De 5 a 8 de agosto, Salvador sedia a 11ª edição do NordesteLAB, principal evento de articulação do setor audiovisual nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Com mesas, painéis, rodadas de negócios e atividades formativas, o encontro reforça seu papel na consolidação de uma indústria audiovisual fora do eixo Rio-São Paulo, ao conectar produtoras independentes a grandes players, discutir políticas públicas e incorporar temas estratégicos como inteligência artificial, streaming e telenovelas.
O coordenador-geral do evento, Gabriel Pires, afirma que o NordesteLAB é hoje uma plataforma fundamental para impulsionar projetos, empresas e profissionais dessas regiões, contribuindo para a construção de um audiovisual “de fato nacional”. Além da articulação comercial, é preciso fortalecer as políticas públicas de regionalização e garantir mecanismos de financiamento, como o Programa Nacional de Apoio ao Audiovisual Brasileiro (PNAB) e a Lei Paulo Gustavo. Em nota enviada ao Investindo Por Aí, a organização do evento defende que isso só pode acontecer a partir da articulação entre iniciativa privada, sociedade civil organizada e poder público.
As rodadas de negócios – consideradas o ponto alto da programação – aproximam mais de 30 players, incluindo Amazon, Globoplay, Netflix, HBO Max, Paramount, Canal Brasil e Downtown Filmes, de produtoras locais interessadas em parcerias e financiamento. Para Pires, esse contato direto tem sido determinante para ampliar a presença de obras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste no mercado nacional e internacional.
A programação deste ano reflete mudanças recentes no setor. A inteligência artificial será discutida na mesa “Preparando a Indústria para o Futuro”, mediada por Rubian Melo e com participação de especialistas como Raquel Lemos, André Mielnik e Débora Ivanov, que debaterão o uso dessas ferramentas sem comprometer o mercado local. O streaming, tema recorrente no evento, volta à pauta em diálogos sobre regulação e distribuição. Já as telenovelas serão abordadas na mesa “Telenovelas na Atualidade”, que reúne nomes como Luciano Patrick, Verônica Nunes e Sérgio Mendoza para discutir o impacto do gênero na formação da identidade narrativa brasileira e sua relevância na comunicação de massa.
Ao incorporar essas temáticas, o NordesteLAB busca preparar produtores e roteiristas para um cenário de transformações tecnológicas e de consumo. “Precisamos estar atentos para usar as novas ferramentas e, ao mesmo tempo, criar obras que dialoguem com públicos amplos”, destaca Pires.
Mais do que acompanhar tendências, o evento pretende deixar um legado para o audiovisual brasileiro. Ao oferecer um ambiente de capacitação, articulação e negócios, somado ao estímulo das políticas públicas e ao fortalecimento das redes regionais, o NordesteLAB reafirma seu papel como espaço estratégico para descentralizar a produção e ampliar a representatividade de vozes e narrativas no país.
