Por Victor Ximenes/Livia Carvalho
Para Diário do Nordeste
Mesmo com o recrudescimento da pandemia de Covid-19 no início de 2021, a economia cearense termina o ano com saldo positivo.
Desde abril, quando foi liberada a reabertura das atividades não-essenciais, setores vêm recobrando fôlego e auferindo bons resultados, que reverberam, por exemplo, no crescimento do PIB do Ceará no 3º trimestre, acima da média do Brasil, e nos indicadores de geração de empregos.
Para 2022, as perspectivas de empresários cearenses que representam importantes setores da economia, em linhas gerais, convergem para o otimismo, porém com ressalvas, pois ainda pairam incertezas com a pandemia e as eleições para presidente, governadores, senadores e deputados. Veja abaixo as projeções de empresários ouvidos pelo Diário do Nordeste.
DESAFIOS DA INDÚSTRIA
RICARDO CAVALCANTE
Presidente da Fiec e da Associação Nordeste Forte
Apesar das incertezas provocadas pela pandemia, temos resultados animadores. O PIB cearense acumula crescimento de 8,65% neste ano, comparado a 2020, acima da média nacional (6,4%). O avanço do PIB no Estado foi puxado pela Indústria (22,92%), devendo encerrar 2021 com um crescimento de 6,2%, superior à expectativa de 5% para o Brasil.
As oportunidades de um novo patamar para o Desenvolvimento Industrial Cearense acontecem tanto nos setores tradicionais (Construção Civil, Moda, Calçados, Metalmecânico, entre outros), como em setores inovadores (Energias Renováveis, Economia do Mar e Economia da Saúde).
“Existem diversos desafios que a Indústria Cearense tem superado. Para 2022, é possível elencar a elevação da competitividade, a integração com as cadeias globais de valor e a transformação digital como chaves”.
OLHARES PARA 2022
EMÍLIA BUARQUE
Presidente do Lide Ceará
O Ceará é um oásis no país, mas é difícil nos dissociar do Brasil e do mundo ao fazermos uma análise para 2022.
Se haverá uma nova onda de Covid ou não, de largada já geraria outros contextos. Porém, considerando que sigamos bem e com vacinas atualizadas, pois para bom entendedor já está clara esta necessidade, sobra para a economia o desafio dos ajustes necessários para compensar a crise mundial e nacional que está colocada.
É evidente que o Brasil chegaria bem em 2022, não fosse a pandemia. No entanto, o fato histórico deu margem a deslizes que abalaram os fundamentos. Os Estados Unidos anunciaram uma inflação acumulada de 6,7% e está reduzindo estímulos; soma-se a isto a subida dos juros globais e a crise de oferta de insumos no mundo.
A alta do câmbio no país, além da volatilidade, e as reformas que não saíram, impactam fortemente, mas são a instabilidade política e a insegurança jurídica que nos enfraquecem diante do desafio de atrair investidores ou mesmo evitar embargos e sanções a produtos brasileiros, lembrando que nossa inserção global também depende de discurso e prática em torno das questões ambientais.
“Inflação é inflação, e surpreende ver alguns comemorando inflação de dois dígitos. Inflação amplia a desigualdade e ponto final”. EMÍLIA BUARQUE, presidente do Lide Ceará
Dois quesitos fundamentais para o bom desenrolar de 2022 serão a austeridade do governo na preservação do teto de gastos e um clima menos acirrado de debate eleitoral, o que é dificílimo.
E então chegamos ao Ceará, que segue bem, colhendo os sempre exaltados frutos dos governos anteriores até o do presente, iniciado com a era Tasso, que agora completa 35 anos, neste ciclo que Camilo Santana conclui, e que vem dando notas de estabilidade à nossa economia.
Estabilidade aqui, leia-se como elogio e crítica. Se queremos avançar, que venham as alternativas. Neste caso abro um parêntese para ressaltar o que virá em 10 ou 15 anos, como preveem os especialistas, com o advento do Hidrogênio Verde. Mas precisamos pensar nas outras pautas como turismo, varejo e serviços – essência de nossa economia –, o agro crescendo a olhos vistos, além de buscar incremento da indústria, seja com mais tecnologia ou com a entrada de investimentos externos na renovação do parque ou melhor exploração da ZPE, uma grande oportunidade que o Estado tem.
“Seguimos confiantes na força dos empreendedores, nos líderes que fazem do nosso Ceará um dos raros Estados pouco endividados do país, e na resiliência do povo, a quem, este sim, precisamos apoiar”. EMÍLIA BUARQUE