana de açúcar, grãos, pecuária, e cada um com um destino que se adequa mais à realidade de cada um. Porém, de maneira geral, os lugares mais buscados de acordo com a empresa são Estados Unidos, China e Europa por serem referências em tecnologias aplicadas ao campo, sistemas sustentáveis e cadeias organizadas de valor.
Por fim, uma parte dos desafios encontrados para o agronegócio no Nordeste está relacionado ao clima semiárido em alguns lugares da região, que por conta do clima pode sofrer com longos períodos sem chuvas. Ao ser perguntado sobre soluções para esses problemas particulares da região, Fábio destacou que a AgroTravel busca, em suas viagens, soluções adaptadas à realidade do semiárido como manejo da água, aproveitamento de resíduos e tecnologias de baixo custo com alta eficiência.