Por Júlia Lewgoy
Para Valor Investe (São Paulo)
Fique de olho
A temperatura dos riscos fiscal e político baixou um pouquinho nos últimos dois dias, na visão dos investidores, desde que o presidente da Câmara acalmou os ânimos. Porém, preocupações não faltam. Agora, os olhos do mercado financeiro se voltam para a escalada da inflação e da Selic, taxa básica de juros da economia, no Brasil, e para o simpósio de Jackson Hole do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que começou ontem nos Estados Unidos.
O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial medida pelo IPCA, trouxe novas surpresas negativas e fez alguns analistas subiram a estimativa para o índice ontem. O banco JP Morgan, por exemplo, revisou sua projeção de IPCA para 2021 de 7,1% para 7,7%.
A projeção de elevação do preço da energia elétrica por causa da crise hídrica é um dos maiores motivos de tensão. Além de ser risco para a inflação, a crise hídrica é um dos maiores riscos para os investimentos em ações brasileiras, o que não está totalmente incorporado aos preços dos papéis, de acordo com gestores.
A escalada da inflação levou os analistas a aumentarem as expectativas para a Selic, já que subir a taxa é um jeito do Banco Central controlar os preços. A estimativa média para o juro básico em 2022 já é de 8%, segundo um levantamento do Valor com 61 economistas após a divulgação do IPCA-15.
O discurso que importa mesmo para os investidores, de Jerome Powell, presidente da autoridade monetária, acontece hoje.
A expectativa é que, no evento, possa haver alguma sinalização mais clara sobre quando o Fed começará a retirada de estímulos, depois que dados econômicos mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos elevaram a incerteza em torno da política monetária americana.
A aposta dos mercados é que a autoridade monetária continuará em um modo de “esperar para ver” em relação ao aumento nos casos de Covid-19 e à inflação.