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10 de outubro de 2024 13:31

Onshore Week 2023 discutiu as potencialidades do setor de óleo e gás no Nordeste

Onshore Week 2023 discutiu as potencialidades do setor de óleo e gás no Nordeste

Painéis n último dia da Onshore Week reforçam potencial do Nordeste na produção de óleo e gás. Foto: Tallyta Marques

Por Kamilla Abely, Danielle Santoro e Patrícia Gil

O Nordeste está no centro das atenções dos investidores, reguladores e dos agentes públicos envolvidos na indústria de exploração e produção terrestres de petróleo e gás natural (GN). Essa posição estratégica ficou evidente ao longo desta semana, quando Maceió recebeu a Onshore Week 2023.

O evento foi realizado entre terça e quinta-feiras (11 e 13 de abril) para debater as potencialidades do setor, reunindo os principais players desse mercado, além de especialistas em questões espinhosas, como o debate regulatório. Autoridades e empresas de Alagoas, Bahia e Sergipe debateram ontem os impulsos necessários para o segmento como vetor de desenvolvimento regional e como produtor de energia para todo o País.

Revitalização na Bahia

“O auditório lotado nestes três dias demonstram que a indústria de petróleo e gás onshore no Nordeste tem um grande potencial. Nós precisaremos adensar a nossa rede de dutos para que o gás vindo das reservas de Sergipe e Alagoas possa beneficiar, de fato, toda a região, em um processo que eu chamo de reindustrialização”, afirmou ontem o presidente da Companhia Gás da Bahia (Bahiagás), Luiz Gavazza. O executivo representou o governador baiano Jerônimo Rodrigues (PT), que acompanha a comitiva do presidente Lula na China. Ele avalia que a produção onshore na Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte, por investidores privados que adquiriram poços já maduros, representa um processo crescente de revitalização do segmento.

Na Bahia, a a operadora independente PetroReconcavo é fornecedora de GN para a Bahiagás desde 2022.  A empresa opera campos na Bahia (26, ao todo) e no Espírito Santo (32), com recuperação de poços maduros e perfuração de outros. O presidente da companhia, Marcelo Magalhães, reforçou as potencialidades de produção de energia limpa no Nordeste, tanto por meio do GN, como da geração eólica, solar e do hidrogênio verde. Diante das necessidades de ampliação da produção nas reservas, Magalhães chamou a atenção para a necessidade de incentivos a esse mercado. “Se dermos condições para o setor produtivo investir mais, poderemos também aumentar os empregos e a renda, atraindo novamente as indústrias para essas regiões”, destacou. 

Atração de indústrias em SE

O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), ressaltou a preocupação em universalizar os resultados da produção de petróleo e gás no estado. O Polo Carmópolis, vendido pela Petrobras para a Carmo Energy (do Grupo Copra), possui 11 concessões para exploração e produção em bacia terrestre em  diferentes municípios sergipanos. A aquisição concluída em 2022 incluiu o Terminal Aquaviário de Aracaju (Tecarmo) e o Oleoduto Bonsucesso-Atalaia, que escoa a produção de óleo.

“Eu não quero ser frete de gás, eu quero que a indústria venha se instalar em Sergipe”, disse Miditieri ontem, no último dia de debates na OnshoreWeek 2023. A previsão de investimentos pelo Grupo Copra nos  ativos de óleo e gás em Sergipe é de US$ 800 milhões para os próximos dez anos.

Integração energética em Alagoas

Na esteira das projeções de crescimento de quem assumiu antigas operações da Petrobras nos últimos anos, em meio ao plano de desinvestimento da estatal, a Origem Energia já bateu a marca de 1 milhão e 400 mil metros cúbicos de gás por dia em Alagoas. A companhia brasileira adquiriu 5 campos de produção em diferentes municípios do estado, uma rede de 27 quilômetros de duto e a estação de processamento de gás, localizada em Pilar (região metropolitana de Maceió). A proposta agora é tornar Pilar um dos principais centros de distribuição de GN para todo o Nordeste.

Para o cofundador, sócio e diretor técnico da Origem Energia, Nathan Biddle, o potencial do estado alagoano é notório. “Estamos construindo o que podemos chamar de um hub energético, que inclui não somente produção, mas também projetos integrados para a estocagem de gás e a construção de termelétricas. Hoje, temos a oportunidade de ter o gás e também produzir energia por meio dele em Alagoas.”

O presidente do Movimento Alagoas Competitiva (MAC), Alexandre Mendonça, ressaltou a importância desse cenário para o estado. Apesar de ser um das menores unidades federativas do País, ela realçou que Alagoas passa a ganhar relevância também no segmento de petróleo e gás onshore, com potencial de gerar negócios e renda à medida que se ampliam os raios de impacto desse mercado.

Avanços onshore

A realização da Onshore Week 2023 em Maceió pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), com patrocínio master da Origem Energia, reforça a renovação da aposta da indústria de óleo e gás na produção em terra. Especialmente no Nordeste, o preço competitivo do gás e as possibilidades de estocagem do insumo – um negócio cuja regulação ainda é desafiadora – colocam a região em destaque, especialmente entre as empresas que aproveitaram as oportunidades deixadas pela Petrobras.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que também apoiou o evento em Maceió, o onshore brasileiro representa pouco mais de 5% da produção total de óleo e gás no Brasil. Para aumentar esse percentual, os diferentes agentes do setor reforçam a necessidade de investimento em infraestrutura, com ênfase para o escoamento da produção.

Nesse sentido, o foco da discussão liderada pela Origem Energia foi para a estocagem de gás. No seminário em Maceió, a companhia apresentou seu projeto para o armazenamento do insumo para terceiros em campos depletados (considerados exauridos ou sem valor comercial – leia mais sobre o tema no Investindo Por Aí). De acordo com comunicado da Origem, “estocar é uma nova fronteira negocial que a empresa está abrindo em seu portfólio”. A Origem inaugura essa atividade no Brasil, buscando recuperar o atraso do país nesse tipo de negócio, iniciado pelo Canadá há mais de um século.

Participações em painéis

Promovida pela ONIP em Maceió e realizado ao longo de três dias (11 a 13 de abril) no Jatiúca Hotel & Resort, a Onshore Week 2023 contou com debates entre lideranças governamentais, fornecedores, operadores e incentivadores da indústria, entre eles: Origem Energia, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Grupo Cobra, Seacrest, Webnordeste, Perbras, Shell, 3R Petroleum, A|F Consulting Partners, Visagio, ANP, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Alagoas, Petroreconcavo, TAG, Comitê Nacional GNV, Gasbridge Storage, Federações das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e do Rio Grande do Norte (Fiern), Prisma, bancos Santander e Citi, Eletrobras, Braskem, além de representantes dos governos de Alagoas (o governador Paulo Dantas, que participou da abertura do evento), Sergipe (Fábio Mitidieri) e Bahia (Luiz Gavazza, da Bahigás), e do Ministério dos Transportes, representado no encerramento do evento pelo próprio ministro e ex-governador de Alagoas, Renan Filho (MDB).

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